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Restaurantes

Tudo no fogo. Chefs preparam receitas típicas de seus países na Serra Gaúcha

Por Anderson Hartmann, especial para a Gazeta do Povo
21/01/2020 18:58
De São Francisco de Paula, na Serra Gaúcha – Calor, chamas, labaredas, incandescência. Muito possivelmente o fogo tenha sido uma das primeiras energias naturais utilizadas pelo homem – especialmente no preparo de alimentos e pratos. E as formas de elaboração são diversas: cozinhar, assar, sapecar, desidratar, defumar. Inspirado em um movimento purista que busca valorizar a ancestralidade, tudo aquilo que é essencial e nos remete a memórias afetivas do passado, o chef gaúcho Marcos Livi idealizou uma das etapas do evento Foggo 2020, reunindo no último fim de semana, no Parador Hampel, na Serra Gaúcha, renomados chefs brasileiros e internacionais para preparar pratos típicos. Tudo no fogo, claro.
“Para gente construir uma história nova de fogo, tem que olhar para trás. O fogo está no mundo desde os primórdios e a gente quer trazer as maneiras mais inusitadas das pessoas cozinharem a ferro e fogo como o chef russo que está entre os 50 melhores do mundo, que saiu da técnica e estrutura de sua cozinha para vir cozinhar no meio do mato aqui em São Francisco de Paula”, afirma Livi.
Nas estações montadas em meio à estonteante natureza do local, a possibilidade de apreciar diferentes aromas, texturas e sabores, além de admirar e até mesmo conversar com os famosos chefs Jimmy Ogro (Brasil); Tekuna Gachechiladze (Georgia); Maksut Askar (Turquia); Igor Grishechkin (Rússia); Jean-Christophe Burlaud (Brasil), Mads Refslund (Dinamarca), Lucas Corazza (Brasil), Paolo Lavezzini (Brasil) Francesco Gasbarro (Itália), além do anfitrião do evento Marcos Livi. Mais de 300 pessoas puderam provar as delícias feitas pelos chefs.
A brasileira Roberta Sudbrack foi uma das chefs convidadas e reforça a importância de se engajar em projetos carregados de essência e sentido: “Fogo é tudo, é a alma do alimento. A gente finalmente está vivendo um momento da gastronomia que enxergou que o futuro está lá atrás; a gente caminhou rápido demais e percebeu que precisa dar uns passos para trás e voltar para a essência. Fogo é essência e estar aqui neste clima, confraternizando não só com o público, mas com amigos e colegas daqui e de outros países é sensacional, muito emocionante”, garante Roberta.
Do típico churrasco gaúcho feito na vala preparado em meio ao “Carrossel A Ferro e Fogo” a pernas de rã, pesto PANC, legumes orgânicos e caviar de traíra defumada; de costela de cordeiro temperada com alho preto e laranja, servido com vegetais da estação a ostras, zabaione de uva gaúcha e cebola fresca.
Fogo queima, arde, aquece nossas vidas. E como não poderia ser diferente, para que a experiência sensorial fosse completa, o confeiteiro Lucas Corazza foi o encarregado de preparar a alquimia da sobremesa que apresentou diferentes texturas. Mas, afinal que características e sabores o fogo pode agregar a uma sobremesa?
“O fogo deu a origem de toda a caramelização que a gente tem, tudo que vai caramelizar, que vai acontecer a Reação de Maillard na superfície, que vai dar cor, ficar dourado, trazer crocância, tem origem no fogo. E na confeitaria a gente transforma qualquer textura, você pode pegar qualquer fruta, transformar em purê, construir uma mousse, fazer uma bala, um caramelo, uma geleia, e tudo isso é o calor. A diferença aqui no evento é trabalhar com a brasa e as dificuldades aumentam porque a forma de controlar o calor ao ar livre é muito mutante.
Para a confeitaria é um pesadelo, mas é um desafio divertido. Por isso que eu decidi oferecer uma sobremesa com leveza, indulgência, para fechar o evento com alegria, unindo diferentes sabores e texturas ao sabor cítrico, a um contraste de temperatura, e juntando alguma coisa fresca com algo quente”, brinca Corazza.
Segunda vez no Brasil e primeira no Sul do país, o chef turco Maksut Askar está impressionado com as belezas naturais e riqueza da gastronomia brasileira. E afirma que o fogo faz parte da nossa história e sempre estará na moda: “Ao longo de milhares de anos a gente sempre encontrou uma forma de usar o fogo no preparo de alimentos e essa técnica primitiva sempre será tendência. Eu não acredito que a gente vá conseguir fazer churrasco de forma industrial”, garante.
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Da Serra Gaúcha para a maior cidade de língua portuguesa do mundo, Foggo 2020 terá duas noites de evento em São Paulo: a primeira noite (23) em um jantar magno a 12 mãos e em 10 tempos. Seis chefs – entre eles a paranaense Manu Buffara, à frente do Manu (na lista dos 50 Melhores da América Latina), além dos chefs que cozinharam no Rio Grande do Sul. Os ingressos custam R$ 420 e dão direito à harmonização de vinhos. A segunda noite (25) será encabeçada por chefs e refugiados de países como Síria, Venezuela e Bolívia. Ao todo serão oito estações de comidas típicas a fim de valorizar a fusão das culturas ao redor do mundo. A entrada é gratuita e os pratos vão custar entre R$ 20 e R$ 25.
Serviço
23 de janeiro
Hands dinner
A partir das 20h
Endereço: Restaurante Brique / Rua Doutor Fonseca Brasil, 107, Vila Andrade / SP
25 de janeiro
Foggo no Mercado de Pinheiros
A partir das 19h
Endereço: Rua Pedro Cristi, 89, Pinheiros / SP
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