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Refrigerante gengibirra é tombado como patrimônio cultural imaterial
O tradicional refrigerante gengibirra agora é um patrimônio cultural imaterial da cidade de Palmeira, nos Campos Gerais do Paraná. A bebida à base de gengibre foi criada há mais de 80 anos por uma família de imigrantes italianos, e até hoje é produzida praticamente com a mesma receita. O decreto de tombamento foi aprovado pela Câmara Municipal no dia 4 de abril.
Palmeira já tem outro patrimônio cultural, o prato pão no bafo.
O processo de tombamento começou em meados do ano passado quando a família dona da fábrica da gengibirra procurou a prefeitura de Palmeira, para que a receita fosse reconhecida como patrimônio. É na cidade dos Campos Gerais que a bebida foi criada pelo imigrante italiano anarquista Egizio Cini, integrante da Colônia Cecília.
Membro da quarta geração da família, Nilo Cini conta que a receita da bebida praticamente não mudou desde que foi criada há mais de 80 anos. Egizio costumava produzir a gengibirra em casa para beber com a família e os amigos nos fins de semana.
“A bebida leva mais de um ano para poder ser consumida, por conta do demorado processo de produção desde a colheita do gengibre até a bebida ser engarrafada. Há uma sazonalidade da planta a respeitar. Após ser colhido, o gengibre passa por um longo processo para extração do gengirol, a substância que dá o sabor à bebida”, revelou Orlando Cini. Ele e Nilo são netos de Egizio e tocam a fábrica da Cini em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.
No documento protocolado pela Cini, a empresa destaca que “nestas condições e neste momento em que o Município de Palmeira completa 200 anos, a Família Cini presta sua justa homenagem às origens e solicita palpável reconhecimento da cidade para que a bebida seja tombada como Patrimônio Imaterial Cultural de Palmeira”. A fábrica da bebida surgiu no município e foi transferida para SJP em 1904, quando foi oficialmente registrada.
Produção
A gengibirra vem da junção de duas palavras: gengibre e birra (cerveja em italiano). Na época, ela era tratada como uma cerveja de gengibre, mesmo não sendo alcoólica.
“Para ficar pronta, a bebida passa por um processo de fermentação igual ao da cerveja”, contou Nilo Cini em entrevista ao Bom Gourmet em 2016. O gengibre é plantado pela própria empresa em Morretes, na região litorânea do Paraná. Quando chega à fábrica, passa meses em processo de fusão em extrato alcoólico.
O cuidado é para garantir a preservação do gengirol, princípio ativo originado do gengibre que dá gosto à bebida.
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Atualmente, a empresa produz, aproximadamente, 5 milhões de litros do refrigerante. O sabor é um dos mais vendidos da marca – atualmente a Framboesa é a campeã de vendas. Só de matéria-prima são processadas 20 mil toneladas de gengibre anualmente.
Homenagem
Para o secretário de cultura de Palmeira, Waldir Joanassi Filho, a Gengibirra ainda tem uma forte ligação com a cidade, mesmo não sendo mais produzida lá. Ele destaca a importância histórica da bebida criada na época do anarquismo.
“É uma bebida que preserva até hoje a receita e os laços daqueles que a introduziram no Brasil ainda no século 19, e isso por si só já reforça sua importância histórica. É uma bebida que tem seu sucesso e história ligados com nosso município, e nada mais justo que tombá-la como nosso patrimônio cultural imaterial”, comentou.