Ko.zinha completa dois anos, com menu especial. Mas onde fica?

- Pronto, restaurante
reservado.

- Onde fica?

- Não tenho a mínima ideia.

- Como assim?

- Eles só vão explicar quando
estivermos mais próximos da data.

Esse diálogo deve estar sendo
comum entre as pessoas que ouvem falar e daí descobrem o restaurante Ko.zinha.
Porque tudo começa com um contato pelo Instagram, daí a confirmação de reserva
e, daí em diante, corre exatamente como na conversa.

Trata-se de um restaurante
secreto, juntando-se aos segredos de Curitiba na área, que já tem o Bar Secreto
(o Continental, de Igor Bispo) e a Cozinha Secreta (de Marcos Ravaglio,
especializada em eventos). Sem contar o Jardim Secreto, restaurante no Batel
que não é tão secreto assim, mas fica escondido das ruas principais.

Tempos atrás Curitiba tinha
adotado os jantares secretos, nos quais a pessoa não tinha a mínima ideia para
onde estaria sendo levada. Lembro-me da iniciativa do Nilo Biazzeto Neto e
também do trio Ivan Lopes, Claudia Krauspenhar e Schay Tokarsky. Mas isso há
uns dez ou doze anos, pelo menos.

O Ko.zinha tem à frente o chef
Rafael Albino e está completando, exatamente nesta semana, dois anos de
funcionamento num canto qualquer da cidade. Albino (que gosta de ser chamado de
Rafa), aliás, vem de uma carreira sólida no universo corporativo. Com mais de
12 anos moldando estratégias em grandes empresas e multinacionais no mundo do
marketing, trilhou corredores corporativos com maestria, conquistando desafios
e impulsionando marcas. No entanto, sua jornada assumiu um sabor diferente
quando, há quase 8 anos, ele decidiu mergulhar no mundo sedutor da gastronomia,
abrindo uma hamburgueria.

Guinada total. Concluindo, em 2018, o curso de gastronomia no Senac, logo após transformou sua hamburgueria de dark kitchen em uma loja física, com atendimento ao público. Era a famosa Black Station, que propunha hambúrgueres, mas não qualquer um. Ele redefiniu o conceito de hambúrguer, conquistando prêmios e colocando seu nome entre os melhores da cidade. Como consequência, por três anos consecutivos Rafael se destacou no Prêmio Bom Gourmet, competindo com variadas hamburguerias e sendo a única constante nesse cenário altamente competitivo.

Mas ele sentia que queria
mais, que podia mais. Foi quando, em 18 de agosto de 2021 – ainda nos
resquícios da pandemia -, surgiu o Ko.zinha, onde o chef pode se dedicar a cada
criação, a cada prato, sabendo que ali se registra uma história. E, de capítulo
a capítulo dessa história, surgiram os cardápios a serem oferecidos aos
clientes. Que são renovados de tempos em tempos, sempre calcados na criatividade
do cozinheiro.

Como o Menu Rabiscos, que foi lançado neste mês de agosto, justamente para
comemorar os dois anos de aniversário do restaurante secreto. Dois anos de
inspiração e ideias rabiscadas em papel e que, de rascunhos acumulados, ganham
agora corpo e sabor, para tentar resumir o que foi o Ko.zinha nesse tempo de
existência.

Tanto quanto o restaurante é secreto, o menu tem sua própria linha, único para todos os clientes. São seis etapas, pratos servidos no balcão defronte o chef – ou numa mesa lateral –, que, a cada item vai descrevendo a construção de cada um deles. Já a partir do primeiro, Tempurá de shiso, camarão e emulsão picante, com a saborosa folha oriental frita no ponto exato de crocância, para abrigar os demais itens em molho cítrico ponzu.

Em seguida, Pão de queijo, carne cruda, creme de alho
assado e neve de parmesão. O pão de queijo é frito e, por isso mesmo, fica
crocante, a contrastar com a delicadeza dos demais componentes do prato.

Terceira parte: Millefeuille de pomme de terre, lâminas de mignon suíno e hollandaise de missô. As mil folhas de batatas, finamente laminadas, são finalizadas e grelhadas na panela quente, para abrigarem, por cima, o saboroso mignon suíno com o toque intrigante do molho de ostra e o molho holandês, que ganha a bem-vinda companhia do oriental missô. Pescada, creme de ervilha e beurre blanc vem a seguir, com o peixe no ponto certo, na bela combinação de cores distribuídas pelo prato.

O que mais me impressionou, pela harmonia dos sabores de um autêntico surf & turf, foi o Arroz meloso de costela e polvo. O arroz é cozido com uma espécie de ragu de costela e servido com as pontas dos tentáculos do polvo selados, aïoli, pétalas de cebola em picles de infusão de beterraba.

Para fechar, Creme gelado de caramelo mascavo, cacos de merengue, farofa de matcha e diplomata (que é um chocolate branco caramelizado, uma variação do clássico creme pâtissière). Fechando com sabor em alta, mantendo o nível de inspiração de toda a refeição.

Tudo perfeito. Da casinha
linda, do atendimento, da simpatia do chef Rafael Albino e dos sabores
apresentados é que vai ficar a melhor recordação. E já o desejo de retornar,
assim que estiver disponível um novo cardápio.

O jantar custa R$ 195 por
pessoa, com águas (com e sem gás) incluídas. Vinhos e outras bebidas são
cobrados à parte, mas o restaurante não cobra rolha para quem pretende levar
seu próprio vinho.

O Ko.zinha tem capacidade para
16 pessoas (10 no balcão e 6 na mesa lateral) e funciona somente para o jantar,
de segunda a sexta, com início às 19h30.

Como o endereço é secreto, o
cliente só fica sabendo mesmo depois de efetuar a reserva e quando estiver se
aproximando a data do jantar.

Reservas para o Menu Rabiscos
podem ser feitas pelo Instagram @ko.zinha.

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