Restaurantes
Restaurante copia pratos de grandes chefs
Cópia? Sim, mas nem tanto. No In Situ, restaurante americano inaugurado há dois meses em São Francisco, nos Estados Unidos, o cardápio é um compilado das maiores criações de chefs renomados do mundo todo.
Na lista estão cópias de pratos desde o italiano Massimo Bottura ao dinamarquês René Redzepi, passando por nomes como o peruano Virgilio Martinez e até Rodrigo Oliveira, do brasileiro Mocotó. A localização do restaurante não poderia ser mais conveniente: o MOMA, o museu de arte moderna e contemporânea da cidade norte-americana.
Para os clientes, é uma experiência duplamente vantajosa, já que o menu dá a possibilidade de degustar pratos internacionais de chefs célebres sem precisar viajar quilômetros e, ainda, economizar: os pratos têm preços que variam de U$ 6 a U$ 38, bem mais em conta do que os originais.
Por trás do projeto inovador está Corey Lee, chef e proprietário do Benu, restaurante com três estrelas Michelin, que também fica em São Francisco. O In Situ é o resultado de uma viagem longa de Lee pelo mundo, cujas paradas renderam o aprendizado meticuloso da preparação de cada prato presente no menu, na companhia de seus respectivos criadores, é claro. Nenhuma receita disponível no restaurante é de autoria de Lee.
Assim, o menu dos sonhos nasceu, dividido em duas seções: “Lounge”, com petiscos, entradas e alguns doces, e “Dining Room”, que agrupa os pratos principais e sobremesas. No primeiro, é possível saborear o sanduíche de alface do restaurante dinamarquês Relae ou o frango com manteiga e sal rosa do inglês The Clove Club.
Já na outra seção do cardápio, estão disponíveis o polvo com algas do Central, no Peru; a criação à base de iogurte de leite de ovelha e folhas de alazão, de René Redzepi, do Noma; e a sobremesa de torta de limão, de Massimo Bottura, do italiano Osteria Francescana, o Melhor Restaurante do Mundo em 2016.
Tem ainda uma carta de drinks, que inclui espumantes, saquês, vinhos brancos e tintos, cervejas, coquetéis e destilados. O cardápio do restaurante é ilustrado com o desenho de um mapa, que indica a origem dos pratos.
Do status de comida para obra de arte
“In Situ”, em latim, significa algo delimitado, definido com precisão. O curioso é que é justamente o oposto do que acontece no restaurante americano. No menu composto por especialidades oriundas de treze países diferentes, os pratos tornam-se desterritorializados e perdem a conotação geográfica. São apenas palavras impressas no papel. Não se trata mais de uma comida típica, e sim de uma obra de arte moderna.
Obviamente, um processo complexo. E logo de imediato vem a dúvida: como reproduzir um prato típico, de uma localidade específica, em outro país, onde se dispõe de ingredientes distintos? O questionamento abrange, por exemplo, a criação de Esben Holmboe Bang, do restaurante norueguês Maaemo: um sorvete com manteiga salgada, ingrediente advindo especificamente das autênticas vacas da Noruega.
Em entrevista à imprensa americana, Lee responde: “Óbvio, não será a mesma coisa. Mas o prato ainda remete às influências da preparação original. E isso é o que importa: compreender a intenção, a essência de um prato”, diz. “Nós não estamos propondo uma simples experiência gastronômica, mas esperamos, pelo contrário, oferecer uma experiência cultural dentro do MOMA”, completa o chef, que, ao evitar a originalidade, acabou por criar o restaurante mais original do país.
Assista ao vídeo de divulgação do In Situ e conheça um pouco mais sobre o restaurante: