Alê Mocellim
Bom Churrasco
Wet Aged ou Dry Aged? Conheça os tipos de maturação de carne
Fala meu povo! Resolvi criar essa matéria baseada em uma dúvida que surgiu em uma das minhas aulas. Um aluno indagou sobre as embalagens a vácuo e toda a mística de que elas são velhas ou que passam do prazo de validade. É aí que chegamos nesse assunto, pois eu sempre digo que carne a vácuo, no meu modo de ver, é a melhor carne para ser consumida.
Polêmico, não?
Para quem não sabe, a carne a vácuo nada mais é do que um processo de maturação chamada de Wet Aged ou maturação úmida. Mas antes de falarmos dos 3 tipos de maturação existentes, vamos entender o que é maturação!
Maturação é um processo natural de conservação das carnes, um acontecimento físico-biológico realizado por ações de microrganismos. Essa ação micro-orgânica gera um processo de mudanças graduais e progressivas que alteram características específicas da carne, como texturas, sabores e suculência.
Tipos de maturação de carne
A primeira maturação acontece logo após o abate do animal e, é chamada de maturação sanitária. Aqui, a carcaça é devidamente acomodada sem nenhum tipo de embalagem em uma grande câmara fria por pelo menos 24 horas a uma temperatura de 2,1ºC a 5ºC. Isso acontece para garantir a não proliferação de microrganismos.
Outro detalhe é sobre o Ph da carne. No abatimento do animal é extraído 99,99% do sangue, o que faz com que o fígado produza mais ácido lático e, consequentemente, o Ph da carne diminui, deixando o seu nível de acidez maior. Essa reação química ajuda também a não proliferar os microrganismos, visto que a grande maioria não sobrevive em meio ácido.
Esse processo é uma condição sanitária exigida pelo comércio exterior e legislação brasileira, ou seja, nenhuma carne é exportada se não estiver dentro dessa regulamentação. Essa exigência garante a qualidade e a sanidade da carcaça.
A segunda maturação é a úmida, chamada de Wet Aged. Nesse processo, a carne é embalada a vácuo e dela é extraído 99,99% do oxigênio. É também mantida em conservação a uma temperatura acima do ponto de congelamento, de 0ºC a 4ºC, ao longo de 14 a 21 dias.
A extração do vácuo faz com que haja um processo enzimático dentro da carne, diminuindo os níveis da mioglobina e aumentando o níveis de ferro. Isso faz com que quebre as fibras musculares, aumentando a maciez, o sabor e a suculência da carne.
Outra situação que a embalagem a vácuo ajuda é na prevenção de contaminação, pois sabemos que a grande maioria de vírus e micróbios estão no ar. Ou seja, a partir do momento que a carne é privada do oxigênio, ela não terá mais contato com esses microrganismos. Outro detalhe é que se evita também a manipulação em excesso com a mão do ser humano, já que após ser embalada a vácuo, a carne só passará a ter um novo contato com as mãos do homem quando for extraída e mandada para churrasqueira.
Concluindo, a embalagem a vácuo ou a maturação úmida quando é feita corretamente, bem embalada e acondicionada, vai garantir maior preservação e aumento das suas características de qualidade.
A terceira e última maturação é o Dry Aged ou maturação a seco. Esse processo é mais longo e mais complicado de realizar, pois necessita de controle rígido de temperatura, ventilação e umidade — feito por meio de máquinas dentro de uma geladeira com controle de abertura. Esse controle é realizado por pelo menos 30 dias e, quanto mais tempo a carne estiver exposta, maior é sua transformação, dando uma maior maciez e acentuação dos sabores. Nesse caso, quanto maior o tempo de maturação, maior o gosto peculiar na carne.