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Método pét-nat resgata raízes e a forma artesanal de produzir espumantes
O nome pét-nat é uma abreviatura de pétillant naturel (do francês, “efervescente natural”, em tradução livre). E, seja pelo sabor leve, seja pela produção natural, sem adição de químicos e com o uso de uvas orgânicas, a verdade é que o método vem conquistando não só os amantes de vinhos, mas, também, um público que não é habituado ao consumo da bebida.
“Abra a sua mente para uma nova experiência.” É com essa frase que Bruno Faccin, produtor de pét-nat e proprietário da Vinícola Faccin, no Rio Grande do Sul, inicia as degustações para quem ainda não conhece o produto. Isso porque o modo mais conhecido (champenoise) e o ancestral (pét-nat) produzem vinhos com características muito diferentes e é preciso acostumar o paladar.
Apesar das diferenças, o pét-nat vem conquistando os brasileiros. Por ser mais leve, o vinho combina com o nosso clima e pode ser consumido durante o ano todo. “Temos muito boa aceitação no Brasil, pois são vinhos leves, fáceis de serem consumidos, com alta acidez e fácil harmonização”, explica Faccin.
“O pét-nat descomplica o vinho. É mais acessível para o paladar”, afirma Izamar Magalhães, proprietário da Gabo Livros e Vinhos Juvevê, em Curitiba, loja que comercializa algumas marcas de pét-nat.
A vontade de Magalhães de comercializar esse tipo de vinho, surgiu pelo interesse no método natural e nas pequenas produções. Interesse compartilhado com os clientes, que cada vez mais buscam consumir a bebida.
Como é feito?
É importante, antes de tudo, ressaltar que o pét-nat foi o primeiro método de produção de espumantes descoberto no mundo. Por isso, é conhecido, também, como método ancestral.
No método tradicional, chamado de champenoise, o vinho passa por duas fermentações. Ou seja, após o vinho estar pronto, é adicionada uma quantidade determinada de açúcar e de leveduras, para que a bebida fermente uma segunda vez. O processo, dessa forma, é mais controlado e possível de ser realizado em larga escala, com pouca chance de dar errado.
Já no pét-nat, a fermentação é única e espontânea, com leveduras selvagens, da própria uva. “Dessa forma, temos um produto que não sabemos, na realidade, qual será o resultado final, e que é muito artesanal”, explica Faccin.
Devido ao risco, ainda são poucos os produtores que trabalham com o método no Brasil. “Pode ser que o produto fique 10 meses parado, em processo de fermentação, e que, no fim, o resultado não seja satisfatório. Dessa forma, perdemos o trabalho de um ano inteiro”, conta o produtor.
Para fabricar a bebida, as uvas mais comuns são as mesmas utilizadas para espumantes, Chardonnay e Pinot Noir, mas outras variedades também podem ser usadas. Outro aspecto interessante do pét-nat é a forma de envase. É preciso envasar sempre no momento correto. Se o produtor não tiver conhecimento e habilidade, o trabalho pode ser perdido.
“Se a gente engarrafa antes do tempo certo, quando ainda tem muito açúcar, vai acabar gerando muita pressão e estourando a garrafa. Mas, se perdemos o ponto e deixamos passar o tempo de envase, o resultado é um frisante, um vinho com pouco gás e, portanto, com poucas bolhas”, ensina Faccin.
O fechamento da garrafa, inclusive, também foge ao tradicional. Em vez de rolha, utiliza-se uma tampa de metal, parecida com as tampas de garrafas de cerveja.
Além da fermentação natural, no método ancestral não há adição de sulfitos e de conservantes e não é feita a filtragem. “Isso confere um aspecto mais turvo à bebida, porém com notas sensoriais mais complexas”, afirma Bruno.
E, com a ausência de conservantes e com a produção natural, é de se esperar que a validade do produto não seja a mesma dos vinhos industrializados. O pét-nat, portanto, é um vinho jovem e que deve ser consumido como tal. É um vinho para todos os momentos e que não deve ficar na prateleira esperando o momento especial de ser aberto.