Restaurantes
Conheça as esquinas boêmias mais promissoras de Curitiba em 2019
Não é preciso andar muito por Curitiba para perceber que as pessoas voltaram a frequentar os bares de rua como há muito não se via, um movimento que se intensificou há cerca de quatro anos em regiões como as das ruas Trajano Reis e São Francisco. Por todos os cantos da cidade começaram a surgir bares especializados principalmente em chopes artesanais e hambúrgueres, um casamento perfeito e sem prazo para terminar.
“As pessoas querem mais comodidade e agilidade no serviço, e é exatamente o que estes novos bares oferecem. Não precisa nem de garçom, nem acertar a conta depois. Pede no caixa, paga na hora, pega a senha e retira, simples e rápido”, explica Fábio Aguayo, presidente da Associação de Bares e Casas Noturnas (Abrabar). Para ele é um movimento que cresceu principalmente com a crise econômica brasileira, a necessidade de cortar custos e diminuir o preço da comida.
O próprio cenário de demissões e desemprego impulsionou esse mercado, em que as pessoas viram na gastronomia a saída “mais prática e fácil de voltar a trabalhar”. A pedido do Bom Gourmet, Aguayo destacou quatro regiões da cidade (Centro, Bigorrilho, Mercês e Novo Mundo) que estão começando a desenvolver polos boêmios, com uma boa perspectiva para 2019.
Outras regiões da cidade também se destacam como novos polos boêmios, entre elas a Alameda Júlia da Costa na altura do bairro São Francisco; a Rua Desembargador Hugo Simas, no Bom Retiro; e a Rua Prudente de Moraes com a Dr. Carlos de Carvalho, no Centro. Em todas elas a fórmula é bem parecida, com o misto de chope artesanal e hambúrguer puxando o movimento.
Centro
A região central de Curitiba deve ser a “menina dos olhos” da boemia em 2019, com as pessoas voltando a ocupar as ruas por iniciativa própria. Fábio Aguayo conta que o centro está “sendo reoxigenado por esses empreendimentos de jovens com uma visão mais ampliada do mercado”, principalmente no trecho entre as praças Santos Andrade e Osório.
Um dos que viu potencial ali foi o empresário Lucas Cintra, sócio dos bares Pizza e Ostra Bêbada. Ele diz que sempre foi um entusiasta do Centro, e apostou na volta região como um polo boêmio. “Não tinha nada quando abrimos, e as pessoas começaram a frequentar, gostaram do que estávamos fazendo, e hoje está assim, crescendo cada vez mais”, conta.
Foi vendo o movimento aumentar na esquina da Ermelino de Leão com a Cândido Lopes que o empresário Carlos Truccolo resolveu abrir o Gilda Bar, na metade do ano passado. Ele já imaginava uma retomada da vida noturna da região, mas esperou para ver o que ia acontecer. “As pessoas estão redescobrindo o centro em formatos mais atrativos e modernos, com comidas mais interessantes”, explica.
A região teve ainda a reforma do tradicional Lanches Itália após 50 anos de funcionamento. “Dar vida ao centro é uma forma de valorizarmos as nossas tradições”, completa o presidente da Abrabar.
Mercês
Não muito longe dali, os amigos Mario Henrique Ferrari e André Smanhotto apostaram que a Avenida Manoel Ribas poderia ter um movimento um pouco diferente das outras esquinas boêmias de Curitiba, e abriram o Flame entre o final de 2017 e o começo de 2018. De um lado surgiu o Mr. Hoppy, do outro lado do Flame vai abrir um bar com uma proposta mais brasileira. Do lado de lá da via o Beer Club & Friends serve chopes artesanais, e há ainda os alternativos VU e Bar do Simão, que ganharam um ‘retrofit’ no ano passado. Há ainda o Choripan na quadra de baixo, que abriu em 2013 e começou a puxar o movimento do bairro.
Fábio Aguayo aponta essa região como um polo mais diversificado e alternativo, com opções para diferentes tipos de públicos. Mario conta que o Flame atinge uma faixa etária mais alta, ligada à cena cultural e longe dos bares grandes do Batel ou da Rua Itupava. “Acreditamos que isso aqui vai ter ainda mais movimento, esse trecho da Avenida Manoel Ribas está crescendo”, conta André Smanhotto.
Há também a preocupação com a segurança e a mistura nada saudável de beber e dirigir. Marcio Mathias, do Beer Club & Friends, acredita que as pessoas estão preferindo ir a locais mais próximos de casa. “E isso está provocado uma onda de migração dos bares e restaurantes para fora da região central. A escolha de bairros predominantemente residenciais, como o Mercês, tem sido nosso foco de expansão”, completa também apostando na região.
Bigorrilho
Se um ano atrás alguém falasse ao empresário Eliseu Fernandes de Lara que a esquina da Alameda Princesa Izabel com a Rua Jerônimo Durski teria um futuro boêmio, ele talvez não acreditasse. Em 2011 ele abriu uma distribuidora de vinhos que quase fechou as portas no começo do ano passado, por causa da crise econômica. “Foi por pouco, mas tomei um fôlego e continuei”, conta lembrando do que o fez se dar mais uma chance.
Ao lado da loja há um açougue aberto desde 1992 que começou a vender espetinhos assados há alguns anos. Sandro Rogério da Luz, sócio do local, conta que as pessoas foram chegando aos poucos e atraindo novos negócios. “Há dois anos veio o rapaz do chope [da Maniacs Beer Station], dei a ideia de uma pizzaria para o Eliseu, e hoje tem até fila de espera para quando as outras lojas do conjunto comercial desocuparem”, explica.
Ao lado da loja há um açougue aberto desde 1992 que começou a vender espetinhos assados há alguns anos. Sandro Rogério da Luz, sócio do local, conta que as pessoas foram chegando aos poucos e atraindo novos negócios. “Há dois anos veio o rapaz do chope [da Maniacs Beer Station], dei a ideia de uma pizzaria para o Eliseu, e hoje tem até fila de espera para quando as outras lojas do conjunto comercial desocuparem”, explica.
O movimento maior é nas noites de quinta e sexta-feira, quando a larga calçada fica lotada de gente consumindo espetinhos, hambúrgueres, pizzas, frutos do mar, chopes artesanais e vinhos, também seguindo na linha de ficar mais perto de casa.
Novo Mundo
A grande distância das regiões que ostentam bares descolados da cidade é o que o empresário Almir José Heusy Filho vê como motivo para que a região da Avenida Brasília se desenvolvesse como um polo boêmio entre os bairros Novo Mundo, Capão Raso e Xaxim. Há 7 anos ele abriu um bar de espetinhos e viu outros surgirem, atraindo os moradores próximos. O gasto com uma corrida de táxi ou de aplicativo até o Centro ou o Batel custa dois ou três chopes, e se for de carro há o risco de cair em uma blitz. “As pessoas não podem mais gastar tanto, ainda mais quem mora por aqui”, explica.
Próximo ao estabelecimento dele já abriu um bar de narguilés (Mr. Smoke Hookak Lounge), duas hamburguerias (Stop Beer & Burger e Cazuza’s) e a petiscaria BemBom. Já no vizinho Xaxim, o Mr. Hoppy inaugurou uma unidade na Rua Francisco Derosso, no mês passado, e a Santa Villa começa a funcionar em janeiro com 13 operações no formato de vila gastronômica. “É a questão da comodidade, de não precisar ir longe para se divertir”, completa Fábio Aguayo, da Abrabar.