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Novo programa incentiva hortas comunitárias a venderem verduras a chefs
A semana do aniversário de 324 anos de Curitiba foi a época escolhida para lançar o programa Horta do Chef. O projeto estimula que famílias participantes da Horta Comunitária possam vender o excedente de legumes e verduras que plantam para consumo próprio, a chefs de cozinha de Curitiba e ainda gerar renda extra. A iniciativa é uma parceria entre a Secretaria Municipal do Abastecimento (SMAB) de Curitiba com agricultores urbanos e restaurantes. O primeiro protocolo de intenções do programa foi assinado entre a Associação de Moradores do Rio Bonito e o restaurante Manu, da premiada chef Manu Buffara na manhã desta terça-feira (28 de março). A cerimônia foi na Horta Comunitária do Rio Bonito, um espaço de 3 hectares no terreno das torres da Eletrosul, no Tatuquara, que funciona como horta para 100 famílias da comunidade local desde 2004.
“Curitiba é uma só: o Batel, onde está o restaurante da Manu, e a comunidade do Rio Bonito, no Tatuquara, fazem parte de uma mesma cidade. Sou muito grato à Manu, uma chef consagrada, querer compartilhar seu conhecimento com as famílias daqui”, disse o prefeito Rafael Greca, fazendo menção à aula-show que a chef ministraria após a assinatura do documento. Ela ensinou a fazer alface romana grelhada com crosta de queijo, “arroz” de couve-flor com “bife” de casca de banana à milanesa e vinagrete de talos de hortaliças. Todos os hortifrutis usados foram colhidos na horta comunitária antes do preparo.
“Já peguei alguns ingredientes daqui durante a semana. Tem as flores de pepino, jiló e coentro que eu quero começar a usar mais. Vou trazer mudas de flores comestíveis e quero que aproveitem para plantar mais plantas alimentícias não convencionais, como caruru, picão e azedinha”, disse Manu. A chef comprará parte da produção das famílias da comunidade Rio Bonito.
Até o momento, das 100 famílias da horta comunitária, 60 aderiram ao programa Horta do Chef. Cada família tem um lote de aproximadamente 100 metros quadrados, em que plantam diversos tipos de alfaces, couve, berinjela, quiabo, pepino, couve-flor, brócolis, beterraba, tomate, cebola, pimentas e ervas como orégano, cebolinha e salsinha para consumo próprio. O excedente geralmente é doado a instituições de caridade, trocado entre eles ou vendido aos vizinhos. Segundo Delso Moretti, presidente da Associação de Moradores do Rio Bonito, a horta tem finalidade de ser uma atividade aos moradores, muitos aposentados, e também uma forma de diminuir os custos em alimentação para os próprios agricultores e suas famílias.
A dona de casa Sueli dos Santos Silva, de 34 anos, tem um lote há seis meses, de onde colhe uma parte dos alimentos para a sua família – seu marido e uma filha. “Tive um lote nesta horta há alguns anos, mas me mudei e entreguei. Depois que voltei, precisei esperar numa fila por três meses para conseguir um lote. Todo mundo quer plantar”, contou à reportagem. De seus canteiros saem principalmente alface, repolho e cebola.
Assim como a horta da comunidade do Rio Bonito, há outras seis hortas urbanas em Curitiba que podem fornecer ingredientes aos chefs, ainda sem data prevista. São das comunidades de Santa Rita, Vitória Régia, Jardim Dom Bosco, Monteiro Lobato, Paraná e Santa Cecília. Manifestaram interesse em participar do programa os chefs Celso Freire (do Espaço Celso Freire de Gastronomia), Lênin Palhano (do restaurante Nomade), Gabriela Carvalho (do Quintana Restaurante), Dudu Sperandio (do Ernesto Ristorante e Funiculì) e Ivan Lopes (do restaurante Mukeka), e segundo o secretário do abastecimento, Luiz Gusi, eles devem assinar documento similar em breve.
A Prefeitura mantém o programa de hortas urbanas desde 1986 e atualmente. “Quando a gente atrai olhares para iniciativas como a Horta do Chef, mostramos como a iniciativa privada pode auxiliar em projetos de segurança alimentar e economia circular. Quem sabe surjam outros parceiros e iniciativas similares em outros vazios urbanos, não necessariamente por iniciativa do poder público”, diz Edson Rivelino Pereira, superintendente da SMAB.
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