Anacreon de Téos

Panela do Anacreon

Sem alarde, Hai Yo tem novos - e deliciosos - pratos entrando no menu

25/06/2025 14:19
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Curry vermelho de Carabineiro, lula e mexilhão, com um toque de lichia, coentro e amendoim - prato novo do Hai Yo. !Foto: Anacreon de Téos

Estava achando estranho o silêncio, o sumiço do chef Lucas Coelho, do restaurante HaiYo – uma das principais referências da cozinha asiática em Curitiba. Não resisti e fui lá, tentar descobrir o que poderia estar acontecendo.
E dei sorte. Já de pronto vi uma agitação em torno de alguns pratos dispostos sobre uma das mesas. Eram aqueles selecionados para o 2º Circuito Bom Gourmet de Inverno (que vai até o dia 3 de agosto, em mais de 150 estabelecimentos de Curitiba e região – confira aqui todos os detalhes), do qual o Hai Yo participa pela primeira vez.
Mas aí, conversando com o chef, descobri que haverá também novidades no menu fixo da casa. E como não costumo deixar passar oportunidades como essa, logo me insinuei e ele se propôs a apresentar alguns de seus lançamentos, que custaram esses últimos meses de criação e planejamento.
E, como não poderia deixar de ser, foi um show. Depois da bandeja de Edamame, protocolar, começou com Ostra - ostra para degustar com a concha, temperada com flor de sal, ovas com yuzu, gema de codorna e ikura e, por cima, um pó de hibisco.
Edamame, para começar. |Foto: Anacreon de Téos
Edamame, para começar. |Foto: Anacreon de Téos
Ostra para degustar com a concha, temperada com flor de sal, ovas com yuzu, gema de codorna e ikura e, por cima, um pó de hibisco. |Foto: Anacreon de Téos
Ostra para degustar com a concha, temperada com flor de sal, ovas com yuzu, gema de codorna e ikura e, por cima, um pó de hibisco. |Foto: Anacreon de Téos
Fazia tempo que Lucas Coelho vinha avaliando como reconstruir uma concha de ostra, para obter o formato, permitindo que fosse comestível. Algumas experiências não deram bons resultados, outras chegaram quase no ponto e ele continuou no laboratório, tentando e testando. E finalmente saiu: a massa é composta de dashi, farinha de trigo, amido de milho e sal e é acomodada em um molde (ele descobriu e mandou vir da Holanda), que vai à fritura (com molde e tudo), até ganhar consistência.
As conchas das ostras, depois de fritas e prontas para serem recheadas. |Foto: Anacreon de Téos
As conchas das ostras, depois de fritas e prontas para serem recheadas. |Foto: Anacreon de Téos
O molde para confeccionar as conchas veio da Holanda. |Foto: Anacreon de Téos
O molde para confeccionar as conchas veio da Holanda. |Foto: Anacreon de Téos
Fica incrivelmente parecida com a concha original e se o garçom não orienta os comensais e degustarem, pode apostar que fica no prato. O conteúdo da concha é praticamente o mesmo desde sempre no Hai Yo, mas que o pó de hibisco dá um toque final cativante, isso dá.
Em seguida, Maguro zuke, um sashimi de atum “cozido” no dashi e marinado em shoyu, finalizado com mel de pimenta fermentada e gengibre fresco ralado. A marinada acentua a coloração e dá mais intensidade de sabor aos pedaços do peixe.
<em>Maguro zuke</em> - sashimi de atum “cozido” no dashi e marinado em shoyu, finalizado com mel de pimenta fermentada e gengibre fresco ralado.|Foto: Anacreon de Téos
Maguro zuke - sashimi de atum “cozido” no dashi e marinado em shoyu, finalizado com mel de pimenta fermentada e gengibre fresco ralado.|Foto: Anacreon de Téos
O prato quente, que veio para fechar a linha dos salgados, foi primoroso: Curry vermelho de carabineiro, lula e mexilhão, com um toque de lichia, coentro e amendoim. O curry é feito pelo próprio chef, a partir de uma pasta importada da Tailândia, e enlaça o carabineiro (que é aquele camarão gigante) com muita sutileza, completando o sabor final com os demais pescados, enquanto a lichia puxa pelo agridoce e o amendoim dá a crocância necessária. Como eu já disse, nenhum desses pratos ainda está no cardápio, mas podem ser servidos caso o cliente peça. Pode pedir esse, sem erro de ser feliz (o nível de pimenta é do padrão brasileiro, mas se alguém quiser se sentir mesmo na Tailândia, pode pedir reforço que eles não fazem cerimônia nenhuma.
Mochi (releitura do sakura mochi), a sobremesas. | Foto: Anacreon de Téos
Mochi (releitura do sakura mochi), a sobremesas. | Foto: Anacreon de Téos
De sobremesa, Mochi – uma releitura do Sakura mochi, com recheio de ganache de chocolate meio amargo, com amarena e pimenta dedo-de-moça. Mochi é um bolinho, com pequena variação entre o que se encontra no Japão e o chinês. Como todo doce daquelas bandas, não é exageradamente doce e essa combinação de itens criada pelo chef se deu muito bem.
Senti um brilho renovado nos olhos do chef, o que é bom sinal, resultando em mais inspirações como essas que citei aqui. Além, é claro, do bom menu fixo que já existe já casa, com pratos consolidados e identificados com o astral do Hai Yo.
Vale a visita, que certamente será prazerosa.
Hai Yo
Rua Visconde de Nácar, 1424 – Centro
Hotel Grand Mercure Curitiba Rayon)
Reservas pelo Fone/WhatsApp: (41) 99961-1599
{Ah, sim, sobre as semanas (digamos) sabáticas de Lucas Coelho e seu restaurante, obtive a informação. É que tudo por lá está passando por uma grande reformulação e o Hai Yo está em processo de desligamento do Grand Mercure Curitiba Rayon, onde está localizado. Permanecerá por lá, mas sob uma nova pessoa jurídica, de administração própria, com Lucas Coelho assumindo tudo, desde as compras até a administração. O que, certamente, dará mais agilidade do setor de comprar do restaurante, que não terá mais que passar pela natural burocracia de uma empresa grande.}