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Com café produzido por indígenas, Leo Moço é eleito melhor barista do Brasil

Guilherme Grandi, de Belo Horizonte*
25/11/2019 19:14
O barista curitibano Leo Moço foi eleito pela quarta vez o melhor do Brasil no Campeonato Brasileiro de Barismo, realizado na última semana em Belo Horizonte (MG). A premiação, realizada durante a Semana Internacional do Café, conta uma vaga para a etapa mundial e teve mais um barista de São Paulo e um de Curitiba no topo do pódio. Ao todo, 22 profissionais se classificaram para a competição.
Léo Moço comemora a premiação com Boram Julio Um (esquerda) e Victor Haubert (direita). Foto: Angélica Lebante/colaboração.
Léo Moço comemora a premiação com Boram Julio Um (esquerda) e Victor Haubert (direita). Foto: Angélica Lebante/colaboração.
Moço participou da competição utilizando grãos de café da variedade Coffea Canephora (robusta e conilon) plantados por indígenas de Rondônia, dentro de um projeto desenvolvido há dois anos para valorizar a espécie e o trabalho das famílias de tribos da região amazônica. O barista desenvolveu três preparos utilizando grãos torrados e moídos na hora, que o alçaram ao topo da preferência dos juízes.
“Eu fui até as Matas de Rondônia para ensinar os índios a produzir com qualidade, e disse a eles que um dia usaria o café deles em uma competição. Só não imaginava que seria tão cedo, de mostrar para eles que é possível quebrar esse preconceito entre arábica e robusta no mercado de cafés especiais”, disse ele durante a palestra de apresentação. Essa é a primeira vez que um café da variedade robusta é usado neste tipo de prova e também será utilizado na final mundial realizada em Melbourne, na Austrália, em maio de 2020.
O café utilizado por Leo Moço nos preparos de espresso, cappuccino e drinque não alcoólico de assinatura passou por um processo próprio de beneficiamento chamado de Sprouting Process, em que os grãos recém-colhidos são colocados em um tambor plástico sem oxigênio, inibindo o desenvolvimento de fungos e bactérias. Isso faz com que as enzimas presentes na casca do café criem uma fermentação natural, acentuando o aroma e o sabor dos grãos. É um café equilibrado com um leve amargor que lembra nibs de cacau, chocolate meio amargo e frutas secas. O projeto faz parte de uma parceria recente do barista com o Grupo 3Corações.

Pódio

Além de Leo Moço, também subiram ao pódio o barista paulista Boram Julio Um, do projeto Um Coffee.co, e o curitibano Victor Haubert, do The Coffee. “Agora é reavaliarmos os pontos fracos e treino para as próximas competições. Vamos em frente impulsionando o café brasileiro aqui e no mundo”, disse Boram Um pela conquista do segundo lugar na competição.
Já Haubert, que participou pela terceira vez do Campeonato Brasileiro de Barismo, completou o pódio agradecendo o apoio que teve na competição e realizado pela conquista: “Ao longo desse ano, eu finalmente descobri o que me cativa e me dá suporte. Me inspira a continuar trabalhando com café dia a dia”, afirmou.

Melhores cafés

A Semana Internacional do Café também premiou os melhores grãos colhidos no Brasil em 2019 nas categorias Arábica e Robusta. Ambas foram vencidas por produtores da região sul do Espírito Santo, sendo a primeira pelo Sítio Recanto dos Tucanos, da região do Alto Caparaó (considerada um celeiro de cafés exóticos brasileiros) e a segunda pelo Sítio Grãos de Ouro, da cidade de Muqui. O pódio teve, ainda, representantes de Rondônia e Minas Gerais.
*o jornalista viajou a convite da Nescafé.
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