Negócios e Franquias
Franquias terão uma relação mais próxima, aberta e ágil neste ano
Não existe padrão quando o assunto é falar da relação entre franquias e seus franqueados. Cada negócio se estrutura e se organiza de forma a obter mais resultados positivos e isso pode variar muito. No entanto, independentemente de como se estruturavam ou organizavam, marcas ao redor do mundo tiveram que rever suas atividades para enfrentar os desafios que a pandemia do coronavírus desencadeou.
No Brasil, no que diz respeito às relações entre as duas pontas de uma franquia, a situação mudou bastante e, segundo franqueadores e seus franqueados, a mudança foi para a melhor. Independente do tamanho das marcas e redes, a relação que se estreitou em 2020 será ainda mais aberta no ano que está apenas começando.
É o caso, por exemplo, da Duckbill Cookies & Coffee, rede de cafeterias que tem mais de 70 unidades em funcionamento em 17 estados brasileiros. A marca, que levava a relação com os franqueados baseada em protocolos específicos e automáticos, se viu diante da necessidade de ouvi-los mais conseguir superar a crise gerada pela Covid-19.
“No início, estávamos tentando entender o que ia
acontecer e vimos a necessidade de conversar com os nossos franqueados para
entender os receios deles e também suas perspectivas. Precisávamos, acima de
tudo, compreender as diferenças de cada região do país e foi durante essa
conversa que começamos a ter várias ideias sobre como proceder”, afirma Marcos
Cazella, gerente nacional de operações da rede.
acontecer e vimos a necessidade de conversar com os nossos franqueados para
entender os receios deles e também suas perspectivas. Precisávamos, acima de
tudo, compreender as diferenças de cada região do país e foi durante essa
conversa que começamos a ter várias ideias sobre como proceder”, afirma Marcos
Cazella, gerente nacional de operações da rede.
Essa abertura, como explica o gerente, foi essencial para que todas as lojas caminhassem no mesmo sentido. A franqueadora optou pela redução dos royalties e recorreu a seus parceiros para negociar acordos referentes aos pagamentos de estoque.
Gustavo Miyake, sócio-proprietário de uma das unidades da marca em Curitiba, diz que as negociações foram de extrema importância para os franqueados. Para ele, operar como uma loja independente não teria força para negociar com os fornecedores.
“A redução do royalties também nos deu tranquilidade pois, ao fazermos o planejamento de fluxo de caixa, percebemos que não precisaríamos entrar em linha de crédito e nem demitir funcionários”, diz.
Miyake ainda adiciona que a maior comunicação com a franquia reflete diretamente no comportamento do cliente, entendendo o que ele quer da marca e como entregar o esperado.
Adaptação de produtos e delivery
Questões financeiras não foram as únicas alteradas na relação entre franquias e franqueados. Várias estratégias para a comercialização de produtos tiveram que ser revistas, respeitando os diferentes decretos estipulados para cada região do país.
O sócio proprietário do Mr. Hoppy, Porks e Bar Quermesse, José Araújo Neto, afirma que, após estancar a situação financeira das marcas por meio da isenção de royalties aos franqueados e estipulação de outros acordos, precisou trabalhar na readaptação dos produtos de forma intensa.
“Nós flexibilizamos tudo o que podíamos para que os franqueados pudessem aumentar a receita. Mudamos nossa estratégia de marketing para poder vender mais no delivery e passamos a permitir que as lojas fizessem uso de aplicativos locais para realizar as entregas. Entendemos que precisávamos expandir esse canal de vendas com urgência e respeitar as demandas específicas de cada loja”, diz Neto.
Principalmente para as marcas Mr. Hoppy e Porks,
o sócio proprietário explica que precisou repensar produtos. “Nossas marcas
trabalham no formato de bar de rua e, por isso, nossos produtos não eram
adeptos do delivery. Então, montamos combos e adaptamos nossos preços para
atender esse canal”.
o sócio proprietário explica que precisou repensar produtos. “Nossas marcas
trabalham no formato de bar de rua e, por isso, nossos produtos não eram
adeptos do delivery. Então, montamos combos e adaptamos nossos preços para
atender esse canal”.
Os franqueados das marcas ficaram satisfeitos com as mudanças. Everton Nishii, franqueado do Mr. Hoppy, por exemplo, afirma que a flexibilização facilitou a venda para os clientes que, mesmo em momentos mais rígidos da quarentena, tiveram várias opções de produtos disponíveis em diferentes plataformas.
No entanto, apesar de perceberem a força do
delivery nesse momento, tanto os franqueados quanto o sócio proprietário das
marcas admitem estar ansiosos pela retomada pois ela significará o resgate da
cultura dos bares de rua, que oferece mais do que o produto; oferece a
experiência.
delivery nesse momento, tanto os franqueados quanto o sócio proprietário das
marcas admitem estar ansiosos pela retomada pois ela significará o resgate da
cultura dos bares de rua, que oferece mais do que o produto; oferece a
experiência.
Como será em 2021
Tanto a franquia da Duckbill Cookies & Coffees quanto nas marcas administradas por José Neto irão manter alguns hábitos adquiridos durante a pandemia, principalmente no que diz respeito às relações com suas franqueadas. Ambos os proprietários afirmam que a retomada da cobrança integral dos royalties será feita de forma gradual, para que nenhum dos franqueados seja prejudicado.
“Nossos franqueados continuam sendo um dos
nossos principais canais de venda porque é através deles que novas pessoas se
interessam em abrir sedes das marcas. Num momento posterior à pandemia, espero
que nossa relação de confiança se mantenha e possa se expandir ainda mais”, diz
José Neto.
nossos principais canais de venda porque é através deles que novas pessoas se
interessam em abrir sedes das marcas. Num momento posterior à pandemia, espero
que nossa relação de confiança se mantenha e possa se expandir ainda mais”, diz
José Neto.
Seguindo essa linha de raciocínio, Marcos Cazella, da Duckbill Cookies & Coffees, diz que está arquitetando a formação de um Comitê de Franqueados, que funcionará por tempo indeterminado justamente para manter a aproximação da franquia com as lojas.
“A ideia é que o Comitê unifique as demandas dos franqueados e repasse para nós. Assim, poderemos atender as necessidades com mais eficiência”, finaliza.