Águas premium chegam ao mercado brasileiro

Água que é água continua sendo insípida, inodora e incolor, assim como aprendemos na escola. Apesar disso, nenhuma marca de água mineral é igual à outra e existe uma categoria chamada “especiais”, que vem conquistando espaço no mercado brasileiro.

“Assim como o vinho, ela vem de um lugar específico e tem características específicas, de acordo com o ambiente e a composição geológica”, diz o americano Michael Mascha, sommelier de águas e autor do livro Fine Waters – A Connoisseur’s Guide to the World’s Most Distinctive Bottled Water.

Além das variações de acordo com a localização da fonte, o sommelier Daniel Santos conta que há outros requisitos para que a água seja considerada especial ou premium. “A fonte deve ser de origem demarcada, totalmente protegida do ar e qualquer contaminação externa, e ser sempre acompanhada para checagem de vulnerabilidades”, explica Santos. Ou seja, devem ser puras e não depender de qualquer processo de filtragem ou controle biológico para poderem ser consumidas.

Além disso, Santos destaca que as águas especiais têm mineralidade de bicarbonato mínima de 120 mg, o que auxilia na digestão e na manutenção do pH do corpo. A quantidade de sódio também não pode ser muito alta, para evitar o consumo excessivo do mineral.

Ao contrário do que acontece em outros países do mundo, especialmente na Europa, o Brasil ainda não tem aquilo que quem trabalha com a bebida denomina de “cultura da água”. “Você não chega a um restaurante hoje e pede uma água específica. Você pede, no máximo, uma água com ou sem gás, quente ou fria”, exemplifica o diretor da Ouro Fino, Hélio Luiz Correa.

Correa e outros profissionais da área acreditam, porém, numa mudança de atitude com relação ao assunto. Tanto que há investimento neste mercado. Segundo a gerente de marketing da importadora Porto a Porto, Camila Podolak, a empresa começou a trabalhar no ano passado com a água Voss e, desde então, trouxe também ao Brasil as marcas francesas Evian e Badoit, a última naturalmente gasosa. Além dessas, estão disponíveis para os consumidores brasileiros as italianas S. Pellegrino e Acqua Panna, e a francesa Perrier, todas importadas pela Nestlé.

As marcas nacionais também apostam na difusão da cultura da água, produzindo linhas especiais. A Ouro Fino, por exemplo, tem a linha gourmet e lançou a premium no segundo semestre de 2012. A Serra da Graciosa também produz uma linha chamada premium e lançou em agosto do ano passado a linha Finésse, com foco no mercado de restaurantes e hotéis.

Uma questão que deve ser ressaltada, porém, é que, mesmo sendo puras e de qualidade, as marcas – tanto nacionais quanto importadas – não possuem diversas fontes de extração de águas. Elas investem então em embalagens diferentes para agregar valor à água. Daí a garrafa de vidro da linha premium da Ouro Fino ou a parceria da Evian com designers e estilistas para criar embalagens para suas águas.