2018
A revolução dogueira de Curitiba: o que mudou no tradicional cachorro-quente
Até pouco tempo atrás, o desfecho daquela fome que batia de noitinha era bem previsível: encarar um dogão na rua, de preferência bem recheado com duas vinas, purê de batata, catupiry e batata palha. A figura do carrinho de cachorro-quente, aliás, era quase onipresente. Você saia da faculdade, lá estava ele. Na esquina da balada, sempre tinha um ou dois. Ia deixar o crush em casa e aproveitava o caminho para dar aquela paradinha estratégica, com direito a pisca-alerta ligado e atendimento vip na janela do carro.
Quando o assunto é comida de rua, os carrinhos de cachorro-quente ainda mantém a hegemonia, claro: são mais de 470 barracas regularizadas, segundo dados da prefeitura. Mas os tempos mudaram e surgiram muitas outras opções – como hambúrgueres, batatas fritas no cone e até mesmo fish and chips. E com toda esta concorrência, os dogueiros tiveram que se adaptar.
Alguns optaram por diferenciar seus produtos, caso do Cachorro Loko, um dos finalistas do Sabor Popular do Prêmio Bom Gourmet 2018. “Nós começamos há seis anos, vendendo na rua. Um ano depois fomos para um food truck, bem na época em que este modelo estourou. No começo servíamos também as versões tradicionais, mas com o tempo optamos por ficar apenas com as especiais”, conta Vinicius Tambara.
Atualmente, o Cachorro Loko atende em um lugar fixo, com uma proposta bem diferente da barraquinha de rua. “Temos um ambiente legal, com uma luz baixa, como se fosse um pub”, diz. No cardápio, só ficaram os sanduíches com salsichas artesanais, e os ingredientes seguem a linha gourmet. “O próprio Hot Balboa, finalista do Sabor Popular, tem salsicha 100% bovina recheada com queijo”, orgulha-se.
Entre vinas e salsichas
Nesta revolução dogueira, aliás, muitas vezes a vina sai de cena para dar espaço à salsicha artesanal. “Nós buscamos resgatar os sabores em nossos cachorros-quentes, usando salsichas feitas de forma artesanal. O que vemos é que na busca pelo sabor alguns acabam usando muitos ingredientes, mas nós fazemos o contrário, usamos poucos, mas com sabor original e fiel”, conta Giovanna Colle, sócia do Empório da Vina, que também concorre na categoria cachorro-quente do Sabor Popular com o Wall Street.
Ela, que tem um contêiner em uma vila gastronômica, fala que todo o negócio já nasceu pensado para esta nova fase. “O cardápio inspirado em sabores do mundo, nossa identidade visual, nossa decoração e até as caixinhas dos cachorros foram planejadas para chamar a atenção do consumidor”, justifica Giovanna, que fala que este planejamento foi fundamental para posicionar o Empório entre as dezenas de contêineres da vila e garantir o sucesso com o público.
Heróis da resistência
O mercado de cachorro-quente tem espaço para todos, inclusive para os que se mantêm firmes a algumas tradições, como o Villa Bistrô, também finalista do Sabor Popular. Apesar de atender em um espaço fechado, os sócios ainda mantêm a barraquinha de rua que deu origem ao negócio. “Vemos claramente a diferença de quem pede na rua e quem vem na loja. Na loja, as pessoas vêm mais em grupo, e não têm pressa em comer. Já na rua, geralmente são pessoas sozinhas ou em dupla, que querem ser atendidas o mais rápido possível, estão de passagem”, conta Jaqueline Tonieto. Ela afirma que independentemente do ponto, a qualidade dos ingredientes e do atendimento não muda. “Servimos ao nosso cliente o que gostaríamos de receber”, fala.
Os melhores dogs de Curitiba
Sejam tradicionais ou gourmet, o que importa é que quem ganha com tanta opção é o público. E foi justamente o público o grande responsável por definir os três finalistas da categoria cachorro-quente do Sabor Popular.
O melhor de todos quem pode definir é você e para isso basta votar no site do Prêmio Bom Gourmet. A votação começou no dia 7 e vai até 29 de julho e além do melhor cachorro-quente você pode escolher os melhores em outras cinco categorias: pastel, coxinha, chineque, sonho e carne de onça.
Prêmio Bom Gourmet
O Prêmio Bom Gourmet 2018 da Gazeta do Povo elege os melhores também em outras duas categorias: Chefs 5 Estrelas, que definirá os cinco nomes que se destacam no comando das cozinhas curitibanas, e o Sabor Especial, que contempla 25 especialidades.
Para determinar os vencedores, foram selecionados mais de 170 jurados, representantes das mais variadas áreas da sociedade que, além do hábito de frequentar boas mesas, têm uma relação especial com a gastronomia. O grande número de indicações faz com que o Prêmio se transforme em um grande guia gastronômico, plural e democrático, que realmente traz o que a cidade tem de melhor.