Chef paranaense Alberto Landgraf abrirá restaurante em Londres

Assim que soube que Alberto Landgraf abriria um restaurante em Londres fui procura-lo. O chef paranaense estava chegando em Oslo, na Noruega, para participar como convidado do ArktiskMat, um seminário sobre comida. Me disse, ainda no avião, que poderíamos falar depois das seis da tarde, numa tentativa de driblar o fuso. Deu certo, apesar de a conversa ter começado um pouco mais tarde do que o previsto e se estender pela madrugada para ele e atrasar meu jantar. Larguei o telefone, camarões me esperavam, uma moqueca era a ideia a seguir. Escrever sobre a nossa conversa só no dia seguinte.

Feliz com o sucesso, o chef paranaense comemora com discrição e segue com disciplina e muito trabalho o novo caminho que sua carreira toma. Ele conta que sempre vê o “o copo meio cheio”, “num país com tanta desigualdade como o nosso, não tenho como reclamar, sou abençoado”. Não mesmo. Além de um contrato com o grupo We are LXA para abrir o Bossa, nome do seu novo empreendimento em Londres, a sua outra casa, o Oteque, no Rio de Janeiro, entrou no ranking da famosa lista dos melhores restaurantes do mundo, o 50 Best, e recebeu a segunda estrela do Guia Michelin. É o único brasileiro a obter esses dois reconhecimentos, isso em apenas quatro anos de existência do restaurante, lembrando que a pandemia o manteve fechado quase metade desse tempo.

Landgraf irá se dividir entre os dois endereços e vai levar parte da equipe do Oteque para tocar o Bossa, que ficará sob o comando de dois assistentes Nilson Chaves e a sommelier Lais Aoki. Perguntado como irá administrar os dois restaurantes, me diz que tem boas equipes. “São formadas com respeito, prezo a boa convivência, invisto no ambiente de trabalho e na remuneração. Levar minha equipe foi um dos motivos pelo qual aceitei a proposta do LXA”. Outro motivo é um voo direto com o Rio de Janeiro, o chef já tinha recusado propostas em destinos mais longínquos.

Para Londres, a casa fica perto da Embaixada do Brasil e deve abrir até o final do ano, ele levará a “cozinha moderna brasileira”, como define o trabalho realizado aqui, sem contar “histórias”, nem ser caricato, sem churrasco, nem feijoada. “O que importa é servir comida e bebida de qualidade, bem feita, criativa ou não, em um ambiente confortável e acolhedor”. Ele quer mostrar o que temos de melhor. O Bossa terá 50 lugares no salão, com serviço à la carte, e 10 lugares em espaço exclusivo para menu-degustação. Depois da onda de restaurantes peruanos e mexicanos, o Brasil ganha um reforço para mostrar a sua gastronomia com Landgraf, além de Rodrigo Oliveira, do Mocotó, que abriu recentemente um restaurante em Los Angeles, nos Estados Unidos. Temos outros chefs trabalhando no exterior, em Paris e Londres, por exemplo, mas eles não têm casas aqui.

Alberto Landgraf é eclético, pode ser encontrado em um concerto de rock ou em uma ópera, em uma mesa de poker, negociando contratos, ou na cozinha do premiado Oteque, claro. Sempre focado, um dos seus trunfos, é ser estratégico e paciente, não tem muita pressa para alcançar seus objetivos.

“Eu me preparei para esse momento”, diz. O chef calcula seus passos com precisão, resultado da herança familiar, origem japonesa e germânica, e da formação, é graduado em Física. Coloca os pés em Londres, no Rio de Janeiro e no mundo e a cabeça voa. Difícil mesmo para ele é acalmar sua mente sempre com mil ideias. Conta que dorme em um quarto vazio, totalmente branco, sem televisão ou telefone, para ter um bom sono, mas pode recorrer a terapias ou meditação também, se necessário. “Consigo me concentrar no que estou fazendo e tenho em mente a busca pela beleza. É preciso procurar o belo para criar”, diz. Por enquanto, Landgraf lamenta apenas que não realizou ainda o sonho de ser pai.

Bossa
4, Vere Street
Londres

Oteque
Conde de Irajá, 581
21 3486-5758

Rio de Janeiro - RJ
Reservas info@oteque.com
@albertolandgraf