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Não deixe o butiá morrer! Fruta nativa é ideal para molhos agridoces

Juliana Gomes, de Santa Catarina, especial para Bom Gourmet
09/07/2018 20:36
De Santa Catarina – Filés de peixe e camarão são tão frequentes em restaurantes do litoral do Brasil que fica difícil surpreender, certo? Mas há diversas possibilidades de molhos capazes de transformar os temperos e apresentações desses pratos. O butiá, por exemplo, fruta nativa da América do Sul, pode potencializar o sabor de preparações à base de pescados, frutos do mar e suínos.
Tempurá de cardos (planta alimentícia não-convencional) com molho de butiá.
Tempurá de cardos (planta alimentícia não-convencional) com molho de butiá.
De acordo com a chef uruguaia Laura Rosano, especializada em frutos nativos, o sabor cítrico da fruta também a torna uma ótima opção para molhos agridoces, como chutneys, além de sucos, sorvetes e geleias.
Ela é autora do “Livro de receitas de frutos nativos”, que já tem duas edições: a primeira (em espanhol) está disponível na internet para baixar e a segunda apenas nas livrarias de Montevidéu.
No entanto, assim como a pitanga e o bacuri, o pequeno fruto amarelo corre o risco de desaparecer no país. Ao todo, são 17 espécies de butiá existentes em terras brasileiras, sendo que uma delas já é considerada extinta.
Butiá com camarões. Prato da chef uruguaia Laura Rosano.
Butiá com camarões. Prato da chef uruguaia Laura Rosano.
É por isso que o butiá, conhecido ainda como coquinho azedo, foi incluído no projeto Arca do Gosto, do Movimento Slow Food. Há 22 anos, o projeto busca evitar que produtos gastronômicos com potenciais produtivos e comerciais entrem em extinção. No caso dos butiazeiros, que existem de Minas Gerais até o Uruguai, a agropecuária, a monocultura e a urbanização são as principais causas do sumiço da planta.
Filé de peixe com algas e butiá.
Filé de peixe com algas e butiá.
Para evitar o desaparecimento da planta, os integrantes do movimento, como o agricultor agroecológico Antônio Augusto, defendem o uso sustentável dos butiazeiros e sua valorização econômica e social. Nos três estados da região Sul, é possível comprar os coquinhos azedos de pequenos agricultores e cooperativas agroecológicas, além de lojas de produtos coloniais, principalmente aquelas de beira de estrada.
Segundo a cozinheira Laura Rosano, o Uruguai passa pelo mesmo processo que o Brasil. “O mais comum é encontrar licores e geleia. Entre os restaurantes, são poucos os que oferecem o butiá nos pratos do seu menu, mas agora já começam a aparecer algumas opções, principalmente de aperitivos”, revela a chef.
Cordeiro braseado com purê de batata doce e butiá.
Cordeiro braseado com purê de batata doce e butiá.
A fruta também pode ser matéria-prima para diversas bebidas, segundo a cozinheira, que está desenvolvendo uma linha de cervejas artesanais à base de plantas nativas, incluindo o butiá. Entre os drinks, a sugestão de Laura é combinar o ingrediente com cachaça ou vodca. Além da polpa, é possível aproveitar as amêndoas da fruta para fabricação de pães e bolos.
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