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“Cortar o dedo foi a melhor coisa que aconteceu”, brinca o Masterchef Vitor B.
Sua participação no Masterchef foi intensa: cantou pagode na prova de seleção, levou três pontos no dedão esquerdo, foi eliminado, voltou na prova de repescagem, ouviu duras críticas quanto à apresentação dos pratos e gerenciamento de tempo, mas também alguns elogios de Paola Carosella. Vitor Bourguignon, empresário de 26 anos que mora em Curitiba, não levou o troféu e o prêmio em dinheiro do Masterchef para amadores, mas aproveitou cada segundo do programa para mostrar a que veio.
“Cortar o dedo foi a melhor coisa que me aconteceu”, brincou Vitor ao visitar a redação do Bom Gourmet. O acidente viralizou e o rapaz ganhou ainda mais visibilidade, seja pelo burburinho que causou nas redes sociais ou pela possibilidade de se superar em rede nacional. Na eliminação de Vitor, a chef e jurada Paola Carosella reconheceu a evolução do cozinheiro amador: “Você mudou muito. Você entrou como um ‘pagodão’, nada contra, e sai daqui com a estirpe de um chef de cozinha, com a presença de um cozinheiro, com respeito à gastronomia”, elogiou Paola, que o convidou para trabalhar em sua cozinha.
Nascido em Brasília, Vitor veio ainda bebê para Curitiba, quando o pai se aposentou e realizou o sonho de ter um haras. O ano era 1991. Durante a infância e adolescência, era tão comum ajudar a mãe na cozinha que não se lembra nem quando foi a primeira vez que fez um prato para a família. “Mas eu comecei a estudar técnicas de cozinha aos 19 anos. Fui muito influenciado pela minha mãe, que teve um restaurante na Rua XV de Novembro quando eu era criança. Hoje o lugar é um karaokê”, conta Vitor. Fez cursos, assistiu aulas-show (inclusive algumas elas realizadas no Estúdio Bom Gourmet Pátio Batel nos últimos dois anos).
Com a saída do programa, começam os convites para eventos em restaurantes. Em junho, cozinhou no Terça Gastro do bar +55 e para Curitiba ele tem planos e conversas com os restaurantes Taj, Nou Nikkei Cuisine e Aqueces Bar.
Bem mais calmo pessoalmente que durante as contagens regressivas de Ana Paula Padrão, Vitor Bourguignon, empresário de Curitiba, falou ao Bom Gourmet sobre sua participação no maior reality show para cozinheiros amadores do Brasil.
Qual era a sua expectativa ao participar de um programa nacional para cozinheiros amadores?
Eu queria um grande desafio e não deu outra: foi isso mesmo, encontrei adversidades que não esperava. O corte no dedo, por exemplo. Poderia ser um desafio em outra área, mas eu vi no reality show culinário a chance de unir o útil ao agradável. O desafio é em conhecimento, pressão, câmeras, competição; uma série de coisas juntas que criam essa atmosfera que eu queria experimentar.
Como é o ritmo de gravação de um reality show culinário?
Depende da dinâmica da prova, mas geralmente é um bloco por dia. Via de regra era chegar de manhã, umas 8h e sair umas 19h. Tinha uma estrutura com almoço e camarim só para os competidores. A rotina era essa. Aí precisávamos preparar sempre dois pratos, um para experimentarem e outro para avaliação. Você pode perceber que nas provas quando são muitos cozinhando, os jurados vão nas bancadas experimentar todos os pratos enquanto estão quentes e depois chamam os destaques positivos e negativos dos pratos. Todos falam, mas às vezes só aparece um ou outro falando.
Há tempo para pesquisa, testes, estudar sobre técnicas entre as gravações?
A gente aproveitava o intervalo da arrumação de set para estudar no camarim. Cada um levava suas apostilas, revistas, caderno, ninguém estudava com internet. A gente trocava entre a gente os livros para todo mundo ter acesso a títulos diferentes, porque cada um de nós tinha um foco diferente Gostei muito dos livros do Abel [participante de Foz do Iguaçu, eliminado em abril], ele selecionava muito bem e tinha uns títulos que não eram tão conhecidos.
Você foi estagiar no restaurante da Paola Carosella?
Ainda não fui, mas eu vou. Estamos definindo a data de início. Será um prazer, porque ela é muito boa naquilo que ela faz, tem uma postura admirável como cozinheira e é militante de várias causas.
Para quem você está torcendo?
Torço para a Michele. Ela é a melhor. Tem um coração enorme, é generosa e conhece muito de cozinha, me ensinou muita coisa. A pegada dela é mais clássica e ela se mostrou muito hábil nas provas.
E agora, você pretende ter um negócio de gastronomia?
Quero ter um negócio próprio, mas eu preciso ter experiência, estar presente em uma cozinha, aprender, e depois abrir um negócio. Não posso achar que só porque participei de um programa de culinária tenho capacidade de ter um negócio. Eu tenho ideia de conceito para todo tipo de estabelecimento, desde um para vender coxinha até um bistrô ou restaurante, mas não sei qual tipo eu abriria ainda.
Como você vai conciliar as bandas, sua empresa de comunicação e esse início na culinária?
Eu vou manter tudo o que puder na medida do possível, eu não quero me desligar da banda, mas sei que vou ter que perder alguns shows e não vou poder ajudar sempre na composição e arranjo das músicas, essas coisas. Da mesma forma com o meu sócio da Altercom, mas nós já temos uma estrutura que se mantém e não preciso estar sempre presente. Paralelo a isso, acabei de lançar um canal no Youtube que terá vídeos toda sexta-feira. O foco é ensinar técnica, escolha de ingredientes, detalhes que não chegam ao público.
O que você faria diferente na sua participação no programa?
Se eu pudesse voltar no tempo eu teria corrigido os erros que eu fiz no prato que me eliminou [uma reprodução de robalo no vapor com creme de champagne e caviar do chef francês Emmanuel Bassoleil]: teria empratado com menos purê de inhame, uma pitada de sal e colocado uma colher de champagne para finalizar o molho e dar um pouco de acidez. Mas em escolha de cardápios, atitude, forma de lidar com outros participantes, disso eu não tenho nenhum tipo de arrependimento.
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