Seis mesas e um cardápio enxuto em uma loja pequena, a menor de um centro comercial no Batel. Foi assim que, três décadas atrás, o Taco Bar y Cocina iniciou as operações, como Taco El Pancho, um dos principais nomes da gastronomia mexicana em Curitiba.

A ideia nasceu longe da capital paranaense. Em uma viagem dos sócios aos Estados Unidos em 1993, se encantaram com os sabores e o visual da culinária mexicana, pela tequila e pela cerveja Sol, e também pela estética dos bares e restaurantes ligados ao país. De volta a Curitiba, entenderam que havia espaço para algo à época visto como exótico. "Encontramos nosso ponto e pusemos [a ideia] em prática", lembra Lincon Almeida, diretor de operações do Taco. As portas do Taco el Pancho se abriram ao público em 12 de abril de 1994.

Naquela primeira metade dos anos 1990, bares e restaurantes mexicanos eram raros no Brasil. Difícil saber quando o primeiro restaurante da categoria surgiu, mas o El Mariachi, de São Paulo, provavelmente um dos pioneiros no país, iniciou as operações em 1993. A casa encerrou as atividades como o mais antigo da capital paulista em dezembro do ano passado. O que faz pensar que o Taco pode estar, hoje, entre os restaurantes mexicanos mais antigos em atividade no Brasil.

Nachos, burritos e tacos compunham o cardápio daquele espaço pequeno, com seis mesas, instalado no mesmo local onde se encontra hoje, 30 anos depois. No bar, apenas margarita frozen e cerveja Sol. "Eram outros tempos, sem internet", recorda Lincon. "As pesquisas tinham que ser feitas em livros de culinária que achávamos em São Paulo apenas. Tinham poucos ingredientes disponíveis, e íamos na tentativa, erro e acerto", destaca, ao lembrar da dificuldade que era montar o menu de uma casa de comida mexicana. Parece outra era, em que as distâncias pareciam ainda maiores, em um mundo em que hoje é possível conhecer o menu de praticamente qualquer restaurante do mundo na tela do celular. Para quem viveu aquilo, é como se fosse ontem.

O Batel já contava com a vocação para a gastronomia e a vida noturna nos anos 90. Mas três décadas atrás, aquele canto específico, na Rua Bispo Dom José, altura do número 2.200, era um tanto diferente do atual. "O agito era na área do Kharina, então estávamos longe e meio isolados", cita Lincon.

Mas os esforços para ampliar cardápio e conquistar clientes deram resultado. Nachos, tacos e burritos, bem temperados, como manda a etiqueta da culinária Tex-Mex, trouxeram adeptos ao Taco El Pancho e ajudaram a casa a construir a reputação de referência em comida mexicana em Curitiba.

Houve um tempo em que, se você pedisse ao garçom do Taco uma dose de tequila, um mexicano de sombreiro, roupas típicas e a voz que parecia um trovão surgia do nada para trazer a bebida e servi-la de um jeito específico. Como um dos personagens do filme Três Amigos (1986), o 'tequileiro' ia até o cliente, dava as instruções para o consumo da bebida, tudo em castelhano, e quando o cliente colocava a tequila na boca, o mexicano iniciava o ritual de sacudir-lhe a cabeça para oferecer a real experiência de sentir todas as possibilidades do destilado mexicano.

"Já passaram vários [tequileiros] ao longo dos anos, mas acho que foi o Rodriguez que marcou época", relembra Lincon. "Ele fazia um show, todos curtiam muito". A aventura de ter a cabeça sacudida pelo tequileiro ao experimentar o destilado feito da planta Agave, da região que dá nome à bebida, não era para qualquer um. Mas era divertido de assistir.

O mundo é outro. O Taco é do tempo do boca à boca que conquistava novos clientes, das páginas impressas dos guias gastronômicos que referendavam a qualidade dos estabelecimentos. Hoje, ambientes instagramáveis e pratos esteticamente provocadores e a opinião compartilhada pelas redes sociais constroem (ou destroem) reputações. A casa de sabor mexicano atravessou o tempo, do início da última década do século 20 às primeiras duas do século 21, e segue como uma das referências em comida temática na cidade. "Eram outros tempos", cita o executivo. Lincon lembra que os clientes eram fotografados com câmeras analógicas, e as fotografias eram estampadas em álbuns acessíveis ao público.

O que fica para sempre são as histórias. "Trinta anos são uma vida. [São] Histórias que não acabam mais... vários casais que se conheceram aqui e agora voltam com os filhos grandes", conta Lincon.

Consolidado como referência em comida mexicana na cidade, os sócios entenderam que era hora de ampliar horizontes. No ano em que completa três décadas, a casa passa a se chamar Taco Bar y Cocina Latina. O nome revela intenções: abraçar também a gastronomia da América Latina, sem perder o DNA mexicano - nachos, tacos, fajitas e o show dos mariachis permanecem.

A proposta, agora, envolve uma viagem pelos países do continente; da Argentina, parrillas, empanadas, provoleta e choripán. Do peru, o tradicional ceviche e o arroz chaufa são duas novas atrações do cardápio, junto da Yuca Frita e a Ropa Vieja, duas referências à cozinha cubana. O frango jerky chega com misturas de temperos e especiarias jamaicanas; o Tamales vem direto da Guatemala. "Há tempos flertávamos com cozinhas latinas", reforça Lincon, sobre a ampliação do conceito da casa. "Acho que foi natural", justifica.

Inovações acompanham a expansão dos tentáculos para o continente. Alguns pratos chegam em esculturas temáticas, cujo objetivo é transportar o cliente a outras culturas. Caso do Chilli Sierra Negra, que chega à mesa como um vulcão em erupção. Os tacos são servidos em pirâmides maias, como as construções seculares do México. Há ainda a possibilidade de experimentar uma seleção de itens a bordo de uma miniatura de carro cubano clássico.

Para a sobremesa, uma piñata de chocolate que, ao ser quebrada, revela uma chuva de confeitos sobre frutas frescas. Parte de uma "abordagem lúdica", classifica o release preparado para ser enviado à imprensa, "reflexo do ambiente alegre e acolhedor

O Taco Bar y Cocina fica na Rua Dom José Bispo, 2293, no Batel, e funciona de segunda a quinta, das 18h às 23h30; sexta e sábado, das 18h à 1h. O instagram é @taco.cocinalatina