Restaurantes
Conheça o PF mais tradicional do Centro de Florianópolis
Encravado no centro histórico de Florianópolis, no próprio prédio da Catedral Metropolitana, está o bistrô Sorrentino, sucesso há quase três décadas pela estreita ligação com as personalidades da cidade e pelo tempero certeiro do chef Nivaldinho Machado, de 50 anos.
O lugar é pequeno e as 40 lugares são disputados pelos clientes. No interior tem quatro mesinhas de madeira apoiadas sobre azulejos em mandala, além de quatro mesas individuais engenhosamente armadas sobre a escada e um balcão com cinco lugares. Na rua, há outras quatro mesas de ferro.
O Sorrentino é uma espécie de centro político. Ali se encontram as atuais gestões da prefeitura, do governo do Estado, da Assembleia e da Câmara dos Vereadores, assim como representantes das administrações anteriores – esquerda, direito, centro -, e do clero, da justiça, além de professores, jornalistas, artistas, alguns estudantes e turistas. “Aqui celebramos a democracia”, diz Nivaldinho.
Tradicionais em Florianópolis, os pratos feitos do bistrô não seguem o padrão nacional – a dupla arroz e feijão, ovo frito, carne, batata frita, alface e tomate. O cardápio, que não muda há 12 anos, foi pensado para aliar o preço justo ao sabor da boa comida caseira. Segunda-feira é dia de estrogonofe de carne, terça de nhoque com carne assada de panela, quarta da mini feijoada, quinta estrogonofe de frango e na sexta é servido o carro-chefe da casa, risoto de siri.
A carne de siri é comprada no Mercado Público, que fica a 500 metros do Sorrentino. Para os outros pratos o chef também seleciona produtos frescos e locais. A meia-porção, que é a mais pedida, tem 300g e custa R$17. A inteira, com meio quilo, custa R$32.
À tarde, o Sorrentino também é bastante frequentado. São clientes a procura dos cafés moídos na hora, espresso (R$ 4) ou a media (com leite R$ 6) e dos consagrados quitutes. A especialidade do bistrô é o quibe, casquinha torrada e recheio suculento com carne, pimenta síria, cebola e hortelã (R$ 7). Os pedidos são tantos que Nivaldinho até os vende congelados – a unidade custa R$ 4. Também faz sucesso a empadinha de camarão, bem temperada e molhadinha (R$ 7). Os doces oferecidos são pastéis de Belém (R$ 5), e tortinhas de chocolate, limão ou banana (R$ 7).
As bebidas geladas mais pedidas são os refrigerantes Pureza e Laranjinha Água da Serra (R$ 3), com 200 ml. Sucos feitos na hora tem o de limão e o de laranja (R$ 6 ).
Time e história
É fácil observar que não há excessos no Sorrentino. É um local clássico, onde a ausência de mudanças agrada proprietário e fregueses. Na cozinha, ao lado de Nivaldinho está há 21 anos, Luiz Carlos dos Santos, de 40 anos, que divide a responsabilidade pela qualidade dos pratos.
Na copa, o garçom Vinicius Ribeiro Pereira, 24 anos, trabalha há seis anos substituindo seu pai, que foi funcionário do restaurante por mais de uma década. Luiz e Vinicius não faltaram nesses anos sequer um dia de trabalho e mantém uma relação evidentemente afetuosa com o empregador e com os clientes – quase todos conhecidos pelo nome e sobrenome. Ambos funcionários passaram pela orientação de Ana Nery Vieira, mãe de Nivaldinho e a grande responsável pelo sucesso do bistrô.
Excelente cozinheira, Ana foi incentivada pelo segundo marido, o alemão Ugo Dicklhuber, a abrir um restaurante. Inaugurou em 1982 o Reçaka, um ponto de encontro que ficou marcado na história da capital catarinense.
Ilustra a importância do lugar, a exposição de charges de Bonson, conhecido artista plástico da Ilha, que faleceu em 2005. “No final dos anos 80, ele fez uma exposição com 200 caricaturas de políticos. Começava com os de extrema esquerda e ia até chegar aos de extrema direita. Na primeira manhã vendeu todos os quadros”, contou Nivaldinho.
O restaurante também incentivava a arte. Artistas de teatro comiam lá de graça. Pelo Reçaka passaram Paulo Autran, Bibi Ferreira, Fernanda Montenegro. Nivaldinho trabalhou no Reçaka desde o começo, passou por todos os cargos, se profissionalizou ao estudar administração na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e gastronomia em cursos que fez no Brasil e na Argentina.
Com a separação de Ana e Ugo, ele e a mãe decidiram abrir um lugar menor, que diminuísse o tempo de trabalho e aumentasse a qualidade de vida. Surgiu o Sorrentino em 1991, o mais tradicional PF de Florianópolis – que abre às 8h30 e fecha na última badalada do sino da Catedral. Religiosamente às 19h.
Serviço: Sorrentino, Rua Padre Miguelinho, 55 – Centro, Florianópolis – SC
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