Descobri meio sem querer,
passeando pelo Instagram. Havia um novo restaurante japonês na cidade,
recém-aberto, o Inori
Sushi Experience. Com fotos atraentes, que me chamaram a atenção.

Curioso que sou, dei um jeito de entrar em contato e perguntei como funcionava, qual era o menu e coisas assim. Respondeu-me, muito atencioso, o Fernando, que pediu só um tempo, pois as coisas estavam na correria de inauguração da casa nova.

Tempos depois, conversamos
novamente e consegui marcar uma reserva. Fui e, já de pronto, achei o local
lindo, decoração de muito bom gosto e o próprio Fernando foi quem me recebeu e
é quem fica no salão, entre as mesas, cuidando e acarinhando as pessoas
presentes.

Fernando é o chef consultor, que
logo foi me apresentando a turma do trabalho. Esse aqui é o responsável pelo
bar, ali a garçonete e ali, atrás do balcão, os dois sushimen. Todos estavam de
máscara. Cumprimentei-os formalmente e fui levado à mesa.

O serviço é à la carte, com
uma interessante oferta de sushis, sashimis e quentes. Mas, a exemplo do que
ocorre em outras boas casas de comida japonesas, é possível pedir uma sequência
de itens, o omakase, que tanto pode ser servido no balcão, à frente dos
sushimen, como na mesa, que foi a minha opção, por, volta e meia, estar
conversando com Fernando, entre uma passada e outra dele por ali.

São duas opções, a Sequência Experience (R$ 124) e a Sequência Full Experience (R$ 176). A diferença
está nos itens oferecidos. A Full tem sushis de vieira, barriga de salmão, joy
trufado, atum e foie gras, por exemplo. Fiquei com a Full Experience, claro. Só
senti que não haveria uni, o ouriço
do mar. Mas acho que logo vai ter.

Para beber, pedi um saquê (são dois nacionais e dois importados disponíveis e tem também uma carta de vinhos bem formada). E começaram a vir as atrações da noite. Edamame para começar e, em seguida, um Pastel de karê e dois Camarões empanados.

Aí um dos sushimen veio
pessoalmente trazer o próximo prato, um Ceviche
de frutos do mar, com camarão, polvo, peixe branco (era robalo), kani,
tomate-cereja e cebola roxa. Muito saboroso, sabor delicado, não tão ácido
quanto alguns ceviches que tenho provado por aí, permitindo sentir cada um dos
componentes da taça. E era também o momento da grande surpresa. O sushiman me
perguntou: não está me reconhecendo? Não estava. Oriental, olhos puxados e
máscara, sem chance. Quando ele tirou a máscara, nem quis acreditar. Era
simplesmente o ícone dos sushimen de Curitiba, desde os primeiros tempos do
histórico Takô, passando depois por Kan, Oka, Aizu, Tokyo Milano, das casas que
me lembrei assim, de chofre.

Sim, ele mesmo: Luciano
Mitiharu Kawano, que já nos anos 90 barbarizava atrás do balcão. E que, segundo
Fernando, foi o grande pilar a escorar toda o projeto de abertura do Inori Sushi Experience. Aí eu já me senti em casa. Não bastasse a
maneira fraterna como Fernando me recebeu ainda teria a arte de Luciano atrás
do balcão.

E continuou o
desfile. Chegou um Carpaccio de polvo
(macio) e aí um mix de sushis: Niguiri de
vieira maçaricada com azeite de trufas, Niguiri
de salmão com flor de sal, Joy de
gema de codorna e ovas de massago com salsa trufada, Joy de atum com foie gras, Niguiri
de robalo com pó de shiso e Niguiri
de atum com pétala de alho frita.

Chegou a vez
dos sashimis, com as três variedades de peixes acompanhadas de lascas de caqui,
rúcula e uma incrível farofa de grão-de-bico, que dava o contraste de crocância
à maciez das peças de peixe.

Para finalizar,
outro prato quente: Robata de shimeji e
salmão.

Quer dizer,
seria para finalizar, pois ainda veio ainda um par de Guiozas de camarão, deliciosas e um mimo do Luciano, duas colheres
com Tartar de atum em neve de foie gras
– estava me sentindo um rei.

E não é que
ele chegou ainda com outra novidade da cozinha? Robertinho, cozinheiro tão
histórico quanto ele, desde os primeiros tempos de Takô, onde foram parceiros.
Era muita surpresa numa noite só. Veio acompanhado de um Sauce Yakisoba.

E aí, terminou mesmo. Noite
feliz, sabores que dão referência ao novo restaurante e a certeza de ainda
virem mais experiências pela frente. Afinal de contas, a casa se chama Inori
Sushi Experience, não é mesmo?

Desde muito pequeno, criança
ainda, Fernando Wei Man Siu havia traçado sua trajetória: poder proporcionar às
outras pessoas uma prazerosa experiência gastronômica.

Exatamente assim, como se deliciava
com a “inigualável comidinha da vovó", quando aprendeu a comer de tudo e
experimentar diversos sabores, dos mais variados pratos elaborados nas
refeições, feitos dia a dia em casa, pela mãe.

Nascido em Moçambique, de
família de origem chinesa, veio ainda nenê (menos de um ano) para cá e é
naturalizado brasileiro. Há pouco mais de 13 anos começou a buscar conhecimento
na culinária japonesa, mais especificamente na preparação de sushi e sashimi e
então, muito do que aprendeu foi no dia a dia, praticando e trocando
experiências com os sushimen com quem trabalhou.

Se não teve oportunidade de
trabalhar em grandes restaurantes e aprender com chefs renomados, o bom senso
culinário, um bom paladar e a vontade de fazer sempre o melhor e algo
diferenciado, que surpreendesse a expectativa, tornou-o um sushiman no ramo da culinária japonesa.

Desde preparar "bentô",
inicialmente vendido por seus pais nas feiras gastronômicas, depois fornecendo
para o mercado municipal, para, em seguida, ser convidado para realizar
diversos eventos, até o momento que surgiu o desafio participar da criação de um restaurante
totalmente independente, porém com um conceito inovador e contemporâneo ao
mesmo tempo.

Foi quando surgiu o Sugiro
Sushi, com objetivo de levar certa ousadia na apresentação dos pratos, através
de uma linda e chamativa decoração, variedades de sabores e fartura. Desta
forma, reconhecido atualmente como uma das melhores casas de rodízio japonês de
Curitiba e, por consequência, detentor de alguns prêmios e uma clientela fiel.
Ao longo de alguns anos o restaurante mudou de endereço e também montou uma
filial temporária em Balneário Camboriú, deixando nestes lugares por onde
passou, restaurantes sucessores, de nomes e proprietários diferentes, que
seguem o mesmo conceito e dão continuidade até os dias de hoje.

Fernando estava cada vez mais
próximo de seu propósito de sempre, mas ainda não era ali. Desligou-se do Sugiro
Sushi para se dedicar totalmente numa visão. Encerrou um ciclo para iniciar uma
nova experiência na gastronomia e ampliar o nível de servir com excelência.

Com base do conhecimento
adquirido e sob uma forte crença e determinação, colaborou na inauguração do Inori, há pouco
mais de três meses. Porém, agora não mais voltado a uma culinária de chamar
atenção ao empratamento e sim trazer todo foco no produto. Não mais criar e
adaptar sabores que agradam ao paladar "da moda" e sim realçar o que
há de melhor no frescor e qualidade de cada matéria prima, remetendo à
originalidade da culinária. E não mais saciar em quantidade e sim trazer
memórias degustativas, sensações de satisfação, por sentar-se à mesa e
alimentar o corpo e a alma.

Não por nada a tradução de
Inori é oração, o “Pai Nosso”. Que, aliás, tem suas palavras escritas, em
japonês, numa das paredes do restaurante.

Para Fernando Wei Man Siu, todos
os clientes que vierem a conhecer o Inori viverão a experiência de degustar o
melhor de cada prato, elaborado por experientes profissionais num ambiente
extremamente intimista e agradável e sob um atendimento bastante cordial.

E ele continua querendo
superar expectativas daqueles os prestigiam com sua vinda. Porém, por trás de
tudo isso, “existe uma grande maturidade desenvolvida aonde enxergo que meu
propósito é servir, ‘fazer de todo coração, como para o Senhor...’ (Colossenses
3:23). Essa é a minha crença e objetivo por trás do nome Inori. ”

O restaurante funciona de Segunda a sábado, das 18h30 às
23h.

Rua Colombo, 349 - Ahú
Fone: (41) 3010-9440 (WhatsApp)

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