Anacreon de Téos

Panela do Anacreon

Kibô lança pratos quentes, para concorrer no top da gastronomia japonesa

01/04/2025 12:44
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Kamo no teriyaki, peito de pato grelhado, malpassado por dentro, com molho teriyaki, acompanhado de arroz japonês e bok choy - do restaurante Kibô. | Foto: Anacreon de Téos

- O menu de pratos quentes do Kibô está com muitas novidades – foi o que alguém me disse, dias atrás.
Tive de ir lá conferir, pois seria novidade mesmo, já que a maior dificuldade do restaurante era justamente lidar com os quentes. Há alguns anos, na ânsia de apresentar também algum prato quente, além da variedade de sushis e sashimis, chegaram a improvisar um pequeno forno elétrico, que não deu certo, pois limitava muito a produção.
E aí pensaram: se for assim, melhor não.
Só que nos últimos tempos a ideia novamente ganhou força e foi possível encontrar uma área, na qual a cozinha poderia ser instalada. Uma parede quebrada aqui, outro ajuste ali e finalmente havia espaço para apresentar os pratos quentes – sempre muito importantes na gastronomia japonesa.
Os saquês do Kibô são servidos em elegante embalagem de madeira, forrada de gelo. | Foto: Anacreon de Téos
Os saquês do Kibô são servidos em elegante embalagem de madeira, forrada de gelo. | Foto: Anacreon de Téos
Carlos Betini, o bartender do Kibô Japanese Cuisine. | Foto: Anacreon de Téos
Carlos Betini, o bartender do Kibô Japanese Cuisine. | Foto: Anacreon de Téos
Inaugurado há mais de 20 anos, primeiro no saguão e depois no térreo do Bourbon Hotel & Suítes Curitiba, o Kibô Japanese Cuisine sempre marcou pelos crus e frios, ultimamente criados e produzidos pela dupla de sushimen/chefs Roberto Alves e Rodrigo Petricelli. O primeiro, já com muitos anos de casa e Rodrigo chegado em 2021, depois de marcante passagem pelo restaurante Hai Yo.
De uns tempos para cá, esses itens servidos foram incrementados, com a inclusão de produtos nobres, como uní (ouriço do mar), enguia, vieiras, Hokkaido e tudo que se possa esperar de um sushibar de primeiro nível. E a chegada da cozinha de quentes só reforça essa posição, a partir das criações de Petricelli.
Hotetakai no sarada, uma salada com vieiras e harusame. | Foto: Anacreon de Téos
Hotetakai no sarada, uma salada com vieiras e harusame. | Foto: Anacreon de Téos
A proposta foi uma sequência, quase um menu degustação aos comensais à mesa (estávamos em três pessoas). Começou com o Hotatekai no sarada, uma salada de harusame – aquele macarrão de feijão -, vieiras trufadas e brotos, temperados com molho cítrico. Bem interessante. As vieiras, então, delicadíssimas e o sabor trufado estava só lá no fundo e não invasivo, como ocorre com frequência por aí.
À essa altura já bebíamos um ótimo saquê, que nos foi apresentado pelo bartender Carlos Betini, numa caixa de madeira, com muito gelo, afetuosas garrafinhas e copinhos mais ainda. O início não poderia ter sido mais cativante.
Ebi tempura. | Foto: Anacreon de Téos
Ebi tempura. | Foto: Anacreon de Téos
Katsu santo, o popular sanduíche de lombo empanado. | Foto: Anacreon de Téos
Katsu santo, o popular sanduíche de lombo empanado. | Foto: Anacreon de Téos
E então passaram a vir os quentes, propriamente ditos. A começar pelo Ebi tempura, camarões de bom porte, envoltos em tempurá crocante, com molho à parte. Seguido de Katsu Sando, que não é prato muito comum em restaurante japonês por aqui. Trata-se de um sanduíche muito tradicional deles, que, por lá, é servido em izakayas e nas linhas de metrô. “Katsu” significa filé empanado, recheando o pão crocante. É possível encontrar por aqui em bares e talvez o mais famoso deles se encontre no Lemí Bar, do chef Eduardo Richard – que chegou até a fazer um festival de Katsu sando, no ano passado. Este, do Kibô, foi feito de lombo de porco empanado, acompanhado de molho tonkatsu e maionese – mas não qualquer maionese e sim a kewpie, de origem japonesa e tida como a melhor maionese do mundo.
Como uma das prerrogativas dos cozinheiros é tentar e poder surpreender, Rodrigo Petricelli também deu aqui sua contribuição, entregando um Kamo no teriyaki, peito de pato grelhado, malpassado por dentro (como deve ser) com molho teriyaki, acompanhado de arroz japonês branquinho e bok choy, que é também conhecida como acelga chinesa. A sugestão era pegar uma fatia da carne, enrolar com uma folha da verdura e molhar no molho e comer com arroz. O resultado foi muito bom, na harmoniosa combinação dos sabores.
Teppanyaki de wagyu, com cogumelos shiitake. | Foto: Anacreon de Téos
Teppanyaki de wagyu, com cogumelos shiitake. | Foto: Anacreon de Téos
A próxima etapa foi Wagyu teppanyaki, feito com finas fatias de carne wagyu grelhadas com alho, manteiga e molho ponzu, acompanhado de cogumelos shiitake. O wagyu já diz por si só e o bom cozinheiro só tem de deixá-lo apresentar seu sabor. O que calhou aqui.
Ainda teve Gyoza, aquele tradicional pastel (se é que pode ser chamado assim) japonês, recheado com carne de porco e vegetais e servido com molho à base de soja e vinagre
Nabeyaki udon, o campeão da noite. De se repetir sempre. | Foto: Anacreon de Téos
Nabeyaki udon, o campeão da noite. De se repetir sempre. | Foto: Anacreon de Téos
Mas o que me pegou mesmo foi o último prato da série: Nabeyaki udon, macarrão udon em impecável dashi de legumes, tempurá de camarão, ovo cozido, de gema mole, e vegetais frescos – no caso, shiitake, moyashi e cebolinhas, que nunca podem faltar. A recomendação seria degustar tudo e aí sorver delicadamente o caldo restante na tigela. E que, no fundo do fundo, era a melhor parte do prato. Campeão! Repetiria outras tantas vezes, e absorveria o caldo sempre, com todo aquele barulho que os japoneses fazem.
De sobremesa, Cheesecake de matcha com purê de mirtilo e farofinha de bolacha.
Rodrigo Petricelli, o criativo chef/sushiman, na cozinha do Kibô. | Foto: Anacreon de Téos
Rodrigo Petricelli, o criativo chef/sushiman, na cozinha do Kibô. | Foto: Anacreon de Téos
Fiquei satisfeito e feliz pela experiência. Porque senti que o Kibô, após várias incursões, agora encontra de vez seu caminho, para disputar lá em cima um lugar no pódio dos melhores restaurantes japoneses de Curitiba. Afinal de contas, a comida japonesa não se resume a sushis e sashimis. E é nesse todo que Roberto Alves e Rodrigo Petricelli decolam rumo ao sucesso maior.
Kibô Japanese Cuisine
Rua  Cândido Lopes, 102 – Centro
Bourbon Hotel & Suites Curitiba
Funcionamento: De segunda a quinta, das 19h às 23h. Sexta e sábado, das 19h à 00h
Instagram: @kibo.japanese