Jussara Voss
Vosso Blog de Comida
Banana Crème Brûlèe e um pouco de história
Quase impossível não querer provar um potinho desse creme leve, aerado, com uma fina camada de caramelo crocante na superfície. É o nosso conhecido crème brûlèe que nesta receita ganha companhia e sabor de bananas caturras maduras.
É um toque tropical no “creme queimado”, o clássico doce francês. Acho que todo mundo sabe a história que ronda a disputa pela criação – os espanhóis defendem a sua origem. O “crema catalana” teria sido criado no século XVII e é igualmente famoso, porém, a primeira vez que a receita apareceu foi na obra Le Cuisinier Roial et Bourgeois, de François Massialot, em 1962, e marcou a origem francesa. A referência está em Comida & Cozinha, de Harold McGee.
Seu sucesso, imagino, também se deve ao fato de ser muito fácil de preparar. Então, vamos
deixar as letras descansarem e ir direto à receita.
deixar as letras descansarem e ir direto à receita.
Aconselho comprar um maçarico, fica mais fácil, apesar de
várias receitas darem dicas para caramelizar sem ele. Nunca fiz sem.
várias receitas darem dicas para caramelizar sem ele. Nunca fiz sem.
Para dispensar o maçarico leve os potinhos com a camada de açúcar por cima ao forno quente, numa forma com gelo picado, deixe por dois minutos,
vigiando o processo. Se tentar, comente
aqui se deu certo.
vigiando o processo. Se tentar, comente
aqui se deu certo.
O rendimento depende dos potes
utilizados, se forem grandes teremos
quatro porções, ou mais se optar
pelos menores, o que eu prefiro.
utilizados, se forem grandes teremos
quatro porções, ou mais se optar
pelos menores, o que eu prefiro.
Modo de preparar
Apetite por Paixão
Agora, para quem tem fome de conhecimento, volto agitar as letrinhas para falar sobre a obra “Apetite por paixão”, origem da receita.
Gosto tanto desse livro que a L&PM Editores lançou no Brasil
no verão de 1996 que acabei comprando dois
exemplares, pois tenho a sorte de cozinhar
em dois lugares.
no verão de 1996 que acabei comprando dois
exemplares, pois tenho a sorte de cozinhar
em dois lugares.
O prefácio é da Laura Esquivel, que não testou as
receitas, isso ficou sob a responsabilidade de Ann Swain Catering – com esse sobrenome não poderia ficar longe da cozinha. Laura é autora de “Como água para chocolate”, que virou filme.
receitas, isso ficou sob a responsabilidade de Ann Swain Catering – com esse sobrenome não poderia ficar longe da cozinha. Laura é autora de “Como água para chocolate”, que virou filme.
“O valor do amor está acima de todos os outros.
Para mim, tudo que vale a pena é realizado com amor”, escreveu. Escolhi a frase
dela para dizer que é o ingrediente
que mais faz falta na cozinha. Sem
ele não vai dar para cozinhar bem.
Para mim, tudo que vale a pena é realizado com amor”, escreveu. Escolhi a frase
dela para dizer que é o ingrediente
que mais faz falta na cozinha. Sem
ele não vai dar para cozinhar bem.
Ela diz e eu concordo que “... podemos impregnar a comida com emoção, assim como qualquer coisa a que nos dediquemos. Quando essa carga afetiva é poderosa, é impossível que passe despercebida. Os outros podem sentir, podem tocar, podem apreciar”. Quase quero colocar todas as suas palavras aqui. Corro o risco de extrapolar as linhas permitidas. Tenho esse defeito, dentre outros. No último post até o título ficou gordo.
O livro tem uma série de receitas fáceis, instigantes e deliciosas, pelo menos aquelas que eu testei. A do “pato com laranja” até criança faria, acho que não, pois é “bêbado”, melhor deixar as crianças longe. É único.
“Os ingredientes evocam imagens de lugares exóticos e povos ardentes, músicas, danças, e paixão pela vida”, está lá. Aguarde cenas forte e ditos populares inspiradores, tudo no recheio.
O escritor John Willoughby assina a introdução e os
textos. Fala da magia da comida, a ligação com bruxaria, dos rituais,
lendas “... combustível do nosso corpo,
mas também uma fonte de prazer sensual
que enriquece a nossa vida”. Ele diz
que encontraremos receitas inspiradas no realismo do filme (corra
ver se ainda não assistiu), assim como receitas
de chefs famosos e as saudáveis. “...porque as paixões físicas talvez sejam melhor
estimuladas com o que faz bem para o
corpo”.
textos. Fala da magia da comida, a ligação com bruxaria, dos rituais,
lendas “... combustível do nosso corpo,
mas também uma fonte de prazer sensual
que enriquece a nossa vida”. Ele diz
que encontraremos receitas inspiradas no realismo do filme (corra
ver se ainda não assistiu), assim como receitas
de chefs famosos e as saudáveis. “...porque as paixões físicas talvez sejam melhor
estimuladas com o que faz bem para o
corpo”.
Termino o longo post, reforçando o que a personagem do filme fala “o truque é usar bastante amor”. Um pouco de lirismo em tempos de pandemia para nos ajudar a sobreviver.