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Pancetta pururuca, assada na parrilla, apenas com sal e limão, e cortada em pequenos pedaços, para petiscar com prazer.

Anacreon de Téos

Panela do Anacreon

Feu – Fogo e Alma e a boa comida de Adriano Quaranta de volta

26/07/2023 13:41
Recebi um aviso em cima da
hora: “inauguração amanhã do restaurante Feu”. Como assim, amanhã? Sem chance,
nessa agenda sempre cheia de eventos e compromissos. Uma hora dessas dá certo –
pensei.
E deu muito antes do que
poderia supor. Adriano Quaranta à frente do novo empreendimento é o principal
indicativo para chamar a atenção em torno de sabor e qualidade. E foi numa
conversa direta com ele que conseguimos enquadrar dia e horário.
Sou admirador do trabalho dele
desde sempre. Dez anos atrás ele abriu seu pequeno bistrô no Batel e, um
tempinho depois, fui conhecer. Fiquei encantado com a proposta, que
representava a essência de um verdadeiro bistrô (conforme
escrevi na época
). Afinal, de bistrô ele entendia bem, desde que concluiu o
curso Grand Diplôme de Cuisine et de Pâtisserie na escola Le Cordon Bleu de
Paris e trabalhou em estrelados restaurantes da França.
Adriano Quaranta (de branco) e sua brigada de cozinha nos tempos de seu bistrô, dez anos atrás.
Adriano Quaranta (de branco) e sua brigada de cozinha nos tempos de seu bistrô, dez anos atrás.
E o Quaranta Bistrô foi
sucesso, como não poderia deixar de ser. Só não teve continuidade por causa de
um desafio internacional, nos EUA, onde permaneceu por um tempo, retornando
três anos depois para ocupar o mesmo imóvel, agora com o Q Restô/Bar (confira),
uma proposta mais descolada, mais jovem, mas mantendo o alto nível da
gastronomia.
Acompanhei também, anos
depois, a ideia do lançamento de um restaurante focado totalmente para a carne
suína. Com Adriano Quaranta à frente da cozinha, iria se chamar Porco Prime,
com inauguração prevista para março de 2020 (escrevi,
na ocasião
). O que só não se concretizou pelos efeitos danosos que a
pandemia de Covid-19 proporcionou a todos nós. Mas que foi o embrião para o
Quintal do Porco, lançado com muito sucesso.
As boas vindas já na mesa, no tablet, que servirá para os pedidos descomplicados.
As boas vindas já na mesa, no tablet, que servirá para os pedidos descomplicados.
A ideia é que não seja nada complicado.
A ideia é que não seja nada complicado.
Feu, sem pressa
Voltemos aos tempos de agora. Inaugurado
oficialmente no último dia 19, o Feu – Fogo e Alma. Ou simplesmente Feu. E o detalhe
curioso é que a palavra francesa significa fogo, só que a pronúncia é quase um “Fôe”.
Mas, para o restaurante, como a tendência é o cliente pronunciar como está
escrito, vai ser Feu mesmo, como se lê. Semelhante ao que ocorreu com o Coin,
do chef Ivan Lopes. Originalmente seria “coã”, que significa esquina, em
francês. Mas ficou com a pronúncia da moeda eletrônica e tudo bem.
O fogo é realmente a alma do
restaurante. Tanto que o menu se divide nas classificações “na lenha”, “na parrilla”
e “steaks”, em contar as entradas e as pizzas. E a escolha é toda eletrônica. Cada
mesa recebe um tablet que, conforme o nome da reserva, já saúda os clientes na
chegada. A partir dali, é só pesquisar comida e bebida pelo aplicativo, escolhendo,
selecionando e fechando o pedido com um cartão contendo um QR Code. E o retorno
é muito rápido e eficiente.
Adriano Quaranta e sua brigada no Feu: Henrique Barbosa, Willian Olenik e Kenjo Nabil.
Adriano Quaranta e sua brigada no Feu: Henrique Barbosa, Willian Olenik e Kenjo Nabil.
Sem tempo para ir embora, pois
o propósito da casa é fazer com que seus frequentadores fiquem o tempo que
desejarem, pedindo algo aqui, algo ali, deixando o tempo passar, sem pressa. É como
se a mesa fosse deles durante todo o período. E realmente o é.
Adriano Quaranta, além de
responsável por toda a concepção e execução da cozinha, também é sócio do Feu,
juntamente com Thiago Pissaia, Fabio Helm, Willy Vieira Pires Neto e Vinicius
Michalak (também proprietários do Vila Yamon, um bar gastronômico, entre outras
operações, do outro lado da rua).
O espaço interno do Feu é
muito bonito, com jogo de luzes e cores, num ambiente alongado, onde anteriormente
funcionou La Champagneria por uns tempos.
O descolado espaço interno no Feu - onde anteriormente funcionou a La Champagneria.
O descolado espaço interno no Feu - onde anteriormente funcionou a La Champagneria.
Sabores e texturas
Chegamos à mesa indicada e lá
estava meu nome brilhando no tablet, a nos saudar. Astral lá em cima. Uma rápida
preleção e já estávamos prontos para os pedidos. Um vinho primeiro – o sempre delicioso
Sauvignon Blanc da vinícola Morandé –, da bem montada carta da casa, e daí as
entradas. Por sugestão de Quaranta, Pancetta
pururuca
(R$ 35), que é assada na parrilla, apenas com sal e limão e, ao
contrário da maioria que se vê por aí, é mais fina e cortada em pedacinhos que
permitem serem apanhadas com a mão. Junto, acompanha um limão siciliano assado.
Delícia!
Carne cruda, a carne picada em ponta de faca e servida sobre uma fatia de focaccia.
Carne cruda, a carne picada em ponta de faca e servida sobre uma fatia de focaccia.
A Burrata ao pizzaiolo acompanha o chef Adriano Quaranta há um bom tempo.
A Burrata ao pizzaiolo acompanha o chef Adriano Quaranta há um bom tempo.
Também veio a Carne cruda (R$ 52), que é a carne
bovina picada na ponta da faca, temperada e servida sobre fatia de focaccia
assada ali mesmo, no forno à lenha da casa. Daí, garimpando o cardápio, reparei
que havia um prato que já vinha com Quaranta desde os tempos de seu bistrô e
que era delicioso. Não tive dúvidas, peguei o tablet e pedi a Burrata ao pizzaiolo (R$ 45), que é
servida quente, com o molho de tomates da casa e acompanhada de fatias de pão
de fermentação natural. O mesmo molho, aliás, que marca presença no prato Almôndegas e ovos no purgatório (R$ 55),
que são almôndegas e ovos no molho vermelho, assados no forno a lenha,
acompanhados dos mesmos pães de fermentação natural. Só vimos, não pedimos,
ficou para uma próxima.
O que veio, para fechar, foi o
Espeto de camarões Tennessee style
(R$ 145), que contém oito camarões temperados em especiarias, enrolados em
finas tiras de bacon e finalizados com uma manteiga de Bourbon e mel – aliás, o
chef tem uma predileção por Bourbon em alguns dos pratos que faz.
Espeto de camarões ao Tennessee Style - camarões temperados em especiarias, enrolados em finas tiras de bacon e finalizados com uma manteiga de Bourbon e mel .
Espeto de camarões ao Tennessee Style - camarões temperados em especiarias, enrolados em finas tiras de bacon e finalizados com uma manteiga de Bourbon e mel .
O menu ainda apresenta
interessantes opções de steaks (acompanhados de farofa da casa), com cortes
nobres, como ancho, picanha, fraldinha, baby beef e denver, a preços entre R$
95 e R$ 140.
Do mar, ainda tem Camarões rosa (R$ 85), grelhados na parrilla
e servidos no molho bisque feito com a própria casca dos crustáceos; e um
tentador Polvo grelhado à provençal
(R$ 90), acompanhado de molho romesco e pó de basílico – mais um que ficou para
a próxima jornada.
Para finalizar, um drinque
autoral dentre os que o bar oferece, além dos clássicos, que estão todos ali. Na
soma total, R$ 478, com todos os itens (comida, vinho e drinque), o que,
pensando bem, está na boa média para a qualidade oferecida.
O restaurante funciona de
quarta a sexta-feira, das 19h à 1h. Sábado, das 12 à 1h e, domingo, das 12h às
17h. O serviço é oferecido mediante reserva ou por ordem de chegada.
É uma bela experiência, com
boa música ao vivo, ambiente descolado e a Mona Lisa lá na parede, toda
tatuada, no clima da casa. Conforme a proposta, é mesmo de ficar, de pedir mais
dali a pouco e ficar e ficar.
La do alto, na parede, a Mona Lisa tatuada acompanha todo o movimento da casa.
La do alto, na parede, a Mona Lisa tatuada acompanha todo o movimento da casa.
Feu – Fogo e Alma
Rua Itupava, 1377 – Hugo Lange
Reservas neste link
Instagram: @feufogoealma
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