Restaurantes
A gorjeta vai realmente para o garçom? Um selo agora vai garantir que sim
Quem nunca se fez essa pergunta: será que a gorjeta que deixei no restaurante vai mesmo para o bolso dos funcionários? A dúvida é legítima, já que, segundo Fabio Aguayo, presidente da Associação de Bares e Restaurantes de Curitiba (Abrabar), muitos empresários não repassam o dinheiro para seus trabalhadores.
Para tentar resolver esse antigo problema, a Abrabar e o sindicato dos Trabalhadores do setor da gastronomia assinaram nesta terça (31) o acordo que cria em Curitiba o selo Gorjeta Legal, que chancela os estabelecimentos autorizados a cobrar a taxa de serviço. “A peça vai identificar os estabelecimentos que têm compromisso na destinação correta do benefício, doado pelo cliente na intenção de melhorar a renda dos colaboradores”, explica Aguayo. O aviso será exposto na entrada e nos caixas de bares, restaurantes e casa noturnas.
Segundo Aguayo, o selo é uma garantia para clientes, empregadores e trabalhadores. O cliente tem a certeza da destinação do dinheiro, o funcionário recebe regularmente a gorjeta e o empregador trabalha na legalidade. Para que o sistema funcione, as entidades do setor e o Ministério Público do Trabalho poderão fiscalizar os estabelecimentos para checar se os repasses são feitos de forma correta.
“As empresas que cobram ou queiram cobrar a referida taxa devem assinar o acordo com o sindicato laboral e com o sindicato patronal”, explica Luis Alberto dos Santos, presidente do sindicato dos trabalhadores. Ou seja, quem não aderir ao acordo, não poderá cobrar a taxa de serviço.
As entidades calculam que cerca de oito mil empresas devem assinar o acordo nos próximos meses, ou seja cerca da metade dos 16 mil estabelecimentos de Curitiba. Os primeiros selos devem começar a aparecer em bares, restaurantes, hotéis e casas noturnas nas próximas semanas.
Como funciona a gorjeta
Em 2017, a taxa de serviço passou a ser opcional e facultativa. Desde então muitos estabelecimentos continuam cobrando o chamado 10%, mas muitos outros deixaram de receber por causa da dificuldade de repasse e dos custos dos encargos trabalhistas; outros empresários começaram a aplicar um regime de comissão de venda para os funcionários. O selo não vai regulamentar a chamada gorjeta espontânea, a que o cliente deixa direto na mão do garçom.