Restaurantes
Melhor restaurante do mundo reabrirá em curto período
O projeto ElBulli 1846, do mais celebrado chef do mundo, o espanhol Ferran Adrià, deverá ser inaugurado no início de 2016 e terá um investimento de nove milhões de euros (quase R$ 30 milhões). A estrutura será instalada no mesmo entorno de Cala Montjoi, onde ficava o melhor restaurante do mundo, se tornando um centro de criação gastronômica, aberto para jantares somente por 20 dias ao ano.
Ferran Adrià, idealizador do projeto junto com seu sócio Juli Soler, divulgou na última semana a iniciativa em Barcelona e explicou que este novo espaço “foi concebido como centro de pesquisa em gastronomia de vanguarda, de promoção da cultura gastronômica e de formação de alto nível”.
A criação ElBulli 1846 terá uma área expositiva de mais de 4.300 metros quadrados, a maior parte subterrânea, e um campus com escritórios e residência. O nome do centro, que será um dos vértices da ElBulli Foundation, remete ao número de pratos criados pelo ElBulli e à data de nascimento do famoso cozinheiro e escritor culinário Auguste Escoffier.
Além do investimento, Juli Soler e Ferran Adrià farão uma doação ao governo regional catalão dos terrenos e edifícios do novo espaço.
O projeto, que abrigará também o laboratório ElBulli DNA, fez com que o governo catalão elaborasse um anteprojeto de lei, que incorporará o escopo arquitetônico e declarará toda a estrutura de interesse público, uma iniciativa que, segundo Adrià, foi explicada a todos os grupos políticos do parlamento e que deve “ser aprovada por um amplo consenso” em julho.
A aprovação do parlamento equivalerá à licença para iniciar as obras em setembro. A previsão é que terminem em março de 2016, informou hoje um responsável do governo regional.
Funcionamento
O projeto ElBulli DNA terá uma equipe criativa de 30 a 40 pessoas, profissionais da gastronomia e de diversas disciplinas, que explorarão e experimentarão durante oito meses por ano a eficiência e a criatividade, utilizando a cozinha como linguagem.
Esta mesma equipe será a responsável por oferecer por 20 dias durante um mês ao ano — setembro ou julho — jantares no ElBulli Restaurant, em que metade das mesas serão gratuitas e escolhidas por sorteio e a outra metade pagas normalmente para garantir a arrecadação de fundos para perpetuar a missão da fundação.
Através do leilão da adega do restaurante e de outras ações, a fundação tem atualmente em caixa seis milhões de euros (cerca de R$ 18 milhões), mas “o objetivo é chegar aos 100 milhões, para garantir a continuidade do centro daqui a 50, 100 ou 300 anos”.
Sem ser um museu tradicional, o ElBulli 1846 será também um centro de exposições que abrigará 40 mil documentos e objetos do mítico restaurante, com uma abordagem museográfica que recorrerá às mais modernas tecnologias, graças ao parceiro tecnológico, a Telefônica.
O projeto arquitetônico, obra da oficina de Enric Ruiz-Geli, prevê a reforma e reabilitação do antigo restaurante, e a construção da nova estrutura, onde ficarão o laboratório criativo elBulliDNA e os espaços turísticos do elBulli 1846.
Grande parte das novas instalações, comentou o arquiteto, serão subterrâneas para não alterar a paisagem do Parque Natural de Cap de Creus, e integradas ao ambiente externo por um sistema de muros de pedra seca.
A Casa Marketta, que leva o nome da fundadora de elBulli , também será revitalizada e se tornará campus-residência da equipe criativa.
Para Adrià, “a capacidade de atração do turismo mundial de qualidade contribuirá para o desenvolvimento econômico e social da região, ao mesmo tempo em que permitirá dinamizar o Parque Natural de Cap de Creus”.