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Mercado e Setor

Bares e restaurantes cobram medidas do governo Ratinho Jr; veja os questionamentos

Guilherme Grandi
26/03/2020 20:35
Embora o governo do Paraná venha anunciando quase diariamente novas medidas de contenção ao avanço do novo coronavírus, ainda há mais dúvidas do que certezas -- principalmente entre setores de serviço e comércio.
Empresários do setor de alimentos e bebidas e também de outros segmentos protocolaram no Palácio Iguaçu cartas com uma série de perguntas que esperam ser contempladas pelo pronunciamento do governador Ratinho Junior programado para esta sexta-feira (27).
De acordo com Nelson Goulart Jr. presidente da regional Paraná da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-PR), há uma contradição quando o governador diz que não há quarentena no comércio, mas coloca a Polícia Militar, a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros percorrendo as cidades pedindo para as pessoas irem para casa.
"Exceto aqueles setores considerados de utilidade pública como farmácia, posto de gasolina e os nossos deliverys. Mas para os restaurantes não está claro no decreto o que devemos fazer em relação ao atendimento ao público e ele não assume essa questão", explica.
Outra questão levantada pelo setor é quanto aos trabalhadores, que não há uma determinação concreta de funcionamento -- consequentemente do que fazer com eles. Goulart conta que a única vez que conseguiu uma reunião com o governo foi na semana passada com o vice-governador Darci Piana, fazendo os mesmos questionamentos. De lá para cá, não teve mais nenhuma posição.
"Há uma angústia geral de todos os empresários, mas nós de restaurantes que enfrentamos o problema mais cedo. Temos pessoas para cuidar", completa. 
Fábio Aguayo, presidente do Sindicato das Empresas de Gastronomia, Entretenimento e Similares de Curitiba (Sindiabrabar), diz que falta mais clareza do governador nas medidas econômicas para o comércio e o setor de turismo.
"Home somos responsáveis por 6% do produto interno bruto (PIB) paranaense e não temos um norte sobre o que será feito. O governador tem feito certo, de ir impondo medidas gradativamente, mas falta explicar melhor as medidas para nós", analisa.
Aguayo, que está respondendo também pela Federação das Empresas de Hospedagem, Gastronomia, Entretenimento e Similares do Paraná (Feturismo), Sindicato das Empresas Promotoras de Eventos do Paraná (Sindiprom), a Confederação Nacional do Turismo no Paraná (CNTur), Sindicato dos Produtores de Espetáculos do Paraná e Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar), diz que vai sugerir ao governo a abertura gradativa do comércio após a Semana Santa, possivelmente a partir do dia 6 ou 15 de abril.
Na manhã desta quinta-feira (26), o governador e o secretário de Estado da saúde, Beto Preto, afirmaram que novas medidas de restrição ou afrouxamento do isolamento social determinado para alguns setores produtivos serão divulgadas na sexta (27), quando o ciclo do covid-19 completa 14 dias. No mesmo dia, será anunciado um pacote econômico de auxílio aos empresários -- entre eles os do setor de alimentação fora do lar.
Questionamentos
Veja quais são os questionamentos da Abrasel-PR e do Sindiabrabar que ainda geram dúvidas no setor.
Abrasel:
1- estamos todos (com as exceções necessárias) de quarentena ou não?
2- quais as providências que o governo do estado tomará para preservar os milhões empregos dos paranaenses?
3- os números divulgados pela secretaria de saúde são estes mesmos (106 casos confirmados até quinta, 26)?
4- quais números indicariam o momento certo de terminarmos a quarentena?
5- existe um plano para a retomada das atividades? Poderia apresentá-lo em tempo oportuno?
6- quais seriam os números que indicariam o momento de apresentar o plano de retomada?
Sindiabrabar e entidades participantes em conjunto:
1- qual vai ser a política de incentivo ao setor, principalmente ao de turismo, durante este período de pandemia e retomada?
2- terá alguma posição mais clara até a Páscoa, se os estabelecimentos poderão reabrir após a Semana Santa?
3- o governo fará investimentos e facilidades ao setor?
4- os estabelecimentos estão sendo arrombados com o movimento menor em todo o estado, o policiamento será reforçado?
5- e dúvidas comuns à Abrasel, como números de casos, definição da quarentena e prazo para a retomada das atividades.
Além dos questionamentos, a Abrasel nacional entregou uma carta às instituições financeiras com uma série de reivindicações do setor para evitar o fechamento de bares e restaurantes e a demissão em massa de funcionários -- a entidade estima em 6 milhões de pessoas. Entre os pedidos estão o crédito para capital de giro com taxas próximas à Selic (em 3,75% ao ano), carência de um ano para início do pagamento e longo prazo para quitação, garantia pelo Fundo Garantidor de Crédito e renegociação de operações já contratadas ou em andamento. Os cinco maiores bancos do país (Itaú/Unibanco, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal) flexibilizaram o prazo de pagamento de empréstimos de pessoas físicas e jurídicas por até 60 dias.
Quarentena
As entidades de classe do setor de alimentação fora do lar questionam porquê o Paraná ainda não decretou oficialmente uma quarentena total do comércio para conter o avanço do coronavírus, como fizeram os governos dos estados vizinhos de Santa Catarina e São Paulo.
Ainda durante a entrevista coletiva desta quinta (26), o governador Ratinho Junior disse que a medida não está descartada, mas que é possível sim que se decrete uma quarentena para todos os setores.
"Não estamos em quarentena. Nossa recomendação é que as pessoas, aquelas que puderem, continuem a ficar em casa. Se tiver um aumento grande de casos, vamos ter que ser mais rígidos", disse.
Já o secretário de Estado da saúde, Beto Preto, afirmou que o Paraná trabalha com uma expectativa de ter até 10 mil casos confirmados -- chegando a um extremo de 30 mil casos. No entanto, ele conta que o estado está preparado para o tratamento de casos graves, com mais de 3,6 mil UTIs prontas e a contratação de outras 685 de acordo com o progresso da doença.

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