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O tradicional Carneiro no buraco, só que feito na panela de barro, para tentar manter a temperatura alta e constante no cozimento.

Anacreon de Téos

Panela do Anacreon

O cordeiro para a Páscoa. Sim, cordeiro e não bacalhau, como se pensa

07/04/2023 17:02
Passei no Mercado Municipal
nesta sexta santa para comprar um cordeiro para o almoço de Páscoa e fiquei
impressionado com a fila nas peixarias. Só que já estava passando a hora do
almoço e não daria tempo de fazer mais nada de peixe ou o que fosse.
Embora se repita a cada ano –
e a desse foi menor do que a do ano passado, por exemplo -, fico intrigado com
a fila que se forma em cada estabelecimento que vende esses pescados em dias de
restrição de Semana Santa. É como se o mundo decidisse de uma vez por todas que
está a fim de comer peixes e frutos do mar, como se não houvesse nada mais pela
frente.
Logo eu, apreciador de
pescados que sou...
Mas que soa estranho, soa. Tão
estranho quanto a proposta de um prato no bacalhau no domingo de Páscoa. Nada a
ver – e já escrevi sobre isso tempos atrás, quando ofereci uma saborosa receita
de Bacalhau Espiritual para a
Sexta-feira Santa, aí sim o dia do bacalhau (confira
aqui
).
Pois agora que está chegando o
domingo, vamos, então, nos preparar para um belo e delicioso prato com cordeiro,
seguindo, então, a tradição que vem desde a antiguidade.
Sim, o Antigo Testamento
registra a comemoração da passagem do Mar Vermelho pelos judeus, deixando o
Egito, onde eram escravos. O cordeiro era sacrificado no templo, no primeiro
dia da Páscoa, como memorial da libertação do Egito, na qual o sangue do
cordeiro foi o sinal que livrou os seus primogênitos.
O costume se arraigou por
outros povos, especialmente entre os católicos, que não comiam carne durante a
Quaresma (ultimamente não mais tanto, mas preservam basicamente a Semana Santa)
e tinham no domingo da ressurreição justamente a data para consumir o cordeiro,
símbolo da ressurreição, o “cordeiro de Deus”.
Nada mais inspirador,
portanto, para um cordeiro no almoço de domingo, depois dos peixes e do
bacalhau da Sexta-feira Santa.
O tradicional era o cordeiro
inteiro – ou pelo menos um de seus quartos.
Receitas há várias, nenhuma
delas com grandes exigências, mas apenas com a necessidade de comprar a carne
pelo menos um dia antes, para poder melhor adequar os temperos.
A peça a escolher pode ser de
acordo com a preferência. Pernil, paleta, costela, carré, lombo, mignon, qual
apetecer mais, conforme a vontade e o desejo de cada um.
Pensei em fazer, dessa vez, um
prato com certificação paranaense, o Carneiro
no Buraco
, que chama toda a atenção para a festa que se realiza em Campo
Mourão, no Noroeste do Paraná.
Carneiro no buraco sem buraco,
evidentemente. Mas tentando ser o mais fiel à receita original, com um alguns
pontos de inspiração em uma receita deliciosa de um Carneiro atolado, feita
pelo Marcos Adur (da Dom Carneiro) e que já publiquei há um bom tempo (mas
pode conferir aqui
).
A recomendação é usar panelas
grandes e mais reforçadas (de ferro, de barro, de cerâmica ou de fundo triplo),
para evitar perda de calor durante o cozimento. Como ocorre com boa parte das
carnes, é preciso começar na véspera, marinando a carne do carneiro (ou
cordeiro), para agregar todo o sabor possível.
Vamos, então, ao nosso
carneiro da Páscoa?
Bom apetite!
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