Anacreon de Téos
Panela do Anacreon
Prepare-se. Kazuo Harada inaugura o Emy, em Curitiba, na próxima semana
Nunca escondi minha admiração pela criatividade do chef Kazuo Harada. Desde que o conheci, ainda antes de abrir o restaurante Hai Yo, quando se interessou pelo conceito do programa Horta do Chef, que eu criei e coordenei em algumas das hortas urbanas de Curitiba.
E, como nos aproximamos, passei a frequentar o Hai Yo ainda sem louça oficial, sem decoração nem nada. Apenas para, a convite dele, dar alguns palpites na comida que Harada vinha produzindo. E foram algumas vezes, antes da inauguração, que veio com toda a pompa de um restaurante que chegava para colecionar prêmios (escrevi na ocasião, confira).
Pois, confirmando a expectativa, o chef já foi muito premiado na edição seguinte do Prêmio Bom Gourmet e, menos de um ano depois, em 2019, já entrou para o seleto grupo dos Chefs 5 Estrelas aqui da casa.
Cresceu, houve a tentação de abrir em São Paulo, mas saiu daqui anunciando que voltaria, pois tinha se apaixonado pela cidade. Não pôde ser antes, tamanho o sucesso que teve de administrar com seu Kazuo, já escolhido, com poucos meses de funcionamento, como “a grande novidade da gastronomia paulistana”.
Até que um dia ele me ligou e avisou que estava voltando. Foi uma correria aqui, pois o contato foi num sábado à tarde, pouco antes de colocarem o tapume no espaço do Shopping Pátio Batel, anunciando a casa nova, o Emy, homenagem à filha querida. Escrevi correndo, claro, ansioso para dar tão importante e saborosa informação (veja aqui). Ele estava cumprindo, mesmo, a promessa de retornar à cidade que escolheu como sua.
Inauguração dia 1º
Fiquei acompanhando à
distância a evolução do processo. A ideia inicial de inauguração, em fevereiro,
já tinha sido desprezada, pois, lidar com obras, instalações e acabamento de
cozinha nem sempre bate com os cronogramas.
distância a evolução do processo. A ideia inicial de inauguração, em fevereiro,
já tinha sido desprezada, pois, lidar com obras, instalações e acabamento de
cozinha nem sempre bate com os cronogramas.
Mas agora ficou pronto. Quer dizer,
quase. Ainda não vieram os uniformes do pessoal de cozinha e salão, faltam
alguns detalhes estéticos, mas a cozinha já está em plena produção, para afinar
o menu concebido pelo chef, para pôr tudo em ordem para a inauguração, agora
oficialmente programada para o dia 1º de abril (que está aí, sexta da semana
que vem).
quase. Ainda não vieram os uniformes do pessoal de cozinha e salão, faltam
alguns detalhes estéticos, mas a cozinha já está em plena produção, para afinar
o menu concebido pelo chef, para pôr tudo em ordem para a inauguração, agora
oficialmente programada para o dia 1º de abril (que está aí, sexta da semana
que vem).
E, por isso, ele me chamou. “Venha aqui ver como estão as coisas” – disse, convocando sua cobaia oficial. Eu, honrado, aceitei de pronto. E já tive uma experiência recompensadora. Nem para falar dos frios, sushis, sashimis & Cia. Mas, sim, dos pratos quentes que, entendo, é a principal veia a ser explorada de toda a criatividade do chef.
Ainda nem tem a fachada do
restaurante, no shopping. A entrada está protegida por uma cortina escura. Mas,
lá dentro, atividade plena, de cozinha e salão. E Kazuo Harada não contendo
aquele sorriso escancarado de quem está muito feliz. Imagine nós, então.
restaurante, no shopping. A entrada está protegida por uma cortina escura. Mas,
lá dentro, atividade plena, de cozinha e salão. E Kazuo Harada não contendo
aquele sorriso escancarado de quem está muito feliz. Imagine nós, então.
Reencontrei mais conhecidos. A começar pelo gestor da casa, Leonardo Barsil, que foi o gerente do Pobre Juan, quando inaugurado em Curitiba (curiosamente, é vizinho de parede do Emy). Mais ainda: no balcão, o sushiman Rhuan Coelho, que esteve com o chef no Hai Yo, foi para São Paulo com ele e retornou agora, por um tempo, para a consolidação da implantação da nova casa, para depois retornar à capital paulista.
Outro que está na turma desde o Hai Yo é Pedro Vidal, cozinheiro e surfista dos bons, responsável pela cozinha, pelos pratos quentes. Além de outros dois, já de outras jornadas: Richard e Fábio, que são chefes de fila.
A experiência
A proposta era focar nos pratos quentes, mas Harada resolveu começar, para dar clima, com o lado frio. E vieram, pela ordem, o Sashimi moriwase e o Sushi moriwase (moriwase significa variado), ambos com os toques de requinte inerentes ao perfil do chef.
O primeiro dos pratos quente foi o Shake misoyaki (Japão), o salmão que é curado por um bom tempo no missô e vem acompanhado do próprio missô e de legumes. Desmanchando ao toque do hashi, embora de pele crocante por fora.
O Pad thai (Tailandia) que o seguiu, marcou o visual pelo camarão empinado sobre o macarrão de arroz e as tiras agridoces de cebola, que ganhavam a crocância do amendoim.
Eram pratos que, de uma maneira ou de outra, eu já conhecia. Até que veio o Massaman (Índia), um curry suave, com pedaços de frango, uma pele de frango crocante e cubos de abacaxi selados.
E aí chegou o Bibimbap (Coreia do Sul), que foi o que mais me encantou. É uma espécie de risoto coreano, com alguns pedaços de carne suína e um ovo perfeito (gema mole) por cima, que, na hora de servir, o chef sugere desmanchar e misturar com o restante do prato.
Só que ele foi tão rápido, que nem deu tempo de fotografar antes, ainda com o ovo inteiro. Mas valeu pelo sabor, esse eu recomendo de olhos fechados.
Vai ter sempre uma sobremesa
do dia, que, no caso desta experiência, era uma combinação tailandesa de arroz
doce, creme de coco e sorvete de manga. Conheci esse doce como Kao niaw muun, seria isso o que serviu? Fechou
muito bem a noite.
do dia, que, no caso desta experiência, era uma combinação tailandesa de arroz
doce, creme de coco e sorvete de manga. Conheci esse doce como Kao niaw muun, seria isso o que serviu? Fechou
muito bem a noite.
A fusão de sabores e o passeio por alguns países asiático reforçam o que sempre pensei a respeito da comida de Kazuo Harada. Ele é muito mais do que um ótimo e inspirado sushiman, que surpreende a cada etapa do omakase (o menu confiança) que serve no balcão de sushis.
É preciso provar e prestar atenção nos pratos quentes que ele apresenta, como, além desses que mostrou, aquele que o acompanha onde quer que ele vá: Crispy sichuan confit duck with pancakes, que é uma coxa de pato confitada, crocante por fora, marinada em especiarias e servidas com panquecas chinesas. E que fará parte do cardápio do Emy, evidentemente.
Fica uma bela amostra, portanto, do que virá por aí. Ainda haverá mais experiências, mais testes, mais degustações, mas a linha de sabores já está traçada, mexendo com a ansiedade de tantos, que entraram em contagem regressiva, à espera da inauguração, na semana que vem.
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