Restaurantes
Delfino 146, um bar secreto de drinks em Florianópolis
FLORIANÓPOLIS – Quem passa não pensa que a centenária casa branca, com ares de casa de vó, na esquina da Luis Delfino com a Alves de Britto, acoberta um segredo. Sua fachada imaculada e sua geografia são perfeitas para mascarar o que acontece ali. Na calma e residencial região do Centro do Florianópolis, esconde-se um speakeasy.
Sim, um bar oculto – como aqueles frequentados por Al Capone, comuns nos Estados Unidos das décadas de 20 e 30, quando a Lei Seca, que proibia a comercialização de bebidas alcoólicas, vigorava e os gangsters eram reis em Nova Iorque e Chicago.

Ao entrarem no Delfino146 os clientes encontram uma cafeteria com livros e poltronas aconchegantes, mas sem cara de bar ou qualquer identificação da existência de algum. A entrada é por uma passagem secreta por detrás do balcão de café. Do outro lado da passagem, há diversos ambientes, que chamam atenção pelas inovações arquitetônicas, mas é no porão que a noite acontece.
O reduto boêmio é pouco iluminado, a única conexão com a rua são as gateiras. O protagonista é um piano Yamaha de longa cauda negra. Nele debruçam-se músicos de tango e jazz. Para ter acesso aos espetáculos não basta chegar. As cadeiras são marcadas. Os ingressos, que esgotam depressa, são vendidos antecipadamente no site e variam de R$ 25 a R$ 60.
Ao invés de senha para acessar o porão, há uma lista, controlada por um dos três sócios do Delfino 146, os arquitetos Carlos Lopes e Abreu Jr. e o advogado Tiago Rodrigues.
A mise-en-scène importa tanto quanto o conteúdo do copo. O speakeasy oferece alta coquetelaria. Drinks clássicos como Dry Martini (R$ 28), Old Fashioned (R$ 24), Cosmopolitan (R$28) e Moscou Mule (R$ 32).
O cardápio, que muda em alguns eventos, não fica por menos e é assinado pela chef Luciane Daux. A entrada queridinha da casa é a Bruschetta Delfino, fatia levemente torrada de pão italiano, gorgonzola, figo, nozes, mel e presunto parma (R$ 28).
Entre os pratos principais, destaque para lombo de bacalhau grelhado servido com pesto de pistache, lâminas de alho e risoto de beterraba (R$ 78), streak tartare com carne crua picada na ponta da faca e temperada, acompanhada de mostarda Dijon e batatas rústicas (R$ 48) e arroz cozido com lascas de carne de pato refogada, temperada com especiarias, laranja e linguiça (R$ 58).
Para quem gosta de saladas há a Polvo alla Prezzemolata, a carne é cozida e fatiada, marinada no limão siciliano, azeite e oliva e salsinha, acompanhada de salada verde mesclum e pães (R$ 54).
Entre as sobremesas, aquela que enche os olhos é o fondant de chocolate, feito com chocolate belga, sobre base crocante de biscoito de chocolate, acompanha frutas vermelhas em calda (R$28).
O speakeasy, que tem esse nome pela exigência dos clientes falarem baixo e discretamente nos anos da Lei Seca, funciona às quintas, sextas e sábados.
Para os sócios, trazer pessoas e arte a antiga propriedade é reavivar sua alma. O casario pertenceu a um farmacêutico do grupo Hoepcke. Na década de 30, suas filhas que estudavam no Rio de Janeiro organizavam um sarau de piano quando visitavam a família. A casa branca com jeito de avó guarda muitas memórias.
LEIA TAMBÉM: