Jussara Voss
Vosso Blog de Comida
Um curso para embarcar no universo de Nina Horta e as minhas preferências
Já em abril, volto para março e depois volto para abril de novo. Começo com o mês das mulheres. Ainda precisamos de uma data para lembrar que temos conquistas sim, mas que precisamos ter mais. E o que eu queria era puxar um fio que me levasse novamente ao vídeo que gravei para a Agência Síbaris, da jornalista Joana Munne, que está no Instagram. Então, misturo dois assuntos: o vídeo e o curso do título.
Vídeo
A ideia do vídeo era de que algumas mulheres
falassem um pouco sobre si e suas preferências na gastronomia em 60
segundos. Logo depois de aceitar o desafio fui ficando agoniada, honrada
com o convite de ser uma das 31 mulheres escolhidas, porém
agoniada. Sofro com escolhas.
falassem um pouco sobre si e suas preferências na gastronomia em 60
segundos. Logo depois de aceitar o desafio fui ficando agoniada, honrada
com o convite de ser uma das 31 mulheres escolhidas, porém
agoniada. Sofro com escolhas.
Pode ser um problema do signo, que eu precisava dizer qual era. Deveria ter falado que os dois peixes, cada um nadando em uma direção, me representam. Sou assim de dar voltas, vou numa direção e de repente mudo, e de sonhar também. Acredito que Touro, o signo ascendente, tem me ajudado a colocar os pés no chão. E não pense que entendo do assunto, ou acredite muito.
Proposta
Por que falar da ideia da Síbaris? Porque entre as perguntas
estava: “se pudesse escolher em toda a história da humanidade alguém
para jantar, quem escolheria”? Muito difícil, pensei, tanta gente
que eu gostaria de uma prosa íntima em uma refeição especial: de Gandhi
até Lacan e Sócrates. Daí achei que eu deveria escolher
alguém da área, nem deu tempo de piscar e a jornalista Nina
Horta apareceu, claro. Um encontro com a “mais importante cronista de
comida do Brasil” seria o máximo, divertido também, com certeza. Mas
não é que fui atropelada por Shakespeare, o inglês foi o escolhido
– culpa das aulas e leituras sobre o autor que abracei na pandemia.
estava: “se pudesse escolher em toda a história da humanidade alguém
para jantar, quem escolheria”? Muito difícil, pensei, tanta gente
que eu gostaria de uma prosa íntima em uma refeição especial: de Gandhi
até Lacan e Sócrates. Daí achei que eu deveria escolher
alguém da área, nem deu tempo de piscar e a jornalista Nina
Horta apareceu, claro. Um encontro com a “mais importante cronista de
comida do Brasil” seria o máximo, divertido também, com certeza. Mas
não é que fui atropelada por Shakespeare, o inglês foi o escolhido
– culpa das aulas e leituras sobre o autor que abracei na pandemia.
Curso
Finalmente, chego ao curso ministrado e produzido por Luíza Fecarotta. “Fazer uma escavação arqueológica da obra de Nina Horta, que reflete astúcia na observação afetiva e crítica do cotidiano da comida” é comigo mesmo. Parece que removo um pouco da culpa de não a ter escolhido para o jantar.
Assim que a gastronomia tomou as rédeas da minha
vida, esbarrei nas colunas, publicadas no jornal Folha de São Paulo, da Nina
Horta, que morreu em 2019. Nunca mais abandonei e quase morri quando
um dia em casa abri um envelope com as receitas de um chef
famoso que tinha andado por aqui, com uma dedicatória. Então,
ela existia mesmo.
vida, esbarrei nas colunas, publicadas no jornal Folha de São Paulo, da Nina
Horta, que morreu em 2019. Nunca mais abandonei e quase morri quando
um dia em casa abri um envelope com as receitas de um chef
famoso que tinha andado por aqui, com uma dedicatória. Então,
ela existia mesmo.
Quem organiza
Fã da Luíza também, recomendo o curso para “todo
mundo que gosta de comer, cozinhar, ler e escrever”. Misturar literatura
e comida abre o meu apetite e Luísa entra na categoria
mulheres inspiradoras.
mundo que gosta de comer, cozinhar, ler e escrever”. Misturar literatura
e comida abre o meu apetite e Luísa entra na categoria
mulheres inspiradoras.
Ela é jornalista especializada em gastronomia e pós-graduanda no curso de Formação de Escritores, do Instituto Vera Cruz. Foi repórter, editora e crítica de restaurantes por 16 anos na Folha de São Paulo e responsável pela curadoria nacional do Festival e da Exposição Fartura, entre outras atividades. Veja os detalhes da inscrição indo direto para o final do post, ou continue a leitura para saber mais sobre as minhas escolhas para o vídeo.
Melhor comida
Questionada sobre a melhor comida delirei. Essa era
fácil: frango assado, criado solto e sem ração,
recheado com farofa doce e preparado por quem me criou. Daí lembrei do frango
com foie gras que vem com um ramo de lavanda e ervas
todo brilhante e exibido, servido no hotel Nomad, em Nova York, que
recomendo e não citei no vídeo. Digo sempre para convidar alguém a
dividir o prato. Quem experimenta devolve sinceros agradecimentos.
Ainda teria dito, se tivesse tempo, que o lugar tem um clima
parisiense do século passado com ar contemporâneo, merece a visita,
nem que seja para um drink em um dos bares.
fácil: frango assado, criado solto e sem ração,
recheado com farofa doce e preparado por quem me criou. Daí lembrei do frango
com foie gras que vem com um ramo de lavanda e ervas
todo brilhante e exibido, servido no hotel Nomad, em Nova York, que
recomendo e não citei no vídeo. Digo sempre para convidar alguém a
dividir o prato. Quem experimenta devolve sinceros agradecimentos.
Ainda teria dito, se tivesse tempo, que o lugar tem um clima
parisiense do século passado com ar contemporâneo, merece a visita,
nem que seja para um drink em um dos bares.
Melhor experiência
Não satisfeita em falar apenas do melhor prato,
resolvi citar as melhores refeições que já tive, fui injusta, faltaram
duas, teria muitas mais, mas daí já seria um exagero.
resolvi citar as melhores refeições que já tive, fui injusta, faltaram
duas, teria muitas mais, mas daí já seria um exagero.
Não tenho como esquecer a primeira vez que fui ao restaurante
Mugaritz, do chef Andoni Aduriz, em San Sebastián. Foi a
minha iniciação na área e a visita rendeu horas no divã, era a descoberta
de um outro mundo. Marcantes também as primeiras refeições no El
Celler da Can Roca, dos irmãos Roca, e no Asador Extebarri, do
chef Victor Arguinzoniz. Dois estilos de cozinhas diferentes que me
deixaram de boca aberta, sem adjetivos que pudessem defini-los.
Mugaritz, do chef Andoni Aduriz, em San Sebastián. Foi a
minha iniciação na área e a visita rendeu horas no divã, era a descoberta
de um outro mundo. Marcantes também as primeiras refeições no El
Celler da Can Roca, dos irmãos Roca, e no Asador Extebarri, do
chef Victor Arguinzoniz. Dois estilos de cozinhas diferentes que me
deixaram de boca aberta, sem adjetivos que pudessem defini-los.
E como não falei de Ferran Adrià, que sacudiu o mundo com o seu elBulli e formou cozinheiros com o lema da criatividade e do uso de ingredientes locais?. Jantar lá foi uma epifania. Na mesma categoria entra seu irmão Albert Adrià e os seus incríveis restaurantes em Barcelona, principalmente o 41 Grados, que me levou ao espaço não só pela comida. Cada prato vinha com uma encenação musical e imagens despertando sensações que desconhecia. Enigma herdou a proposta do restaurante, que fechou. Aliás, atualizando, pelas informações do jornalista Josimar Melo, todos os cinco restaurantes do grupo El Barri fecharam, em consequência da pandemia.
Fora também ficou o restaurante Fäviken, do chef
Magnus Nilsson, na Suécia, que infelizmente deixou fãs sem
rumo. O jantar lá foi como colocar os pés em um mundo totalmente
novo. Às vezes duvido que estive naquela fazenda em terras geladas
beirando o Polo Norte, acolhidos dentro de um antigo e aquecido celeiro.
Durante três anos contei algumas dessas experiências no Bom Gourmet, que
em breve estarão em um livro.
Magnus Nilsson, na Suécia, que infelizmente deixou fãs sem
rumo. O jantar lá foi como colocar os pés em um mundo totalmente
novo. Às vezes duvido que estive naquela fazenda em terras geladas
beirando o Polo Norte, acolhidos dentro de um antigo e aquecido celeiro.
Durante três anos contei algumas dessas experiências no Bom Gourmet, que
em breve estarão em um livro.
A pior comida
Falei que a pior comida tinha sido uma pizza em Veneza,
mas vou confessar que alguns menus-degustação provados, longe ou perto
de casa, me deram vontade de ser a Jeannie, aquela gênia
de dois mil anos de idade do seriado na TV, libertada pelo astronauta
Tony Nelson e que realizava seus desejos. Pois, o meu, às vezes, é sumir
sem deixar vestígios de pratos intocados em jantares enfadonhos.
mas vou confessar que alguns menus-degustação provados, longe ou perto
de casa, me deram vontade de ser a Jeannie, aquela gênia
de dois mil anos de idade do seriado na TV, libertada pelo astronauta
Tony Nelson e que realizava seus desejos. Pois, o meu, às vezes, é sumir
sem deixar vestígios de pratos intocados em jantares enfadonhos.
Pra terminar o interminável post confesso que me
achei muito “besta”, como diria um amigo, isso porque se fosse uma comida
eu falei que seria uma vieira (crua ou levemente grelhada) e não sei se
é porque amo o molusco ou porque sou tão reservada que pareço estar
dentro dos dois leques de uma concha. Agora, se fosse uma bebida,
falei que seria champanhe e aí não tenho desculpas de me acharem
esnobe demais, mas não sou.
achei muito “besta”, como diria um amigo, isso porque se fosse uma comida
eu falei que seria uma vieira (crua ou levemente grelhada) e não sei se
é porque amo o molusco ou porque sou tão reservada que pareço estar
dentro dos dois leques de uma concha. Agora, se fosse uma bebida,
falei que seria champanhe e aí não tenho desculpas de me acharem
esnobe demais, mas não sou.
Não sei como cheguei até aqui. Imagino que os astros ou os deuses – ando pelas páginas de tragédias gregas também – bagunçaram a minha cabeça, espero que não a do leitor. Ahh, não esqueça do curso, que começa no sábado (10/4) te espero lá.
Serviço
O quê: Nina Horta: Literatura de Sensações (curso
on-line)
on-line)
Onde: pela plataforma Zoom.
Link para inscrição no site www.aipim.etc.br
Quando: sábados, das 10h às 12h; nos dias 10/4, 17/4,
24/4 e 1/5
24/4 e 1/5
Ou terças-feiras, das 19h às 21h; nos dias 13/4,20/4, 27/4 e 4/5
Quanto: R$ 380, em até duas vezes (depósito ou pix).