Mercado e Setor
Por que as sorveterias estão preferindo as dark kitchens para trabalhar
Mercado que movimenta R$ 13 bilhões no Brasil, o setor de sorvetes vêm modificando e expandindo os seus modos de venda e indo além das em gôndolas dos supermercados: na expansão desta operação, marcas estão preferindo as dark kitchens. Operação simples, agilidade e inteligência de dados são algumas vantagens pontuadas pelos entrevistados pelo Bom Gourmet Negócios.
Pioneira (e sobrevivente) no mercado de paleterias no país, a Los Paleteros, fundada em 2012, já vendia os seus produtos via delivery antes da pandemia, que acelerou essa necessidade em 2020 e 2021. Depois de uma imersão para pensar em mais possibilidades, firmaram parceria com a Kitchen Central, empresa líder no setor de dark kitchens ("cozinhas fantasmas", espaços usados somente para produção ou armazenamento de produtos) no Brasil. "Mandamos o produto pronto, que fica armazenado na kitchen central, e a entrega é feita pelos motoboys", explica o CEO da Los Paleteros, Gean Chu, sobre a dinâmica.
Só com a parceria em São Paulo e no Rio de Janeiro, são vendidas cerca de 5 mil paletas por mês. "Para mim seria inviável ter delivery nessas cidades sem parceiro operacional. Precisaria ter uma estrutura e pessoas dedicadas a isso. Não seria rentável, a conta não fecharia", frisa Chu. Além da Kitchen Central, a marca também trabalha com delivery via lojas físicas por aplicativos como o Ifood.
E, por mais inusitado que possa parecer, o hábito de pedir sorvete por delivery cresceu durante a pandemia, e se manteve. Alem disso, dados da Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes (Abis), mostram que há apetite do consumidor no Brasil pelo produto: o país já é o 6° colocado entre as nações que mais consumem sorvete no mundo, com mais de cinco litros por habitantes ao ano.
Super sorvete
Outra marca que adotou a dark kitchen para expandir sua operação nas vendas e entregas foi a foodtech Yamo, que criou um sorvete cuja matéria-prima principal é o inhame, e direciona seus esforços para um perfil de consumidor cada vez mais frequente, que é o preocupado com a saúde e com a sustentabilidade do produto.
"Surgimos de uma ideia de criar uma forma nova de vender sorvete, que tem base em plantas e usa um super alimento, o inhame. Quando olhamos para o canal de venda, percebemos que a indústria alimentícia fica só no verejo tradicional. Por isso pensamos em olhar para o e-commerce de forma especial", fala o CEO da Yamo, Fábio Neto.
O modelo de vendas por delivery junto com a Kitchen Central começou em Belo Horizonte, em janeiro deste ano. Em abril, foi a vez de São Paulo. Na última semana, a Yamo chegou ao Rio neste modelo, e há planos para chegar em breve a outras praças como Brasília e Goiânia.
BH em janeiro, SP em abril e RJ essa semana. Queremos expandir dentro das cidades, o raio é de 10 km, queremos expandir nas cidades, BH é uma praça que foi muito bem e no RJ em duas, com a separação de Barra e Zona Sul. Depois vamos para outras praças como Brasília e Goiânia.
Segundo Neto, o uso da dark kitchen como uma "dark store" acaba facilitando justamente a entrada de marcas no mercado. "Ele acaba sendo um modelo de validação do público consumidor. Você testa o mercado e o hábito sem mobilizar tanto dinheiro", avalia. A marca prevê fechar 2021 com 2 milhões em volumes de venda, sendo 25% deste montante via dark kitchens.
Outra vantagem, salienta o CEO da Yamo, é a inteligência de dados que a marca ganha com o modelo. "Conseguimos visualizar em quais bairros vendemos mais, produtos similares que têm um bom retorno. A gente vê isso como uma boa vantagem, além da velocidade e do fato de eu não ter que construir uma loja ou uma câmera fria, o que baixa os custos e aumenta a penetração no mercado", avalia.