Mercearia Bresser lança pizza de camarão. Sim, e não é que é muito boa?

Conversa fiada – foi o que respondi quando Glauco Barranco me contou estar lançando uma pizza de camarão, incluindo no menu da Mercearia Bresser (Barranco é um dos sócios da casa, com Eduardo Vivacqua e Murilo Prieto).

É que as tentativas anteriores que eu havia provado eram horríveis. Ou o camarão ficava esturricado ou chicletudo, perdendo todo aquele sabor e aquela textura que todos nós admiramos. Jamais poderia chamar de heresia, pois sei que há pizzas de camarões na Itália. E em diversas versões, aprovadas pelos italianos, embora eu não tenha provado uma por lá.

Mas ele confirmou que os testes haviam acabado e que a pizza começaria a ser servida. e contou também a origem de toda aquela história. Pressão do Bernardo Fuck – grande amigo dele e parceiro de tênis -, sócio-proprietário da Trapiche Pescados, que evidentemente estava tentando vender seu peixe. Melhor, seu camarão.

Pois a tal pizza de camarão entrou em cartaz, integrando os menus das duas unidades da Bresser em Curitiba. Será que vai dar certo? – perguntei para ele. E Barranco me desafiou a conhecê-la.

Ainda desconfiado, apareci noite dessas por lá. Além do anfitrião, Bernardo Fuck também estava presente, como autor intelectual daquilo (e ainda Eduardo Vivacqua). A pizza seria servida e o mistério finalmente desvendado. Mas não sem antes provarmos alguns petiscos e acepipes, para abrir o apetite.

Aliás, a Bresser, dentre as pizzarias que conheço por aqui, tem a mais atraente lista de petiscos e entradas em seu cardápio. E os clientes tradicionais, que são muitos, fazem todos questão de passar por eles antes de escolher o sabor da pizza a ser pedida.

Para a nossa mesa, a primeira que chegou foi uma das novidades da casa, Bufalota Vesúvio (R$ 62). Lembra a burrata mesmo, no visual, mas é uma muçarela de búfala Gran Caprese, assada no forno à lenha, com molho de tomates da base do vulcão Vesúvio e linguiça levemente picante. Acompanha porção de seis pãezinhos (de massa de pizza) crocantes, assados no forno a lenha – para chuchar o molho que sobra ou, como os italianos dizem, “fare la scarpetta”. Sobre os tomates, interessante lembrar que aquelas terras em torno do vulcão são consideradas as melhores do mundo para os tomates. Gostei, começo animador.

Entre as entradas, uma que é muito pedida, o torradinho. Chama-se assim por se tratar de uma finíssima massa de pizza, assada, que parece mesmo uma torradinha, com três opções diferentes de cobertura (todas elas nomes de ruas do Braz ou da Mooca, em São Paulo, região de origem da família e da ideia da Bresser): Joli, Silva Teles e Rangel Pestana (R$ 34), que foi a que nos coube, com aliche italiano, tomate longa vida e cebola sobre a fina massa.

Antes da principal atração da noite ainda veio outro dos lançamentos entre as entradas: Tomates do Dinho (R$ 45). Conforme explicação no cardápio, “Uma receita em homenagem ao inesquecível Dinho, composta de aliche italiano em filés sobre fatias grossas de tomates maduros e um toque de orégano. Acompanha fina massa de pizza crocante”. Dinho era um amigo de todos ali, um contraparente de Vivacqua, e sempre pedia para que esse prato fosse feito pra ele e servido. Ganhou o tributo. E Dinho tinha razão, a composição dos ingredientes é muito saborosa.

Bom, o clima de preparação tinha sido formado com maestria pela casa, enquanto aguardávamos, com ansiedade, a chegada da tal pizza. Até que ela surgiu: Pizza de camarão & Catupiry (R$ 169 a média, R$ 189 a grande). Como assim? Catupiry? Na hora me veio a sensação daquela malfadada pizza de frango e catupiry – que nada agrega de sabor, embora tenha público -, mas já que lá estava, provei. E não é que é interessante? Tudo bem, sei que ali o Catupiry é o original (tanto que tem o rótulo estampado no menu), mas a combinação com o camarão emplacou, tanto quanto dá certo no famoso Camarão na moranga que se faz por aí. Ela tem molho de tomate, uma cama desse Catupiry original, muito camarão por cima e alho-poró finamente cortado.

E o camarão, saborosíssimo, na textura correta, sem qualquer reparo. Pedi explicações, evidentemente. E ela veio. Os camarões são escaldados em água fervente, com um pouco de sal, durante 1 minuto e 30 segundos. Retirados da água, são temperados com pimenta-do-reino moída, sal e um fio de azeite. Depois, a pizza é montada com os tais pelati dos pés do Vesúvio, sobre uma cama de Catupiry original e alho-poró finamente cortado.

Daí é aguardar a cocção no forno a lenha,  por 2 a 3 minutos, no máximo. Está pronta a pizza para ser servida.

É de pedir novamente, quebrou todas as minhas barreiras.

Pra terminar, uma boa sobremesa. Caseira, como a maioria das sobremesas propostas no cardápio: Manjar branco, o clássico brasileiro, com calda de ameixas (R$ 26).

Mas uma boa noite da Mercearia Bresser não fica só nisso. Já preparando as comemorações dos 20 anos, que ocorre em 2025, a pizzaria acaba de lançar, vindo da Itália, o vinho Chianti Docg Bresser, feito especialmente para a casa pela Vinícola Bartali, da localidade de Monteriggioni, na Toscana. Trata-se de um vinho muito equilibrado, fácil de beber, harmonizando com louvor com as belas pizzas da Bresser.

Passa ali uma expressão fiel do terroir toscano, elaborado com 80% uva San Giovese e 20% de Canaiolo. Estão disponíveis nas garrafas de 750 ml e 375 ml, além da personal e característica garrafa de 500 ml na palha, com a qual o objetivo é homenagear as primeiras cantinas italianas e pizzarias de São Paulo do início do século XX. 

Degustei com as entradas da noite e achei mesmo muito interessante, agradável. Tem uma boa pegada, mas é elegante e calmo o suficiente para suportar também algumas pizzas mais condimentadas.

Foi uma noite de muitas atrações, inclusive uma musical, com o som do tango provocando harmonização com o clima italiano. Isso por conta do bandoneon de Alejandro di Nubila, sempre presente nas terças-feiras da Bresser Batel e às quartas na Bresser Cabral.

As pizzarias funcionam todos os dias, das 18h30 à 0h00 (exceto 24, 25 e 31 de dezembro e 1º de janeiro).

Avenida Sete de Setembro, 5831 – Água Verde

Fone: (41) 3029-0880

Avenida Munhoz da Rocha, 530 – Cabral

Fone: (41) 3053-0880

Site: https://merceariabresser.com.br/

Instagram: @merceariabresser