Anacreon de Téos
Panela do Anacreon
Sem o Fujii não dá para ter lista dos melhores japoneses de Curitiba
Tirashi do Fujii, com fatias de peixes, outros frutos do mar, ovas e tamagoyaki sobre shari. Foto: Anacreon de Téos
Não há como tentar classificar os cinco melhores restaurantes japoneses de Curitiba sem passar pelo Fujii. Diria até mais: não dá para listar os três melhores.
O restaurante, situado no Mercado Municipal de Curitiba, é parada obrigatória para quem pretende entender e captar alguma coisa dos sabores orientais. Japoneses, especificamente. Nada de salmão disso e salmão daquilo, tampouco rodízio, volume, exagero, coisas assim.
Até tem salmão, mas na medida que os japoneses apreciam. Uma barriga gorda aqui e talvez mais nada ali. Quem vai ao Japão ou estudou um pouco melhor a culinária daquele país sabe ao que estou me referindo.
Nem salmão nem cream cheese, vale ressaltar. Isso é coisa de norte-americano, que os brasileiros importaram e adotaram e hoje prolifera nessa infinidade de casas abertas pelo país – em Curitiba não é diferente – e que desvia o foco dos melhores sabores nipônicos para um estereótipo de menu que nada condiz com o que eles consomem e apreciam.
Dá para classificar como uma incursão brasileira em uma das tantas infelizes colaborações da cozinha estadunidense, como aquela que inundar pizza com catchup ou cobrir de batatas fritas. Enfim, ideias infelizes, que eles adoram por lá e encontraram muito seguidores por aqui.
No Fuji, nada disso se encontra. Desde que Osvaldo Fujii, há 20 anos, se estabeleceu num pequeno espaço de 20 m², logo na entrada principal do Mercado Municipal, ao lado da tradicional barbearia do seo Yoshida, sempre servindo pratos quentes, sushis e sashimis à la carte, foi possível entender como eram os verdadeiros sabores da comida japonesa.
Com a inauguração da nova praça de alimentação, em 2012, o Fujii ganhou um espaço maior e aí teve a chance de ampliar o cardápio, sempre desenvolvendo e aprimorando técnicas, em grande parte com ensinamentos de Toshiharu Tawamoto (conhecido como Sr. Henrique), um imigrante japonês que durante um bom tempo trabalhou no restaurante e passou muito de seus conhecimentos gastronômicos para a família, unindo às receitas caseiras e paladar de Ayami Fujii, esposa de Osvaldo.
Hoje em dia, o filho, Vinícius Fujii preza pela manutenção de toda a tradição, tantos nos pratos frios quanto nos quentes, sempre irrepreensíveis.
Até sugiro, sempre que possível, que lá se vá em duas vezes. Para quentes e frios. A variação é tão interessante que merece ser quebrada em capítulos. Não há como sair de um Tirashi (fatias de peixes do dia, tamagoyaki – a omelete deles - e ovas do dia sobre shari, que é o arroz de sushi), por exemplo, e cair no lámen. Não no mesmo dia, na mesma ocasião, acho que não dá para aproveitar direito.
Então, vamos por partes, começando pelos frios. Se for possível, procure lugar no balcão, onde é possível acompanhar o trabalho dos sushimen, Vinícius & Cia. Em dias mais tranquilos dá para pedir omakase e deixar tudo por conta do sushiman, passo a passo. Se a casa estiver mais agitada e não for possível essa dedicação quase exclusiva, aposte no tirashi, que, no fundo do fundo, é quase isso, só que vem tudo junto, numa tigela colorida.
Foi o que me coube, dias atrás, num almoço de sexta-feira. E que tigela! Havia ali, simplesmente, peixe serra, carapau, atum bluefin, atum akami e chutoro, robalo, linguado, olhete, buri (yellow tail), uni (ouriço), polvo, camarão, caranguejo das neves e vieiras. Para completar, ovas de ikura (de salmão – sim, o salmão finalmente apareceu, mas só em ovas). O shari, debaixo de tudo isso, ainda tinha, espalhados por cima e por dentro, vôngoles.
Bem, primeiro veio um Missoshiru adequado, para inserir no clima - – que é aquela sopa de missô, basicamente feita com missô, soja, hondashi, tofu e alguns complementos, que podem ser até conchas de vôngole. Daí chegou o Tirashi (R$ 170, o preço básico, com direito a escolher a espécie de atum e aí varia), com tudo o que descrevi ali em cima.
Há, sim, combinados – e aí até tem salmão, mas não espere nada de cream cheese.
Para não desviar o foco, volto outro dia para falar dos quentes. E de um dos melhores lámens que conheço e ainda outras interessantes sugestões de pratos – confira o cardápio completo aqui.
Ah, sim... o wasabi deles é fresco, ralado, nada disso de pozinho ou pomada.
O restaurante também trabalha com delivery. Funciona de terça a sábado, das 11h30 às 16h, e domingos, das 11h30 às 15h (fecha sempre nos últimos domingos do mês).
Fujii Cozinha Japonesa
Mercado Municipal de Curitiba - Box 194
Avenida Sete de Setembro, 1865 - Centro
Telefone e WhatsApp: (41) 3114-8393
Instagram: @fujii.cozinhajaponesa