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Cozinha regional brasileira venceu o MasterChef
A cozinha regional brasileira venceu. Com pratos inspirados na culinária mineira e com a presença forte da carne de porco, a produtora de eventos Izabel Alvares levou o prêmio MasterChef Brasil, reality exibido na noite de terça-feira (15), pela Band. A megaestrutura em torno da final foi surpreendente.Webcelebridades tuitando ao vivo, uma plateia de convidados de todo o Brasil, arquibancada externa, finalistas entrando por um tapete vermelho e a divulgação do resultado primeiramente por meio do Twitter foram algumas das ações.
Com frases de efeito que emocionou quem trabalha de perto com gastronomia, os jurados Henrique Fogaça, Paola Carosella e Erick Jacquin falaram do poder transformador da cozinha e da comida como linguagem universal.
Cozinha de autor
Durante a prova, os dois finalistas tiveram que preparar um menu completo e autoral. Izabel escolheu preparar um menu mais brasileiro. Como entrada pão de queijo (escaldado em banha) aberto servido com costelinha de porco desfiada e uma geleia de goiabada com emulsão de azeite. Apesar do pãozinho ter queimado um pouco embaixo, os jurados elogiaram o trabalho feito para preparar a entrada – até mesmo a geleia foi feita por ela. “Não é uma entrada simples. É poderosa, né? Tem muita técnica e o contraste com o porco foi pensado. Tem cabeça nesse prato”, comentou Paola. O prato principal foi uma bochecha de porco ao molho de vinho e purê de batata enriquecido com tutano. A bochecha poderia ter sido cozida durante mais tempo, mas não estava dura, comentaram os jurados. O purê mereceu elogios por causa do tutano. Uma simples flor de erva doce deu um novo sabor à preparação. “Gostei muito do purê. O tempero é bom e o prato precisou de muita técnica e trabalho”, afirmou Jacquin. A sobremesa escolhida foi a siricaia (doce do Alentejo que leva ovos e canela) , mas diferentemente da portuguesa, Izabel usou queijo ralado e um caramelo de bacon, para manter a harmonia brasileira do menu.
O segundo colocado, o publicitário Raul Lemos foi para uma linha mais asiática, com a valorização de especiarias. A entrada foi um bolinho paquistanês, feito com carnes de cordeiro e mignon, tahine, cebola e gengibre servido com a raita, uma salada de iogurte e pepino. “Me surpreendeu. Você se sente em outro lugar mesmo”, elogiou Jacquin. O prato principal foram camarões (temperados com raspas de limão) com molho tikka masala (a masala é uma mistura de duas ou mais ervas, especiarias e aromatizantes) e arroz com leite de coco. Raul explicou que como a tikka masala original é bem apimentada, ele reduziu a pimenta porque queria ressaltar o sabor do camarão, cozido no ponto perfeito, conforme elogiaram os jurados. O único erro apontado pelos jurados foi o arroz, guarnição considerada muito simples para uma final. A sobremesa foi um ato de ousadia. Raul preparou um pudim (a consistência era de um creme) de leite com cenoura e cardamomo acrescido de pistaches. “Para mim foi sensacional. É delicada, perfumada, surpreendente. Fechou com chave de ouro”, se derreteu Paola.
Para divulgar o resultado final, os jurados deixaram o palco e deram lugar aos participantes. “Vocês deixaram o lado amador fora dessa cozinha e merecem estar aqui nesse lugar”, disse Jacquin.
A campeã diz que não esperava a vitória. “De verdade, eu não imaginava. Eu já estava fazendo planos para ser a segunda colocada. Eu estou muito emocionada com tudo o que aconteceu. Sei que eu não era a favorita, o Raul é uma pessoa mais popular, que eu adoro de paixão. Eu estou muito emocionada que os chefs puderam ver além do carisma dele, que eles focaram na comida e me escolheram”, disse. Izabel ganhou quatro provas individuais, uma em grupo e ficou sete vezes entre os melhores pratos. Ao todo, foram quatro caixas misteriosas, seis avaliações em equipe, três miniprovas e 17 provas de eliminação.
O Chef 5 Estrelas eleito pelo Prêmio Bom Gourmet 2015, Ivan Lopes, fanático pelo programa e conhecido por valorizar os ingredientes locais, disse que gostou do resultado, apesar de estar torcendo por Raul. “Ele é um pouco estabanado, mas tinha muita técnica e um jogo de cintura para dar a volta por cima com bom humor”, comentou. Ivan gostou dos dois menus apresentados. “Acredito que ela ganhou por ter ido por essa coisa de regionalidade”, disse. Ele só não gostou da sobremesa. “Ela poderia ter pensado em algo mais elaborado”, falou.
A paranaense Camila Podolak, gerente de Marketing da Porto a Porto e Paganini,uma das patrocinadoras do programa, acompanhou pela segunda vez a final do MasterChef Brasil. Ela disse que nessa edição a emoção foi maior por causar das várias entradas ao vivo. “Acredito que eles escolheram quem tinha a possibilidade de continuar no ramo da gastronomia”, afirmou.
Izabel Alvares ganhou o prêmio de R$ 150 mil para abrir seu próprio negócio, R$ 1 mil por mês durante um ano para compras com o cartão Carrefour, um carro, uma bolsa de estudos na Le Cordon Bleu, em Paris, e o cobiçado troféu de MasterChef.
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