Mercado e Setor
Após acordo, restaurantes poderão antecipar lucros das vendas no iFood
Um acordo firmado entre a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e a foodtech brasileira iFood pretende minimizar os impactos causados pela pandemia do novo coronavírus no setor de alimentação fora do lar. A partir do dia 2 de abril, os 131 mil restaurantes que vendem pelo aplicativo de delivery poderão antecipar os lucros sem custo adicional, e ainda terão a isenção das taxas de intermediação de pedidos retirados no balcão. As medidas valem até o final do mês de maio e devem injetar R$ 600 milhões na economia.
O acordo também estabeleceu um fundo de R$ 50 milhões para a assistência a restaurantes em graves dificuldades frente à pandemia -- com foco especial nos pequenos estabelecimentos locais -- e um fundo solidário de R$ 1 milhão para os entregadores que necessitem permanecer em quarentena caso venham a ser contaminados pela doença. Os detalhes de como se beneficiar dessas medidas serão anunciados pela empresa na próxima quarta-feira (25).
Vaneska Berçani, presidente do conselho fiscal da Abrasel-PR, explica
que aguarda o detalhamento dessas medidas para medir como será o impacto na
rotina dos restaurantes. Para ela, se o acordo vier como está sendo proposto,
já será uma ajuda importante para o setor.
que aguarda o detalhamento dessas medidas para medir como será o impacto na
rotina dos restaurantes. Para ela, se o acordo vier como está sendo proposto,
já será uma ajuda importante para o setor.
“Agora nós vamos precisar todos nos ajudar, a discussão não é mais de quem ganha mais ou menos, mas sim o que podemos fazer para que todos percam menos. Precisamos que outros aplicativos também tomem medidas de ajuda ao setor”, pondera.
No entanto, Vaneska acredita que as medidas ainda não serão suficientes diante da incerteza com o avanço da covid-19. Os próprios empresários protocolaram uma petição com uma série de reivindicações para o poder público ajudar o setor a minimizar os impactos da queda de movimento nos bates e restaurantes.
Já o presidente do iFood, Fabrício Bloisi, conta que o momento é de união com os estabelecimentos, e que o delivery terá uma importância vital nos próximos meses.
“O iFood tem dialogado com as autoridades sobre o papel do delivery neste momento do Brasil, e continuaremos a oferecer as condições para que o delivery seja ferramenta funcional e agora ainda mais essencial para alimentação da população neste período”, analisa.
Medidas para o delivery
Veja o que muda na relação dos restaurantes com o iFood neste momento de crise. As medidas entram em vigor a partir do dia 2 de abril:
1- antecipação de pagamentos – nos meses de abril e maio, o pagamento pelos pedidos feitos pela plataforma será feito em até sete dias após a venda. Antes, o repasse era feito em 28 dias. Como dito anteriormente ao Bom Gourmet, a flexibilização das taxas cobradas para os pedidos de delivery ainda está sendo estudada.
2- isenção da taxa de retirada no balcão – a plataforma irá devolver integralmente a taxa de serviço da modalidade ‘Pra retirar’, na qual os clientes fazem o pedido via aplicativo e retiram no restaurante. Com isso, a expectativa é de que os estabelecimentos continuem operando mesmo sem movimento no salão. Segundo o iFood, são cerca de 120 mil restaurantes em mais de mil cidades do país que oferecem este serviço.
3- fundo de assistência – a foodtech irá destinar R$ 50 milhões para um fundo de assistência a restaurantes em dificuldades, com foco especial nos pequenos estabelecimentos locais. As regras de acesso ao fundo serão divulgadas na quarta (25).
4- fundo solidário – o iFood destinará R$ 1 milhão em assistência aos entregadores que precisem se afastar do trabalho por quarentena. Segundo a foodtech, o entregador receberá um valor baseado na média dos repasses nos últimos 30 dias, proporcional aos 14 dias de quarentena.
“Para garantir que os valores possam ser bem aproveitados pelos parceiros que realmente necessitam e tenham sido atingidos pela doença, o iFood considerará como aptos a receber o auxílio todos os entregadores com pelo menos uma entrega feita desde 01/02/2020, que foram liberados na plataforma até 15/03/2020, e que comprovarem a doença. A empresa considera como comprovação automática válida o exame positivo do COVID-19 e avaliará outras evidências passíveis de comprovação do diagnóstico da doença”, explicou em nota à reportagem.
O iFood orienta que, após abrir um chamado para reportar um diagnóstico positivo para covid-19, o entregador terá a sua conta automaticamente inativada por 14 dias e terá até 30 dias para enviar todas as evidências necessárias para receber o valor do fundo solidário.
Medidas para os consumidores
Além de auxiliar os restaurantes neste momento de incerteza, o iFood criou o formato de ‘Entrega sem Contato’ para os clientes que buscam uma prevenção a mais. De acordo com a foodtech, a medida pode ser escolhida na hora em que o pedido é feito pelo aplicativo.
“O entregador responsável pela rota será avisado e terá acesso aos direcionamentos enviados pelo cliente para que possa concluir a entrega sem interação. O chat entre entregadores e consumidores, já disponível anteriormente, pode ser utilizado ainda como ferramenta para combinar detalhes das entregas, passando a permitir o envio de fotos para facilitar a comunicação”, orienta a empresa.
A opção pela ‘Entrega sem Contato’ também será repassada aos restaurantes por meio da comanda impressa pelo gestor de pedidos. “A medida preventiva tem como objetivo proteger a saúde dos clientes da plataforma e parceiros de entrega em um momento onde a sociedade é orientada a evitar o contato pessoal”, finaliza o comunicado do iFood.
Outros aplicativos
Além do iFood, o aplicativo 99Food também anunciou medidas de ajuda aos estabelecimentos e prevenção ao avanço do novo coronavírus no Brasil, entre elas a criação de um fundo de US$ 10 milhões para ajudar motoristas e entregadores parceiros afetados pelo covid-19 nos países em que a empresa opera. Mais detalhes serão divulgados nos próximos dias.
Outra medida é o pagamento semanal dos pedidos aos restaurantes ao invés
do faturamento mensal. Os estabelecimentos também poderão ter acesso a lacres de
segurança para embalar adequadamente os alimentos e protegê-los das partículas
do ambiente durante o transporte.
do faturamento mensal. Os estabelecimentos também poderão ter acesso a lacres de
segurança para embalar adequadamente os alimentos e protegê-los das partículas
do ambiente durante o transporte.
Já os entregadores da plataforma poderão retirar kits de prevenção compostos
por máscaras da categoria N95/FFP2 e álcool em gel 70% para higienização de
mãos, bolsas e guidão das bicicletas e motocicletas.
por máscaras da categoria N95/FFP2 e álcool em gel 70% para higienização de
mãos, bolsas e guidão das bicicletas e motocicletas.
Assim como a foodtech brasileira, o 99Food implantou o formato de
entrega sem contato, em que o consumidor pode informar no chat com o entregador
parceiro a forma de entrega. Para que a opção de entrega sem contato esteja
disponível, o consumidor deve realizar o pagamento dentro da plataforma.
entrega sem contato, em que o consumidor pode informar no chat com o entregador
parceiro a forma de entrega. Para que a opção de entrega sem contato esteja
disponível, o consumidor deve realizar o pagamento dentro da plataforma.
O aplicativo também informou que vai bloquear as contas de usuários
diagnosticados com o covid-19 para evitar o contágio dos entregadores. A
empresa afirma, ainda, que todos os entregadores estão segurados contra
acidentes do momento do aceite da entrega até a finalização.
diagnosticados com o covid-19 para evitar o contágio dos entregadores. A
empresa afirma, ainda, que todos os entregadores estão segurados contra
acidentes do momento do aceite da entrega até a finalização.
Por outro lado, as medidas do UberEats para prevenir o avanço do novo coronavírus se concentram na entrega sem contato (alinhada pelo chat do aplicativo) e no pagamento de entregadores que precisem ficar em quarentena por suspeita da doença. Neste caso, a empresa levará em consideração a média de entregas diárias nos últimos seis meses de trabalho. O auxílio será válido por 14 dias.
Por fim, a Rappi informou aos usuários a implantação da entrega sem contato; a disponibilização de kits de prevenção aos entregadores com máscara, desinfetante e álcool-gel; e um fundo para proteger os motoristas afastados do trabalho – sem mencionar o valor ou a forma de acesso ao auxílio.