“Foi uma decisão muito mais estratégica do que emocional”

O fechamento do Restaurante Zea Maïs anunciado oficialmente nesta quinta-feira (17) pelo empresário e sócio da casa Marcos Mueller é uma decisão tomada com antecedência e que envolve vários fatores pessoais e profissionais. Entre eles, claro, a crise econômica do país. “O Brasil está passando por um momento horrível, mas estamos fechando no azul e isso significa que temos um modelo de gestão que funcionou”. O Zea Maïs fica aberto até o dia (26), três dias antes de completar 12 anos.

E é esse modelo que o empresário quer levar para outros restaurantes de Curitiba, não como uma consultoria, mas com uma parceria já firmada com o também empresário Raphael Zanetti, dos restaurantes Terra Madre, C´La Vie e Olivença. Para Marcos Mueller, a experiência com o Zea Maïs, fundado por ele pelo chef Celso Freire e pela chef Joy Perine em 2004 pode ser replicada com sucesso em outros locais.

“Nós estamos encerrando um ciclo. Analisamos a relação risco e oportunidade e para nós os riscos eram mais altos. Foi uma visão muito mais estratégica do que emocional para tomar essa decisão”, conta. Além de assumir a gestão dos restaurantes de Zanetti,  o empresário também vai investir em ramos fora da gastronomia.

“Se formos fazer alguma despedida vai ser no estilo funeral americano, com muita bebida, comida e música. Não estamos apagando a luz e indo embora, estamos apenas encerrando um ciclo e isso é motivo de comemoração”, diz, otimista, o empresário.

Antes de pensar em novos projetos e tomar qualquer decisão sobre o futuro, após o fechamento do restaurante Zea Maïs, a chef responsável pelo cardápio da casa, Joy Perine, quer parar para pensar sobre o novo cenário da gastronomia em Curitiba. Um cenário, diga-se, nada promissor. “Não dá mais para levar as coisas em banho-maria. A situação financeira impactou e fez com que tomássemos a decisão de fechar”, conta.

A equipe do restaurante já tinha sido reduzida e contava com apenas três pessoas na cozinha e outros sete funcionários em outras atividades. Todos já foram notificados do fechamento, conforme a legislação trabalhista. “Somos uma família aqui, o Marcos [Mueller] conhece bastante gente e está ajudando a reposicionar o pessoal em outros trabalhos”, conta Joy.

Ela, no entanto, ainda não sabe o que vai fazer após o fechamento do restaurante. “Dia 28 eu viajo e fico um período de férias. Ainda preciso pensar sobre o que fazer. O momento em que o Brasil passa não permite a inovação que fizemos há 12 anos”, lamenta.

Já Celso Freire, responsável pela abertura do restaurante, deixou a sociedade há dois anos. “É sempre triste quando isso acontece, mas é o momento que o mercado está vivendo. O Zea não é o primeiro e com certeza não será o último”, diz.

O restaurante Zea Maïs funcionava anexo ao hotel Sant Juan Johnscher, um prédio histórico na Rua Barão do Rio Branco. A arquitetura moderna, a valorização da música, com espaço para DJ no centro do salão e a culinária contemporânea, no entanto, contrastavam com o espaço e fez do restaurante referência em boa gastronomia na última década.

O restaurante fica na Rua Barão do rio Branco, 354, Centro —  (41) 3232-3988.