Restaurantes
Incerteza econômica não freia investimentos
Diante de um cenário econômico ainda incerto e com o recente anúncio de fechamento de restaurantes em Curitiba, os empresários do segmento gastronômico se dividem quanto às expectativas para 2015. É certo que os investimentos não vão parar, já que muitos restaurateurs abriram novas casas recentemente com vistas a se consolidar no próximo ano, enquanto outros anunciaram novidades. Mas o discurso da cautela e necessidade de ajustes é quase um mantra entre eles.
“Estamos otimistas, mas com receio. Precisamos das reformas tributária e trabalhista que hoje são os principais pontos de estrangulamento do segmento”, afirma Marcelo Wollner Pereira, sócio-proprietário do Grupo Babilônia e presidente do Conselho Estadual da Abrasel. Em novembro, Pereira inaugurou uma segunda unidade do Mediterrâneo com a expectativa de consolidá-la no próximo ano. A casa fica no Shopping Crystal, que recebeu no mesmo mês franquias da sorveteria ColdStone e da sanduicheria Sr. Garibaldi.
Perto dali, outro empreendimento deve movimentar a gastronomia curitibana, sobretudo nos primeiros meses de 2015: o Hard Rock Café, anunciado para dezembro.
O Corrientes 348 engrossa o coro dos otimistas. A casa especializada em carnes argentinas registrou um crescimento de 25-30% em relação a 2013. “Provavelmente jogou a nosso favor o efeito novidade, mesmo assim nosso mark up [margem de lucro] se reduziu”, faz a ressalva Bruno Guimarães Villela, um dos sócios do estabelecimento. “Nossa previsão é manter o mesmo crescimento para o ano que vem, no mínimo em 20%”. O empresário está trabalhando também para abrir uma sanduicheria em 2015. A nova casa, cujo conceito ainda está em fase de estudo, vai inaugurar no casarão onde funcionava o John Bull, na Comendador Araújo, no Batel.
Empresário arrojado, Junior Durski vai entrar com tudo em 2015, apesar dos sinais de crise. Após fechar 2014 com 14 novas unidades do Madero (ao todo a rede conta hoje com 48 estabelecimentos), outros 35 estão por vir no ano que vem. “Esse foi um dos anos mais difíceis da minha vida, mas ao mesmo tempo de maior crescimento”. Entre as novidades para 2015, o Madero vai desembarcar em Miami e Sidney. “Temos que otimizar tudo, trabalhar mais e com um pessoal mais motivado, atender mais gente com menos pessoas. Num período de crise, enquanto alguns choram, outros vendem lenços”, resume.
Sinal de alerta
No lado oposto dos otimistas, há empresários prevendo dificuldades em 2015, com possibilidade de preços mais caros nos restaurantes e novos fechamentos.
Por causa de inflação, alta de impostos sobre alimentos e vinhos, e aumento dos custos da mão de obra, os preços devem subir nos próximos meses, de acordo com Marcos Muller, proprietário do premiado restaurante Zea Maïs. “Sou dono de um restaurante e sei que é caro comer fora hoje em dia, porém ‘esse caro’ não cobre nossos custos. Infelizmente a rentabilidade caiu e em 2015 com certeza vai ser ainda pior”, resume.
Num cenário instável, muitos empresários devem segurar as pontas. “O ano de 2013 foi melhor que esse ano quando o ganho foi muito maior”, diz Marcus Biazzetto, chef e proprietário do Ristorante Salumeria. “Em 2015, quem não conseguir reduzir os custos e encontrar fornecedores mais baratos, vai sofrer bastante”, avalia.
Relembre o que abriu e o que fechou em 2014:
O ano de 2014 vai encerrar com a abertura de diversos restaurantes de cozinhas variadas. O Hoshi Japanese Restaurant é um dos mais recentes, inaugurou no começo de novembro no Água Verde. No Batel, a premiada chef Manu Buffara abriu o MB Brasserie, casa mais informal que seu primeiro restaurante (o Manu).
No Bigorrilho, o Maccheroni Frutti di Mare trouxe mais uma opção de cozinha inspirada nos frutos do mar; enquanto no Alto da XV, o Clube do Malte abriu sua segunda unidade, com o conceito de petiscos e cervejas especiais.
Várias hamburguerias, como a Cidadão do Mundo e a Fábrica Hamburgueria, espalharam pela cidade formas de preparo deste sanduíche, um dos preferidos do Curitibano.
O La Varenne, do premiado chef Ivo Lopes, inaugurou em janeiro no Shopping Pátio Batel e já é destacado como uma das grandes casas de Curitiba. Já no Park Shopping Barigui foram inauguradas novas unidades do tradicional Barolo Trattoria e a da churrascaria Badida, especializada em carnes nobres. Mais recentemente, o Crystal entrou na briga com a nova unidade do Mediterrâneo.
Porém, o ano foi marcado também pelo fechamento de casas tradicionais. O respeitado restaurante Durski, um dos mais premiados da cidade, encerrou suas atividades. No entanto, sua estrutura, incluindo a incrível adega, deverá ser utilizada pelo Madero Prime, em uma novo grande projeto de Junior Durski.
No último sábado (22), o restaurante Edvino, outro endereço respeitado de Curitiba, encerrou uma trajetória de sucesso iniciada em outubro de 2007.
Nessa semana, a Aldeia do Beto (antigo Beto Batata do Alto da XV) anunciou que vai encerrar atividades em abril de 2015, quando a casa será demolida para a construção de um empreendimento imobiliário. Perto dali, o Carmina fechará as portas para se transformar em um espaço de eventos.
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