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Restaurantes

Com fornecedores investigados, churrascarias de Curitiba não temem pela qualidade da carne

Flávia Schiochet
20/03/2017 21:35
Com a deflagração da operação Carne Fraca pela Polícia Federal na sexta, 17, muitas pessoas têm questionado churrascarias e restaurantes, cujo carro-chefe é carne, sobre a origem e qualidade do produto servido. Os proprietários de estabelecimentos em Curitiba ouvidos pelo Bom Gourmet são unânimes ao dizer que se sentem tranquilos em relação às carnes servidas mesmo que trabalhem com marcas investigadas pela PF. Além disso, disseram que estão abertos a sanar as dúvidas dos clientes a partir de visitas à câmara fria, mostrar laudos e notas fiscais dos produtos comprados. Nenhum deles mudou de fornecedor recentemente ou teve qualquer problema de qualidade com as carnes recebidas ao longo dos anos.
Na KF Grill, churrascaria de um grupo que tem um açougue de mesmo nome, a carcaça do animal vem direto do pecuarista, porcionado no açougue antes de seguir para o restaurante. Nas churrascarias Badida, Devon’s e Outback, parte das carnes vêm dos frigoríficos JBS e BRFoods, mas as casas asseguram que todos os produtos, de qualquer fornecedor que seja, passam por controle de higiene e segurança de alimentos, sendo inspecionados individualmente antes de serem acondicionados.
Proprietários das churrascarias garantem que o movimento seguiu normal desde sexta (17) e que nunca tiveram problema com nenhum de seus fornecedores, inclusive com o que recebem da JBS. “Depois dessa operação, acho até que pode aumentar o movimento, porque nossos clientes acreditam no que a gente serve”, diz Joel Troib, proprietário do Badida. “Não se troca de fornecedor toda hora. Temos um trabalho sólido de 20 anos, nunca tivemos problemas com ninguém nem com a JBS”, afirma Fernando Acaruccio, proprietário do Saanga Grill.
“Nossa câmara fria está aberta para visita e mostramos o laudo, a nota fiscal da carne, o armazenamento. Estamos inseridos no Programa Alimento Seguro da Vigilância Sanitária. O cliente tem que ter cuidado com o lugar que ele vai comer: ou se consegue preço mais barato ou a qualidade”, explica Augusto Santos, proprietário da Devon’s.  
Badida
Foto: Fernando Zequinão / Gazeta do Povo.
Foto: Fernando Zequinão / Gazeta do Povo.
O proprietário Joel Troib disse que 90% das carnes servidas é da Marfrig e uma parcela menor, da JBS. Tudo vem embalado a vácuo e com data de validade. “Se estamos abertos há 33 anos é porque cuidamos da qualidade. O fornecimento melhorou muito de lá pra cá e quando o cliente pergunta, mostro que a carne está embalada a vácuo, que tem data de validade”, disse. O ticket médio do restaurante fica entre R$ 100 e R$ 120 por pessoa.
Saanga Grill
O proprietário Fernando Acaruccio declarou que 80% das carnes servidas são do Uruguai e Argentina e o restante é da Marfrig e de frigoríficos pequenos do interior do Paraná. Todos os produtos vêm embalados a vácuo e muitos fornecedores entregam os cortes já porcionados. A fraldinha na parrilla é o carro-chefe da casa. A peça pesa 800 g e temperada apenas com sal grosso (R$ 113,90, serve até duas pessoas).
Chorizo do Saanga. Foto Divulgação.
Chorizo do Saanga. Foto Divulgação.
“Não se muda toda hora de fornecedor. Temos 20 anos de mercado, nossa base de fornecedores é sólida e temos 100% de confiança porque nunca tivemos problemas sanitários nem algo do tipo”, declarou Fernando. “O maior problema mostrado na operação são as carnes processadas, de merenda escolar, buffet, cozinha industrial, esses pratos prontos como almôndega, salsicha”, exemplificou.
Devon’s
Augusto Santos, proprietário da Devon’s, considera a operação Carne Fraca “uma bomba atômica que caiu no mercado”. Há 40 anos trabalhando com carnes, a Devon’s serve à la carte há 28 anos e há três trabalha com a raça Black Angus. “A nutricionista não recebe se não estiver dentro dos parâmetros, na temperatura entre 0 a -2 graus C, embaladas a vacuo e dentro da validade”, declarou. As carnes servidas na churrascaria são do frigorífico VPJ, de Pirassununga (SP), Marfrig e a linha Swift Black da JBS, que trabalha com Angus, e também com a Cooperaliança, de Guarapuava (PR). O assado de tira (400 g) na churrascaria sai R$ 65,90 e serve uma pessoa.
Cortar a carne em pedaços antes de assar, acelera o processo de cocção. Foto: Fernando Zequinão/Gazeta do Povo.
Cortar a carne em pedaços antes de assar, acelera o processo de cocção. Foto: Fernando Zequinão/Gazeta do Povo.
“Precisa haver maior fiscalização em outros lugares, como praça de alimentação e food truck, como estão acondicionadas as carnes. Há clientes apreensivos. Temos nossa câmara fria para visita, mostramos o laudo e a nota fiscal da carne”.
Bull Prime
A maior parte das carnes servidas vem da Cooperaliança, de Guarapuava, no Paraná. “São animais rastreados desde a origem, a fazenda, produtor, idade de abate, peso e raça”, detalha Marcos Canan, proprietário da Bull Prime.
Foto: Fernando Zequinão/Gazeta do Povo
Foto: Fernando Zequinão/Gazeta do Povo
Outros cortes vêm dos frigoríficos Marfrig e Olhos d’Água, de São Paulo, que fornece Wagyu. “Não tem mágica: como você pode pagar R$ 30 em uma picanha? Produto de qualidade tem valor agregado”, diz Marcos. A casa serve pratos com cortes premium como t-bone na manteiga com ervas e batata rústica (R$ 119, serve até duas pessoas).
Outback
Costelinha ao molho barbecue do Outback. Foto: Divulgação
Costelinha ao molho barbecue do Outback. Foto: Divulgação
A rede de restaurantes enviou uma nota oficial:
“Os steaks da marca Outback Steakhouse são fornecidos pela Marfrig e, como uma grande rede nacional e líder no segmento de casual dining, temos outros fornecedores que garantem o abastecimento do restaurante, entre eles estão a BRF, JBS e Aurora. Vale ressaltar que o Outback possui rígidos processos de controle de higiene e segurança de alimentos. A companhia realiza uma forte auditoria no recebimento, armazenamento e manipulação dos produtos que chegam aos restaurantes. Cada unidade possui uma equipe técnica treinada para avaliação diária e controle de qualidade, conforme especificações próprias desenvolvidas internacionalmente pelo grupo. Além disso, a marca é auditada frequentemente por entidades externas e regulamentadoras que monitoram o cumprimento dos padrões exigidos no País. Todos esses procedimentos garantem a excelência da operação no Brasil.”
KF Grill
Com açougue próprio, a churrascaria KF Grill trabalha com animais direto do produtor. Recebem a carcaça e porcionam para vender tanto no açougue quanto na churrascaria.
O double steak é a junção de dois t-bones e é ideal para fazer na grelha. Esse foi preparado por Edson Barros de Souza, proprietário da KF Grill. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
O double steak é a junção de dois t-bones e é ideal para fazer na grelha. Esse foi preparado por Edson Barros de Souza, proprietário da KF Grill. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
“A grande preocupação é em produtos embutidos ou ultraprocessados. Todos os que vendemos são feitos na própria casa, então asseguramos a qualidade”, explicou Edson de Souza, proprietário do grupo. O rodízio custa R$ 78 por pessoa e inclui as carnes, buffet de saladas, massas e sushi.
Fogo Forte
A assessoria da churrascaria declarou não querer revelar o nome dos fornecedores, mas que a inspeção das caixas de carne é feita individualmente, devolvendo as peças que não estão de acordo com o padrão de qualidade da casa. Também garantiram não trabalhar com carne congelada e que os proprietários estão sempre presentes durante o serviço e podem responder às dúvidas dos clientes. A casa trabalha no sistema de rodízio e cobra R$ 86,90 por pessoa, que inclui as carnes, mesa de antepasto e risotos e acompanhamentos servidos à mesa.
Madero
Por meio da assessoria, a rede Madero declarou que a carne bovina vem da Marfrig e a de frango, da Cooperativa Lar. “Todos os supervisores e gestores receberam nossa nota de esclarecimento para que repassem às equipes e deixem à disposição em todos os restaurantes  do país. Eles já possuem todas as informações necessárias para deixar nossos clientes tranquilos e seguros”, diz a rede. “Educadamente vamos informar que o Madero foi quem colaborou com a Polícia Federal para acabar com a quadrilha. Caso o cliente tenha interesse, vamos entregar uma cópia da nota oficial do Madero para que eles possam entender ainda mais a seriedade da nossa empresa e comprometimento com o país. Informar que não temos nenhum vínculo com as empresas citadas na operação. Todos os nossos produtos são provenientes da fábrica Madero e não trabalhamos com produtos das empresas mencionadas. Possuímos um rigoroso controle de qualidade para levar o melhor produto à mesa dos nossos clientes.”

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