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É de banana

Jussara Voss

Vosso Blog de Comida

Banana Crème Brûlèe e um pouco de história

22/12/2020 17:00
Quase impossível não querer provar um potinho desse creme leve, aerado, com uma fina camada de caramelo crocante na superfície. É o nosso conhecido crème brûlèe que nesta receita ganha companhia e sabor de bananas caturras maduras.
É um toque tropical no “creme queimado”, o clássico doce francês. Acho que todo mundo sabe a história que ronda a disputa pela criação – os espanhóis defendem a sua origem. O “crema catalana” teria sido criado no século XVII e é igualmente famoso, porém, a primeira vez que a receita apareceu foi na obra Le Cuisinier Roial et Bourgeois, de François Massialot, em 1962, e marcou a origem francesa. A referência está em Comida & Cozinha, de Harold McGee.
Seu sucesso, imagino, também se deve ao fato de ser muito fácil de preparar. Então, vamos
deixar as letras descansarem e ir direto à receita.
Aconselho comprar um maçarico, fica mais fácil, apesar de
várias receitas darem dicas para caramelizar sem ele. Nunca fiz sem.
Para dispensar o maçarico leve os potinhos com a camada de açúcar por cima ao forno quente, numa forma com gelo picado, deixe por dois minutos,
vigiando o processo. Se tentar, comente
aqui se deu certo.
O rendimento depende dos potes
utilizados, se forem grandes teremos
quatro porções, ou mais se optar
pelos menores, o que eu prefiro.
Modo de preparar
Apetite por Paixão
Agora, para quem tem fome de conhecimento, volto agitar as letrinhas para falar sobre a obra “Apetite por paixão”, origem da receita.
Gosto tanto desse livro que a L&PM Editores lançou no Brasil
no verão de 1996 que acabei comprando dois
exemplares
, pois tenho a sorte de cozinhar
em dois lugares.
O prefácio é da Laura Esquivel, que não testou as
receitas, isso ficou sob a responsabilidade de Ann Swain Catering – com esse sobrenome não poderia ficar longe da cozinha. Laura é autora de “Como água para chocolate”, que virou filme.
“O valor do amor está acima de todos os outros.
Para mim, tudo que vale a pena é realizado com amor”, escreveu. Escolhi a frase
dela para dizer que é o ingrediente
que mais faz falta na cozinha. Sem
ele não vai dar para cozinhar bem.
Ela diz e eu concordo que “... podemos impregnar a comida com emoção, assim como qualquer coisa a que nos dediquemos. Quando essa carga afetiva é poderosa, é impossível que passe despercebida. Os outros podem sentir, podem tocar, podem apreciar”. Quase quero colocar todas as suas palavras aqui. Corro o risco de extrapolar as linhas permitidas. Tenho esse defeito, dentre outros. No último post até o título ficou gordo.
O livro tem uma série de receitas fáceis, instigantes e deliciosas, pelo menos aquelas que eu testei. A do “pato com laranja” até criança faria, acho que não, pois é “bêbado”, melhor deixar as crianças longe. É único.
“Os ingredientes evocam imagens de lugares exóticos e povos ardentes, músicas, danças, e paixão pela vida”, está lá. Aguarde cenas forte e ditos populares inspiradores, tudo no recheio.
O escritor John Willoughby assina a introdução e os
textos. Fala da magia da comida, a ligação com bruxaria, dos rituais,
lendas “... combustível do nosso corpo,
mas também uma fonte de prazer sensual
que enriquece a nossa vida”. Ele diz
que encontraremos receitas inspiradas no realismo do filme (corra
ver se ainda não assistiu), assim como receitas
de chefs
famosos e as saudáveis. “...porque as paixões físicas talvez sejam melhor
estimuladas com o que faz bem para o
corpo
”.
Termino o longo post, reforçando o que a personagem do filme fala “o truque é usar bastante amor”. Um pouco de lirismo em tempos de pandemia para nos ajudar a sobreviver.

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