Anacreon de Téos
Panela do Anacreon
O melhor Pé de moleque, feito em casa, apenas com água e dois ingredientes
Memória de infância,
lembranças muito queridas de meu pai, que não era do dia a dia na cozinha, mas
tinha algumas especialidades nas quais era imbatível.
lembranças muito queridas de meu pai, que não era do dia a dia na cozinha, mas
tinha algumas especialidades nas quais era imbatível.
Metódico, perfeccionista, era
sempre solicitado a resolver os assuntos mais complicados e mais detalhados
antes de um preparo. Eram vários, mas dois deles não me esqueço até hoje:
limpar tainha e rins de boi. Limpar mesmo, não deixar pista nenhuma.
sempre solicitado a resolver os assuntos mais complicados e mais detalhados
antes de um preparo. Eram vários, mas dois deles não me esqueço até hoje:
limpar tainha e rins de boi. Limpar mesmo, não deixar pista nenhuma.
No peixe, ele começava do
zero, escamava, abria e retirava todos os espinhos. Todos, eu disse. Com a
pontinha do canivete cutucava um a um e ia retirando, deixando tudo impecável,
pronto para receber o recheio, de preferência com as ovas incluídas.
zero, escamava, abria e retirava todos os espinhos. Todos, eu disse. Com a
pontinha do canivete cutucava um a um e ia retirando, deixando tudo impecável,
pronto para receber o recheio, de preferência com as ovas incluídas.
No rim, com o mesmo canivete
afiadíssimo (de tanto afiar, e ele mesmo afiava numa pedra de rio, a lâmina ia
ficando curta, até atingir alguns poucos centímetros, que era quando ele
trocava) ele retirava a carne, em pedaços, sempre desviando os vasos, que dão o
cheiro desagradável. Era um jogo de paciência, muita paciência.
afiadíssimo (de tanto afiar, e ele mesmo afiava numa pedra de rio, a lâmina ia
ficando curta, até atingir alguns poucos centímetros, que era quando ele
trocava) ele retirava a carne, em pedaços, sempre desviando os vasos, que dão o
cheiro desagradável. Era um jogo de paciência, muita paciência.
Como paciência era fundamental
para fazer pé de moleque. E ele fazia tudo, desde o início, como comprar
amendoim cru e com casca, para assar no forno, observando sempre, para não
queimar, para daí esfregar com as mãos e assoprar as casquinhas que se soltavam
(hoje isso não é mais necessário, pois é possível encontrar amendoim torrado e
descascado nos mercados).
para fazer pé de moleque. E ele fazia tudo, desde o início, como comprar
amendoim cru e com casca, para assar no forno, observando sempre, para não
queimar, para daí esfregar com as mãos e assoprar as casquinhas que se soltavam
(hoje isso não é mais necessário, pois é possível encontrar amendoim torrado e
descascado nos mercados).
Feito isso, hora de fazer o
doce. Já tinha comprado a rapadura de um produtor lá de Tomazina, terra dele,
de onde também comprava uma pinguinha branca, mais do que especial. Daí era só
quebrar em pedaços e jogar na panela (de ferro, preferencialmente), com um
pouco de água e deixar apurar.
doce. Já tinha comprado a rapadura de um produtor lá de Tomazina, terra dele,
de onde também comprava uma pinguinha branca, mais do que especial. Daí era só
quebrar em pedaços e jogar na panela (de ferro, preferencialmente), com um
pouco de água e deixar apurar.
Na finalização, um pouco de
manteiga, para dar brilho e mais liga e então esparramar sobre uma superfície
untada plana, de pedra, mármore ou algo assemelhado. Além de untar ele
espalhava fubá por cima, para ter certeza absoluta de não gruda.
manteiga, para dar brilho e mais liga e então esparramar sobre uma superfície
untada plana, de pedra, mármore ou algo assemelhado. Além de untar ele
espalhava fubá por cima, para ter certeza absoluta de não gruda.
O mais difícil para nós,
filhos gulosos, era esperar o pé de moleque esfriar, para que ele cortasse em
pedaços e nos oferecesse à degustação. Contida, ele recomendava, para que
sobrasse para os próximos dias também.
filhos gulosos, era esperar o pé de moleque esfriar, para que ele cortasse em
pedaços e nos oferecesse à degustação. Contida, ele recomendava, para que
sobrasse para os próximos dias também.
A receita que trago aqui é
exatamente a dele, só com estes três ingredientes que descrevi. Nada de leite
condensado, glucose chocolate e sei lá mais o quê.
exatamente a dele, só com estes três ingredientes que descrevi. Nada de leite
condensado, glucose chocolate e sei lá mais o quê.
A rapadura consegui em
Diamantina, Minas Gerais, em visita recente que fiz ao meu filho, nora e netos
queridos.
Diamantina, Minas Gerais, em visita recente que fiz ao meu filho, nora e netos
queridos.
Pode arriscar fazer, que dá
muito certo. Difícil vai ser durar muito tempo.
muito certo. Difícil vai ser durar muito tempo.
Bom proveito!
(*Leitores que acessam o app Gazeta do Povo via Android podem ter dificuldades para ver as receitas. Nesse caso, recomendamos que acessem o conteúdo via navegador. Nossa equipe técnica já está trabalhando para solucionar esse problema.)
- 1 kg de rapadura
- 400g de amendoim torrado e sem casca nem sal
- 2 colheres (sopa) de manteiga
- 150 ml de água
- Corte a rapadura em pedaços e leve a uma panela com a água, deixando desmanchar, até chegar ao ponto de bala.
- Desligue o fogo, junte o amendoim e a manteiga.
- Mexa bem, enquanto esfria, até sentir que começa a se solidificar.
- Despeje sobre uma superfície de mármore untada, espalhe bem e deixe esfriar.
- Corte em pedaços.
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