Restaurantes
Padaria de Floripa só contrata mulheres; na cozinha são 9 padeiras e confeiteiras
Padaria é coisa de homem? Na Pão à Mão não. Hoje 15 mulheres compõem a equipe, entre elas, seis padeiras e três confeiteiras, e mostram que para fazer pão é preciso muito mais que carregar sacos de farinha. É necessário ter resistência, técnica e precisão.
Julia Arruda de Macedo, 24 anos, abriu a fábrica artesanal de pães no final de 2016, na avenida Madre Benvenuta, num dos bairros nobres de Florianópolis, a Santa Mônica, e faz bastante sucesso. Diariamente são vendidos cem quilos de pães, nas sextas-feiras o consumo dobra.
O ambiente é moderno e minimalista. Numa das paredes há diversas pinturas de artistas brasileiras. Os clientes podem apreciar os quitutes ali mesmo acompanhados de um cafezinho ou levar para casa. O atendimento é self service.
Os alimentos são produzidos com ingredientes frescos e naturais e não passam mais de nove horas disponíveis. Os que sobram são distribuídos entre a equipe ao final de cada dia. Os pães são feitos de farinha orgânica de fabricante do Paraná, triturada em moinho de pedra, e levain (levedura viva que produz a fermentação natural). “Aqui não entram conservantes, edulcorantes, aromatizantes artificiais e nenhum outro químico disfarçado de alimento”, disse.
Apaixonada pelo universo da panificação, Julia se formou em Administração, em 2015, e transformou um cômodo vazio da sua casa em fábrica de pães e criou um clube de clientes por assinatura. “Foi um período bem legal, eu fazia tudo. Preparava os pães, divulgada nas redes sociais o clube e entregava”, contou.
O sucesso do clube permitiu que ela abrisse a fábrica, na época, com três funcionárias. Hoje 15 mulheres.
Os pães de fermentação natural seguem a filosofia do slow food e são tendências nas melhores padarias do mundo. Com aspecto rústico, são mais saborosos, têm a casca mais grossa e são mais saudáveis, ricos em fibras, carboidratos complexos e vitaminas B, além de ter menos glúten que os industrializados.
O pão mais querido pelas profissionais se chama, justamente, Pão das Padeiras. “É o que mais dá trabalho, o mais demorado e o que exige mais técnica, são quatro dias de fermentação”, explicou Julia.
Outro sucesso é o Pão de Vinho e Gorgonzola, que sai toda a sexta-feira, é o mais caro, custa R$ 42 kg. E o Pão de Nozes, oferecido diariamente, R$ 36 kg.
Os preços dos pães variam entre R$25 e R$ 42 kg. Tem pão 100% de farinha integral, bem fofinho, centeio com girassol e farinha integral, sarraceno, ciabatta, baguettes, banettes, multigrãos, italiano. O pão de queijo artesanal é feito com polvilho e queijo de Minas, R$ 50 kg. Para quem deseja algo doce os cookie (R$ 2, 50 cada), brownie (R$ 5 cada) e muffins (R$ 4,5) são deliciosos.
Um diferencial da Pão à Mão é acompanhar o trabalho da fábrica, separada da loja apenas por vidro. “Nós gostamos dessa troca, as famílias percebem que os produtos estão indo para as suas mesas depois da gente ter batido, modelado, assado. Participamos da vida cotidiana dos nossos clientes com muito afeto, e eles participam da nossa, podem ver como a gente passa o dia. Estamos sempre rindo, brincando umas com as outras”, disse Julia.
O ambiente moderno e descontraído na arquitetura, tem a mesma essência na rotina produtiva. A equipe é liberada para comer quantos quitutes quiser, não é preciso se acanhar. Na loja há uma geladeira com geleias e pastas elaboradas pelas funcionárias para aumento da receita e toda vez que algum cliente pergunta sobre a mulherada à frente e atrás do balcão, Julia faz questão de explicar. “Somos feministas”.
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