Negócios e Franquias
Rede colombiana quer abrir no Brasil restaurantes por quilo mais eficientes
Em meio à pandemia que provocou uma forte crise no setor de bares e restaurantes, a startup colombiana de alimentação Muy quer disputar o mercado do prato feito, o popular PF, e de comida por quilo no Brasil. A marca abrirá a primeira cozinha no país até o final deste mês, na região central de São Paulo, vendendo preparos por delivery a R$ 15.
Inicialmente a empresa vai operar com entregas feitas por meio do aplicativo iFood, mas depois pretende implantar o próprio sistema de logística. O objetivo é suprir a meta de 20 a 30 restaurantes em diversos pontos da capital paulista até 2021.
Segundo Guilherme Calderón, cofundador e presidente da startup, a meta é ter cerca de mil restaurantes pelo país até 2025, principalmente no Rio de Janeiro e em Porto Alegre, e abrir 10 mil postos de trabalho.
"Vamos iniciar com delivery para começar a entender o mercado. Depois vamos expandir de forma mais agressiva", diz prevendo um investimento de US$ 150 milhões nas operações nos próximos anos.
Atualmente, a marca tem 50 casas espalhadas pela Colômbia e México.
Cardápio
A entrada no País ocorre após estudos sobre o
cardápio local, voltado para a classe média. Calderón conta que encontrou PFs
sendo vendidos por R$ 13 no mercado informal.
cardápio local, voltado para a classe média. Calderón conta que encontrou PFs
sendo vendidos por R$ 13 no mercado informal.
"Vamos oferecer um PF saudável por um bom preço", diz ao explicar como serão os sete pratos feitos como feijão com arroz, feijoada, entre outros. Também será possível montar o prato.
A proposta da Muy é empregar alta tecnologia para servir os pratos em no máximo 5 minutos entre o pedido e a entrega. Não há garçons e nem buffet, tudo é feito através de telas touch screen onde o cliente monta a refeição com uma proteína, uma base, um grão, dois acompanhamentos e um molho.
Já do lado de trás do balcão, sistemas controlam a temperatura das geladeiras onde os alimentos são armazenados, rastreiam o estoque, calculam quantos insumos foram usados, a saída dos pratos sazonais e quantos foram vendidos em tempo real. A marca diz que são produzidos cerca de 300 almoços apenas na hora do rush.
Há ainda um sistema de registro que é capaz de reconhecer quando o cliente visita a loja pela segunda vez, oferecendo opções de menu baseadas nos pedidos anteriores. Assim, a rede consegue prever o que mais tem saída para atender a demanda sem espera.
Para Cristina Souza, presidente da Gouvêa Foodservice, a investida da rede faz sentido especialmente num momento em que houve quebradeira nos restaurantes por quilo. "Eles devem ter um bom espaço, sim".
Ela destaca também que o valor de R$ 15 é atraente,
e que começar atuando pela região central da cidade de São Paulo com uma
estratégia digital forte são pontos adequados.
e que começar atuando pela região central da cidade de São Paulo com uma
estratégia digital forte são pontos adequados.
No entanto, Cristina alerta que a vida dessa nova companhia pode não ser tão fácil. Isso porque outras empresas que já atuam com redes de restaurantes também estão com o foco em refeições de baixo custo.
"Eles não vão encontrar um oceano vermelho, mas não será totalmente azul. Há competidores se movimentando", analisa.
Entre estes competidores estão os aplicativos de intermediação de pedidos de delivery iFood e Uber Eats, que implantaram os serviços de pratos feitos Loop e Caseirinho, respectivamente, com pratos a partir de R$ 9,99. E ainda a investida da gigante multinacional Sodexo em dark kitchens em São Paulo e Porto Alegre preparando pratos do dia a dia começando em R$ 14.
Investimento
Calderón conta com recursos de fundos de risco (venture capital) dos EUA e da Espanha para bancar a expansão. A rede encerrou o primeiro semestre com vendas de US$ 4 milhões, desempenho que foi afetado pelo fechamento de lojas por causa das medidas de isolamento social nos dois países em que atua.
Apesar disso, o que atrai a companhia no Brasil é o potencial do mercado. O país responde por 50% das vendas de fast-food na América Latina, que giram US$ 280 bilhões por ano e devem atingir US$ 308 bilhões em 2025.
Além disso, a consolidação é muito baixa. As dez
maiores redes de fast-food respondem por 6% do mercado nacional. Se forem
incluídas as demais, essa fatia pode chegar a 15%.
maiores redes de fast-food respondem por 6% do mercado nacional. Se forem
incluídas as demais, essa fatia pode chegar a 15%.
"O restante é um mercado informal, que não tem grandes processos de tecnologia. É esse segmento que nós queremos atacar, com um restaurante por quilo mais eficiente", completa o cofundador da Muy.