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Os melhores chefs da América Latina em 2016 são… europeus

Flávia Schiochet
11/09/2016 18:00
Prato do restaurante Gustu, da chef dinamarquesa Kamilla Seidler. Foto: Divulgação
Prato do restaurante Gustu, da chef dinamarquesa Kamilla Seidler. Foto: Divulgação
Um francês e uma dinamarquesa subirão ao palco em 26 de setembro durante a cerimônia do Latin America’s 50 Best Restaurants, na Cidade do México, como reconhecimento de seu trabalho com a cozinha local. O franco-quase-brasileiro Claude Troisgros, do Olympe, no Rio, recebe o prêmio pelo “conjunto da obra”. Já Kamilla Seidler, do Gustu, na Bolívia, será homenageada como melhor chef mulher na América Latina.
Ambos cruzaram o Atlântico para novos desafios: ele há mais de três décadas; ela, em 2012. A premiação vai revelar também os 50 melhores restaurantes do continente e outros prêmios individuais, como melhor chef confeiteiro e a escolha dos pares.
Prato do Gustu, da chef dinamarquesa Kamilla Seidler. Foto: Divulgação
Prato do Gustu, da chef dinamarquesa Kamilla Seidler. Foto: Divulgação
A escolha do júri do prêmio mostra que idioma não é barreira para boa comida: a imersão e vivência em uma cultura local capacitam um chef curioso e esforçado a entender aquela cultura local e possibilitam grandes feitos. Longe de ser unanimidade, a boa cozinha se faz em conformidade com ingredientes locais, e a valorização da matéria-prima e inovação é o que interessa em premiações como a da Restaurant. Em 2015, o restaurante Olympe, de Troisgros, ocupava a 23ª posição e o Gustu, de Kamilla, a 17ª.
Claude Troisgros, chef francês radicado no Brasil desde os anos 1980, faz uma palestra no 26.º Encontro Nacional Abrasel, em Curitiba, no dia 30 de junho.
Claude Troisgros, chef francês radicado no Brasil desde os anos 1980, faz uma palestra no 26.º Encontro Nacional Abrasel, em Curitiba, no dia 30 de junho.
Claude Troisgros, filho e neto de grandes cozinheiros franceses, veio em 1979 para o Brasil. Trabalhou com o chef pâtissier Gaston Lenôtre no Le Pré Catalan, por um período que acreditava ser de, no máximo, dois anos. Nunca voltou à França. Abriu em 1983 o Restaurante Claude Troisgros no Rio de Janeiro, que trocou de nome para Olympe, uma homenagem à sua mãe. Atualmente, Claude faz a gestão do restaurante ao lado de seu filho e também chef Thomas Troisgros. Nas suas mãos, batata-salsa, maracujá, açaí, mandioca e pupunha integram uma cozinha contemporânea brasileira com toques franceses.
A dinamarquesa Kamilla Seidler, que comanda o boliviano Gustu. Foto: Divulgação
A dinamarquesa Kamilla Seidler, que comanda o boliviano Gustu. Foto: Divulgação
Kamilla Seidler tem 33 anos e foi em 2012, pela primeira vez, à Bolívia, a convite de Claus Meyer, co-fundador do Noma. Para saber se ela era a pessoa certa para um projeto em La Paz, Meyer a convidou para cozinhar em sua casa para a família. Passou no teste e ao lado de seu sócio Michelangelo Cestari, mudaram-se para a capital boliviana e seis meses depois, inauguraram o Gustu. A “dinamarquesa dos Andes”, como é chamada, já havia trabalhado no Mugaritz, no Le Manoir Aux Quat’Saisons e no Geist – experiência é o que não faltava.
O Gustu estreou no ranking dos 50 melhores restaurantes da América Latina em 2014. Foto: Divulgação
O Gustu estreou no ranking dos 50 melhores restaurantes da América Latina em 2014. Foto: Divulgação
Na Bolívia, seu trabalho de alta cozinha seria inédito em vários sentidos: com um projeto social em paralelo, a chef dá aulas de cozinha para a comunidade e as inclui na produção, além de valorizar a produção de ingredientes locais com pagamento justo. Kamilla trabalha com ingredientes triviais, inclusive o popular anticucho, carne de coração bovino vendida em espetinhos nas ruas dos países andinos. Em 2014 foi a primeira vez que o restaurante entrou no ranking dos 50 melhores, em 32º lugar. No ano seguinte, subiram 15 posições, ficando em 17º.
Histórico
Esta é a primeira vez que chefs estrangeiros recebem reconhecimento por seu trabalho em outros países. O prêmio de conjunto da obra para chefs na América Latina foi dado em 2013 para o peruano Gastón Acúrio; em 2014 para o brasileiro Alex Atala e em 2015, para o mexicano Enrique Olvera. O Brasil aparece bem representado no histórico de melhor chef mulher da América Latina: em 2013, a homenagem foi para a brasileira Helena Rizzo; em 2014, para a mexicana Elena Reygadas e em 2015 para a brasileira Roberta Sudbrack.

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