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Quibe cru, com especiarias e hortelã, do Al Sababa, com os acompanhamentos tradicionais: coalhada seca, babaganoush e homus.

Anacreon de Téos

Panela do Anacreon

Al Sababa, um cantinho da Síria quase escondido, com sabor de excelência

26/02/2021 14:28
Al Sababa – confesso que nunca
havia ouvido falar, embora o restaurante já exista há cinco anos. E olha que já
estou nesse mundo gastronômico há praticamente 20 anos.
Mas daí o proprietário, Issam
Helou, um sírio legítimo, me explica que, de propósito escolheu uma rua
tranquila para abrir seu restaurante. “Para não dar muito agito” – comenta.
E é isso mesmo. Fica numa
quadra da rua Júlia da Costa, lá no início, São Francisco, onde quase não há
trânsito, não é passagem de carro para lugar nenhum. Estive lá, dia desses, e fiquei
encantado, tanto com o local quanto com a comida que ele faz.
O sírio Issam Helou faz do Al Sababa uma extensão da cozinha familiar que tinha em seu país.
O sírio Issam Helou faz do Al Sababa uma extensão da cozinha familiar que tinha em seu país.
Helou é um cozinheiro
autodidata, que veio embora do Oriente Médio há 30 anos, em busca de uma vida
melhor, mas não quis deixar para trás os verdadeiros sabores de casa.
E é no Al Sababa que ele volta
para Homs, a terceira maior cidade da Síria, proporcionando o mesmo sentimento
aos clientes e amigos que recebe no restaurante tal qual era em casa – e olha
que são muitos, mais amigos do que clientes, que formam um rol seletivo nesses
anos de funcionamento. O próprio nome do restaurante, aliás, remete ao que ele
sente diariamente ao abrir o estabelecimento. Significa: “calor da saudade”.
As paredes têm cores vivas e
há folhagens e quadros (pintados por Helou) espalhados pelas paredes. Aliás,
ele faz questão de receber pessoalmente cada cliente que chega e que precisa
tocar um sino lá na calçada para que o portão seja aberto.
O salão do Al Sababa. Bem colorido, com quadros e folhagens.
O salão do Al Sababa. Bem colorido, com quadros e folhagens.
Sabores da Síria
Para quem imagina ser a
cozinha oriental a mesma em toda parte, a geografia acentua sabores e temperos
diferentes nos pratos. Alguns pouco perceptíveis, outros bem mais proeminentes.
E como Curitiba tem na base da comida árabe basicamente restaurantes da linha
libanesa, as novidades ali proporcionadas são realmente excitantes.
São receitas caseiras,
elaboradas por Helou – que aprendeu ainda adolescente, quando morava com a mãe,
em Homs - e seu sobrinho Rasmi Kai, que compõem um cardápio dividido em opções
de entradas, pratos quentes e frios e sobremesa. Claro que não podem faltar as
tradicionais pastas de coalhada seca, babaganoush (berinjela grelhada com molho
tahine) e homus (grão-de-bico com gergelim e limão), mas com um preparo
totalmente sírio. Estas podem ser pedidas separadamente ou no grande combinado
da casa, que acompanha também o Quibe cru
com especiarias e hortelã
– esta colhida no jardim, onde também há outras
ervas.
Madfoura, a grande esfiha aberta, feita com massa folhada e de sabor exclusivo.
Madfoura, a grande esfiha aberta, feita com massa folhada e de sabor exclusivo.
Mas o que me chamou a atenção –
e aí vem o lado diferente do sabor – foi a Madfoura,
é uma grande esfiha, temperada com especiarias e preparada na hora, em duas
versões: carne bovina moída ou vegetariana, de champignon, com cebola, tomate e
salsinha. E o detalhe principal: feita de massa folhada.
Helou explica que demorou anos
para conseguir a fórmula perfeita para a produção em pequena escala que tem no
restaurante. A massa comum não resistia a conservação por mais tempo e não
havia meios de fazê-la em proporção menor. Daí foi tentando a massa folha em
uma, duas, três camadas, até que chegou ao que oferece hoje: massa deliciosa,
crocante e macia ao mesmo tempo, que derrete na boca.
Entre os quentes, ainda há Sanduíches de Toshka (carne temperada
com especiarias e queijo, enrolada no pão árabe), Sheesh Taouk (espetos de cubos de frango e de tomates-cereja ao
molho do chef, acompanhados de pão sírio), e o Falafel, uma versão vegetariana
do quibe frito, feito de grão-de-bico e servido com tomate, pepino em conserva,
alface e molho de tahine.
Os quibes são recheados de snobar e amêndoas.
Os quibes são recheados de snobar e amêndoas.
Há diferenças também nos
quibes. O de batatas e espinafre é muito bom, mas há outra opção que não
provei, mas que também parece interessante. De amêndoas com snobar (pinólis). Pode
ser pedidos separadamente, mas também são dois bons acompanhamentos para a
porção de Kafta no espeto, grelhada e
temperada, com especiarias e molho da casa
.
Também me rendi ao quibe
grelhado, ou Quibe Michuí, que vem
tostadinho por fora e tem, também, recheio de amêndoas e snobar.
Para quem prefere algo mais
leve, a salada Fatouche leva tomate,
pepino, cebola, rúcula, agrião e hortelã frescos, com torradinhas de pão sírio,
tudo temperado com molho à base de especiarias.
Já para a sobremesa, Issam
Halou serve um folhado de pistache, acompanhado de sorvete de frutas tropicais.
Na seleção de bebidas, o Al
Sababa não serve vinhos, mas os clientes podem levar os seus, sem a cobrança de
rolha.
Há uma seleção de soft drinks,
cervejas, caipirinha de vodca e o Arak, que é o tradicional destilado sírio e
de outros países árabes, feito de uvas (ou tâmaras) e com infusão de anis.
O restaurante está aberto de
terça a sábado, das 17h às 23h, e, aos domingos, das 11h30 às 15h. Atende no
delivery através do aplicativo iFood.
É de voltar sempre, como
aqueles clientes fiéis angariados por esse tempo todo.
A fachada discreta do restaurante Al Sababa, no São Francisco, em Curitiba.
A fachada discreta do restaurante Al Sababa, no São Francisco, em Curitiba.
Observação: com as novas determinações dos decretos estadual e municipal, de 27 de fevereiro a 8 de março estará atendendo somente por delivery, via iFood.
Al Sababa
Alameda Julia da Costa, 234 -
São Francisco
Fone: (41) 3042-0001
Instagram.com/alsababa
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