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Os pratos do restaurante Baba Ghandour têm todos tempero caseiro e receitas familiares.

Anacreon de Téos

Panela do Anacreon

Primeiro ano de sucesso do Baba Ghandour, comida familiar libanesa

04/12/2019 12:24
Não é assim tão simples abrir
um restaurante árabe. Não basta ir fazendo uns quibes e umas esfihas e achar
que está tudo em ordem, com a tradição implantada aos clientes. Tradição, sim,
é um item fundamental para apresentar a rica culinária dos países árabes, cada
qual com sua característica, embora possam se apresentar semelhantes no todo.
A falta de maior
comprometimento com as origens faz com que alguns desses restaurantes –
especialmente aqueles de rodízio – tenham sempre disponíveis os mesmos cardápios
hoje, na semana que vem e daqui uns meses. Chega uma hora que enjoa, certo? E é
justamente aí que se diferenciam os autênticos em linhagem daqueles apenas
comerciais.
Autênticos como dona Asma
Ghandour, de 66 anos, responsável pela cozinha do restaurante Baba Ghandour,
inaugurado há pouco mais de um ano (setembro/18) e que, desde então, é uma das
referências da comida caseira libanesa na cidade. Caseira, sim, porque os
pratos do dia a dia da família estão no cardápio da casa, feitos com muito
carinho por Asma e sua filha Maha. Ambas, mãe e irmã, se juntaram ao sonho de Abdo
Karim Ghandour em ter um restaurante que servisse a comida de seus ancestrais.
Os quibes fritos do Baba Ghandour.
Os quibes fritos do Baba Ghandour.
Comida de origem comprovada, ao ponto
de grande parte dos temperos e insumos vir diretamente do Líbano, para permitir
que os pratos sejam feitos aqui exatamente como seriam lá. E a diferença de
sabor é agradavelmente perceptível, valorizando cada item proposto no cardápio.
O pão caseiro libanês (R$ 1,50) é macio, pronto para combinar com qualquer uma
das três pastas, Hommus (de
grão-de-bico, temperada com tahine e especiarias, R$ 18), Babaganuch (berinjela assada, tahine e especiarias, R$ 18) ou Coalhada (pasta feita com iogurte
natural caseiro, R$ 16) – ou com as três, tanto faz.
Das saladas, Fatuch (folhas verdes, tomate, cebola, pepino, sumak e pão
temperado torrado – R$ 18) e Tabule
(salada de salsinha, tomate, pepino, trigo e tempero especial – R$ 18) são as
mais conhecidas. Mas também, entre os frios, é possível pedir o Quibe cru (R$ 28), de receita exclusiva,
feito com carnes selecionadas e manipulado somente na hora do pedido. Até por
isso avisam que pode levar até 30 minutos para servir. Mas a espera vale a
pena.
Há outros três quibes oferecidos: Quibe
de carne frito (recheado com carne, nozes e especiarias – R$ 8) e duas
interessantes e raras opções com a massa de batatas, assado (com recheio de
carne e especiarias - R$ 10) e frito (recheado com carne temperada e coalhada
caseira – R$ 8).
Esfiha de zaatar, uma incrível combinação de sabores árabes.
Esfiha de zaatar, uma incrível combinação de sabores árabes.
Mas foi nas esfihas que encontrei a
experiência mais agradável. Variando o preço entre R$ 6 e R$ 7 cada, tem as
tradicionais, abertas ou fechadas, de carne, verdura, queijo, as familiares
abertas, na chapa... mas tem uma de Zaatar que mexeu com meu paladar. O zaatar
(varia sempre, mas normalmente tem de base tomilho, sumak e gergelim, mas este
tem mais alguns ingredientes, como manjerona e alguns tipos diferentes de
orégano) me remete à infância, na cada de uma tia querida, Rute, que sempre
tinha tal tempero e nós não víamos como chegar a hora do lanche para podermos
misturar zaatar e azeite e poder passar o pão. Sublime! E essa combinação de
sabores pude sentir exatamente nessa Esfiha
de zaatar
(R$ 6).
Entre os pratos quentes, a Kafta assada (com batatas e tomates e
acompanhando arroz com aletria – R$ 22) e os charutos (de repolho e de couve –
R$ 16) se destacam, mas ainda volto lá para provar o Arroz marroquino, que me chamou a atenção – arroz com carne
temperada, temperos especiais, coberto com frango e amêndoas (R$ 22).
Como já deve ter sido possível notar,
os preços são bem em conta. Isso para o serviço à la carte, pois o Almoço executivo tem um prato especial
(que é uma espécie e pot-pourri dos principais itens clássicos do cardápio),
também atrai pelo valor: de R$ 19,90 até R$ 34,90, conforme a escolha dos itens
– são nove opções de executivo.
Arak
catarinense
O Arak é aperitivo obrigatório nas mesas árabes. E quando vem de Santa Catarina?
O Arak é aperitivo obrigatório nas mesas árabes. E quando vem de Santa Catarina?
E se quiser beber algo, há cervejas e
chopes e algo muito especial, que remete diretamente ao Líbano: Arak. É a
bebida tradicional de lá, feita a partir de destilado de fruta (uva, ameixa,
tâmara...), mas com infusão de anis, lembrando um pouco o Pernod (ou Ricard)
francês. E, tanto quanto aquele, só que da cor branca, se transforma de
transparente a leitoso no contato com gelo ou água. É delicioso e este aqui, em
particular, por uma razão a mais: vem “importado” diretamente de... Garuva.
Isso aí, exatamente, daqui de pertinho, em Santa Catarina, quase em Guaratuba.
O nome é Bartenike
e a marca é centenária, desde 1914. Incrível!
O Baba Ghandour funciona para almoço de
terça a sexta, das 11h30 às 14h30, e aos sábados e domingos, das 12h às 16h. Durante
o jantar, de terça a sábado, das 19h às 23h.
No primeiro sábado de cada mês (sábado
que vem, portanto) a casa recebe dançarinas de dança do ventre. Mas também
podem ser contratadas para eventos especiais, que o restaurante também faz.
Asma, Abdo e Maha Ghandour, a essência libanesa do restaurante Baba Ghandour.
Asma, Abdo e Maha Ghandour, a essência libanesa do restaurante Baba Ghandour.
Baba
Ghandour
Alameda Dr. Carlos de Carvalho, 1345 –
Batel
Fone (41) 3082-0505
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