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Pé de moleque feito em casa, apenas com rapadura, amendoim e água (Louça e talher: Anita Rosa, Objetos Autorais / LA Oficina Cerâmica).

Anacreon de Téos

Panela do Anacreon

O melhor Pé de moleque, feito em casa, apenas com água e dois ingredientes

10/01/2023 16:07
Memória de infância,
lembranças muito queridas de meu pai, que não era do dia a dia na cozinha, mas
tinha algumas especialidades nas quais era imbatível.
Metódico, perfeccionista, era
sempre solicitado a resolver os assuntos mais complicados e mais detalhados
antes de um preparo. Eram vários, mas dois deles não me esqueço até hoje:
limpar tainha e rins de boi. Limpar mesmo, não deixar pista nenhuma.
No peixe, ele começava do
zero, escamava, abria e retirava todos os espinhos. Todos, eu disse. Com a
pontinha do canivete cutucava um a um e ia retirando, deixando tudo impecável,
pronto para receber o recheio, de preferência com as ovas incluídas.
No rim, com o mesmo canivete
afiadíssimo (de tanto afiar, e ele mesmo afiava numa pedra de rio, a lâmina ia
ficando curta, até atingir alguns poucos centímetros, que era quando ele
trocava) ele retirava a carne, em pedaços, sempre desviando os vasos, que dão o
cheiro desagradável. Era um jogo de paciência, muita paciência.
Como paciência era fundamental
para fazer pé de moleque. E ele fazia tudo, desde o início, como comprar
amendoim cru e com casca, para assar no forno, observando sempre, para não
queimar, para daí esfregar com as mãos e assoprar as casquinhas que se soltavam
(hoje isso não é mais necessário, pois é possível encontrar amendoim torrado e
descascado nos mercados).
Feito isso, hora de fazer o
doce. Já tinha comprado a rapadura de um produtor lá de Tomazina, terra dele,
de onde também comprava uma pinguinha branca, mais do que especial. Daí era só
quebrar em pedaços e jogar na panela (de ferro, preferencialmente), com um
pouco de água e deixar apurar.
Na finalização, um pouco de
manteiga, para dar brilho e mais liga e então esparramar sobre uma superfície
untada plana, de pedra, mármore ou algo assemelhado. Além de untar ele
espalhava fubá por cima, para ter certeza absoluta de não gruda.
O mais difícil para nós,
filhos gulosos, era esperar o pé de moleque esfriar, para que ele cortasse em
pedaços e nos oferecesse à degustação. Contida, ele recomendava, para que
sobrasse para os próximos dias também.
A receita que trago aqui é
exatamente a dele, só com estes três ingredientes que descrevi. Nada de leite
condensado, glucose chocolate e sei lá mais o quê.
A rapadura consegui em
Diamantina, Minas Gerais, em visita recente que fiz ao meu filho, nora e netos
queridos.
Pode arriscar fazer, que dá
muito certo. Difícil vai ser durar muito tempo.
Bom proveito!

(*Leitores que acessam o app Gazeta do Povo via Android podem ter dificuldades para ver as receitas. Nesse caso, recomendamos que acessem o conteúdo via navegador. Nossa equipe técnica já está trabalhando para solucionar esse problema.)

Pé de moleque pronto e servido. Difícil é conseguir parar de comer.
Pé de moleque pronto e servido. Difícil é conseguir parar de comer.
  • 1 kg de rapadura
  • 400g de amendoim torrado e sem casca nem sal
  • 2 colheres (sopa) de manteiga
  • 150 ml de água
  1. Corte a rapadura em pedaços e leve a uma panela com a água, deixando desmanchar, até chegar ao ponto de bala.
  2. Desligue o fogo, junte o amendoim e a manteiga.
  3. Mexa bem, enquanto esfria, até sentir que começa a se solidificar.
  4. Despeje sobre uma superfície de mármore untada, espalhe bem e deixe esfriar.
  5. Corte em pedaços.
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