Guilherme Rodrigues

Notas Báquicas

Vinho branco só com peixe? Saiba o que é mito e o que é verdade no universo infinito da bebida

14/06/2024 20:03
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Alguns mitos sobre o vinho são adotados como verdades. Conheça alguns deles. Bigstock

Às vezes, as pessoas são levadas a acreditar em informações sobre vinhos e seu serviço que, mesmo coerentes, não podem ser adotadas como referências absolutas, simplesmente porque, em muitas ocasiões, a prática não as confirma. Vamos a alguns dos mais comuns desses mitos:

Vinho branco com pescados e tintos com carnes

Talvez seja o mais comum na mitologia báquica. É claro que os brancos vão lindamente com pescados e os tintos com carnes. Mas não são excludentes. Um vinho tinto mais leve e frutado casa lindamente com peixes, crustáceos e moluscos. Um polvo guisado por exemplo, com um pouco de tinto no guisado e o resto no copo, à mesa, é uma perfeição. Ostras com tintos leves e frescos, uma delícia. Peixes também. Bacalhau nem se fala. O que fica difícil é um tinto mais pesado e encorpado. Já com carnes de porco e aves, os vinhos brancos, tranquilos ou espumantes, criam excelente harmonia. Mesmo com carnes vermelhas, brancos encorpados, notadamente chardonnays, podem ir muito bem. As alternativas que dão certo são imensas se você não ficar preso à ditadura da mitologia.

Vinho velho é melhor do que novo

Outra falsa verdade, se tomada em absoluto. A maioria dos vinhos sequer é feita para envelhecer. Suportam um tempo de garrafa, cerca de cinco anos. Depois, perdem as qualidades e adiante ficam passados. Mesmo os grandes vinhos de guarda são uma delícia desfrutados jovens, única etapa da evolução em que mostram toda a pujança da fruta fresca, além da vivacidade e força da juventude. Mais adiante fecham, entram na chamada fase “burra” ou “muda”, em que passam muitos anos sem mostrar suas qualidades. Desabrocham somente bem mais adiante, quando mudam completamente a roupagem, com o surgimento dos encantos da maturidade, permanecendo nesse patamar por bom tempo. Depois decaem e morrem. 

Um tipo de copo especial para cada vinho

Um bom copo de vinho, formato universal, nem grande demais e nem pequeno, com bom volume de base e um formato em leve chaminé para cima, serve muito bem para tintos, brancos, rosés e espumantes, especialmente se nos borbulhantes for champagne. Até vinhos fortificados mostram-se muito bem em copos um tanto mais volumosos do que aqueles mais apertados e pequenos que se diz feitos para eles. O vinho precisa de espaço no copo para respirar e exalar suas qualidades. E o copo deve ser alto o suficiente, fechando ligeiramente as bordas na medida que sobe, para conter os aromas e entregá-los em pleno ao olfato de quem bebe. Um copo de formato universal sempre irá fazer muito bem o serviço, seja qual for o vinho.

Gele o vinho branco e sirva o tinto na temperatura ambiente

Não pode haver maior desastre do que servir o vinho fora da faixa de temperatura de serviço. Muito gelados, as qualidades desaparecem e ressalta a acidez e dureza. Só serve para mascarar maus vinhos brancos ou rosés. Um tinto fica arruinado. O contrário, servir vinhos mais quentes, faz com que o álcool predomine aos sentidos e as qualidades do vinho se percam. Cada tipo de vinho tem uma faixa ideal de temperatura, num intervalo de tolerância de uns 3 graus centígrados. Na internet, há inúmeras tabelas de temperaturas de serviço, basta consultar. Mas não gele os vinhos brancos, apenas refresque-os. Nem sirva os tintos na “temperatura ambiente” se o ambiente estiver acima de cerca de 20°C. Estando calor no ambiente, refresque um pouco o tinto na geladeira ou balde de gelo antes de servir.
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