Thiago Paes é empresário, professor e apresentador de TV no canal Travel Box Brazil. Colunista de turismo e gastronomia, dedica-se à valorização dos destinos brasileiros por meio de suas riquezas gastronômicas. Atuou em projetos como Voar Mais Brasil e Supera Turismo, que promovem o turismo nacional com foco nas experiências locais. É formado como Chef Santé pelo Centro Europeu, no qual também é professor do curso de Turismo. Idealizou o programa Agente Influenciador de Viagens e compartilha suas descobertas no Instagram, no perfil @paespelomundo.
Do Museu Salvador Dalí, na Flórida, ao Prêmio Bom Gourmet em Curitiba
12/06/2025 20:43
O Museu Salvador Dalí em St. Petersburg possui o maior acervo de obras do artista fora da Europa. Crédito: Acervo pessoal.
Nada como a arte para inspirar outros artistas — seja por meio das artes visuais ou de receitas que instigam chefs e especialistas a servirem com criatividade. E, de criatividade, o surrealismo de Salvador Dalí é referência. Tema do Prêmio Bom Gourmet, também é um dos maiores atrativos turísticos (e gastronômicos) da cidade de St. Petersburg, na Flórida.
Isso porque é em “St. Pete” que está o maior acervo de obras de Dalí fora da Europa. Um museu que conta a história de um dos maiores artistas do século XX por meio de projeções em 360 graus, com obras que se movimentam graças a um lindíssimo trabalho de edição com inteligência artificial.
No Museu Dalí, há obras originais do artista espanhol que migrou para os Estados Unidos fugindo da Segunda Guerra Mundial, que se intensificava na Europa. Durante os anos em que viveu na América (1940–1948), Dalí se consolidou como uma figura pop e midiática, colaborando com o cinema (como em Spellbound, de Alfred Hitchcock), a moda, a publicidade e até com a Disney. Agora, ele também nos inspira a influenciar os chefs e restaurantes paranaenses que abrilhantam o Prêmio Bom Gourmet, repleto de surrealismo e criatividade.
Dentro do museu na Flórida, o Café Gala vai muito além de uma cafeteria — é uma explosão surreal de dalinismo. Provei três pratos completamente surpreendentes: o homus de cenoura com cenouras marinadas; a pera recheada com queijo regional; e as rodelas de beterraba com queijo cremoso e pistache. Por trás das receitas instigantes, inspiradas nas obras de Dalí, está o chef Chuck Bandel, com passagens por tradicionais e premiados restaurantes, inclusive na Espanha. Autor do livro The Dalí Museum Café Gala Cookbook, em parceria com o diretor do museu, Hank Hine, foi o próprio chef quem sugeriu e preparou nosso menu.
Thiago Paes e o chef do Café Gala do Museu Dalí, Chuck Bandel. Crédito: Acervo pessoal.
Histórias por trás dos pratos
No livro, cada receita vem acompanhada de um backstory — um relato que conecta o prato à cultura culinária regional, à vida do museu ou ao próprio imaginário de Dalí. É um redesenho das obras do artista por meio da comida; uma reverência à criatividade que todo chef possui e concretiza na gastronomia. A gastronomia da arte, do bem servir, do se importar com o futuro da natureza, dos espaços ainda a serem ocupados, dos produtos e produtores que, muitas vezes, não têm oportunidade de entregar o que cultivam.
Todo prato carrega uma história criativa. Ainda que seja aquela mais simples receita feita na cozinha de casa, ela tem suas memórias, sua personalidade, seu acolhimento. Num tom provocador, Dalí dizia que romper com o convencional é fundamental para ser criativo.
O Café Gala traz no menu receitas inspiradas nas obras de Dalí. Crédito: Acervo pessoal.
Essa é a provocação do Prêmio Bom Gourmet! Assim como as obras de Dalí (e sua história), repletas de ousadia e criatividade, inspiram o chef Chuck Bandel em St. Petersburg, que o dalinismo provocativo chegue também ao Paraná — repleto de cores, de sabores, de encontros e de muito regionalismo. Afinal, como disse Dalí sobre uma de suas obras: “Não entendo quando peço uma lagosta grelhada num restaurante e não me servem um telefone cozido.”
Que venham os sabores criativos do sul do Brasil! Bravo, Chuck! Bravo, chefs Bom Gourmet! Bravo!