Adega Prudente abre em Curitiba, com casa cheia todos os dias

Rita Delaé tem uma carreira brilhante na gastronomia. Em 20 anos de estrada, passou por todo tipo de restaurante e assimilou informações que hoje são úteis para o desenvolvimento de qualquer cardápio. Cada vez que assume a missão de moldar um restaurante para fazê-lo funcionar, dá seu toque pessoal e empenho máximo, para que tudo saia sempre muito bem. E tudo sai sempre muito bem.

Caso agora de sua nova missão, a Adega Prudente, que começa a funcionar na efervescente região da rua Prudente de Moraes, em Curitiba.

De tanto conhecê-la nos últimos anos, hoje em dia já não me impressiona mais a capacidade que Rita tem de encontrar soluções para todos os casos e qualquer segmento da gastronomia. Pode ser árabe, italiano, português, contemporâneo, gastrobar, boteco... ela está preparada – e com estudo e prática consistentes – para apresentar e sugerir caminhos a serem seguidos.

Nos tempos mais recentes deu uma incrementada geral e modernizou o cardápio de um tradicional restaurante de pizzas e poucas massas, criando um novo clima e provocando novos sabores. E também fez sair do zero um gastrobar, com comidinhas não comuns a esse tipo de estabelecimento (o que, infelizmente, não foi em frente pelo fato de os proprietários não terem paciência de esperar a consolidação do trabalho).

Desde o ano passado estava envolvida em um novo processo, saindo praticamente do nada de um restaurante vegetariano para apresentar um restaurante personalizado, com foco e boa comida e bons vinhos. É a Adega Prudente, que já vinha funcionando em soft open (para treinamento do pessoal e ajustes na casa) e que, desde o fim de semana, está aberto pra valer, como uma nova e interessante opção de sabores ali no fervo da Prudente de Moraes.

Como sou ansioso e curioso, fui acompanhando à distância a evolução do processo, até poder sentir – semana passada, ainda antes da abertura oficial – o ambiente da casa, provar alguns pratos da chef e todo o entorno que gera esse envolvimento gastronômico.

Até vir o sinal verde: está pronto! Noite dessas estive por lá, quando tive a oportunidade de conversar com Gabriel Mattioli e Renata Chiuratto Kubo, os proprietários da casa, que me explicaram todo o processo – e as razões dele – de mudança de linha e da aposta que fazem nesse novo foco gastronômico.

O local ficou muito bonito, projeto da arquiteta Mayte Camargo, priorizando o tom de verde escuro, nas paredes, na decoração e no uniforme dos profissionais. O espaço físico comporta 30 clientes no salão principal, 32 no deck, 6 em sala exclusiva e mais 12 na área externa, totalizando 80 lugares.

A primeira impressão que os proprietários me passaram foi a de que teriam de saber esperar pelos bons resultados, pois ali é uma região de bares animados e casas assim, com gente espalhada pela rua. Mas, pelo que vi nesses primeiros dias, o resultado imediato já veio, com dias de lotação completa, tanto no almoço quanto no jantar. Claro que tem a ver muito com o impacto da novidade, com uma tendência de baixar um pouco a bola dali algumas semanas. Mas já começou muito bem consolidado e isso é predicado interessante.

Ria Delaé montou sua equipe de trabalho com base no que vem fazendo nos últimos anos de carreira. O grande percentual já veio com ela de outros empreendimentos, o que explica o rápido entrosamento da brigada, tanto de cozinha quanto de salão. E conta com dois Felipe, em especial, para completar as ações. Felipe Rocha é o padeiro, responsável por todos os pães da casa, enquanto Felipe Henrique é o bartender, tanto para a execução de coquetéis clássicos quanto para a apresentação de outros de criação pessoal.

Para o menu, a chef tanto aproveitou alguns pratos que faziam sucesso no restaurante anterior quanto criou outros novos. Como a Adega Prudente está no mesmo local onde funcionava o Veg Lev, a chef decidiu manter alguns pratos, intensificando, num toque pessoal, cores, sabores e texturas. Permanecem, então, Moqueca de pupunha, Salmão canelone amazônico, Tilápia caprese, Mineirinho e o Bolo trufado vegano.

O cardápio é razoavelmente curto, que é como deve ser. Além da reforma dos pratos anteriores, há duas saladas (a Mediterrânea e a Vicenza) e seis entradas, com destaque para a Burrata assada da Adega (R$ 76), que é uma burrata envolta por massa fermentada assada, acompanhada de confit de tomate-cereja e manjericão – prato que, com esta ou aquela variação, já vem acompanhando a chef há algum tempo. Na noite que fui, chegou também um Queijo artesanal da Adega, feito ali mesmo, em forma de bolinho. Na verdade, compõe a Salada Mediterrânea, mas dá para arriscar pedir para acompanhar um vinho branco, por exemplo. Se tiver disponibilidade...

Provei também a Focaccia da casa (R$ 29), obra do Felipe Rocha (Focaccia assada, temperada com alecrim, tomatinhos, azeitonas pretas e sal marinho).

Dos pratos principais vieram Fettuccine à bourguignon (R$ 47), composto de fettuccine com picadinho de carne, cozido lentamente com bacon, cogumelo paris, cebola tipo échalote, cenoura, tomate, vinho tinto Malbec e demi-glace; Filé mignon da Adega (R$ 82), o tournedo de filé mignon, servido com molho de vinho tinto Malbec, com bacon, levemente adocicado, acompanhado de ravióli de queijo na manteiga.

De sobremesa, provei duas sugestões interessantes: Mil folhas parisiense (R$ 25), massa folhada, recheada com creme de ovos e pedaços de morango; Tiramisù (R$ 24), Creme mascarpone, biscoito inglês, calda de café e chocolate amargo, finalizado com arabesco de chocolate.

O restaurante também oferece sugestões de almoço executivo, com opções de escolha da proteína (entre bife de grão-de-bico, filé de frango, filé de tilápia e medalhão de mignon), para ser servido em dois estilos: Mineirinho (Mix de arroz cateto e vermelho com feijão

fradinho, queijo coalho, tomate, coentro e pimentas biquinho e dedo-de-moça, servido com brócolis refogado) e Brasileirinho (arroz branco, feijão preto, farofa, couve refogada e ovo com gema mole). Os valores, conforme a proteína, variam entre R$ 38 e R$ 52.

De segunda a sexta a Adega Prudente reserva espaço para o happy hour (das 17h às 19h), com petiscos como Filé mignon na fonduta de queijo, Golden ball de abóbora, Croqueta de camarão, Pancetta defumada, Pasteizinhos flutuantes e o sanduíche de filé mignon, denominado como Ambulante da Adega.

Além de águas, refrigerantes, chás e sucos, o cliente pode pedir, para beber, dois tipos de chope (Heineken e Amstel), mais cervejas variadas, caipirinhas, spritzers e drinques, estes por conta de Felipe Henrique, todos conhecidos e conceituados, como o 43 Sour muito bem feito, que me foi servido.

A carta de vinhos é outro dos pontos altos da casa, com empenho especial de Gabriel Mattioli e assessoria de Paul Tudgay, que concentram toda a sua composição nos produtos de duas legendas importantes da área: a Rootstock Vinhos e a MMV Importadora.

Tanto quanto o menu, a carta não é muito extensa – pouco mais de 50 rótulos -  e tem um detalhe interessante, que pode muito bem orientar o cliente: os vinhos estão divididos conforme as características. Por exemplo: frutados e herbáceos ou frescos e vibrantes ou ainda minerais com bom corpo, para os brancos. Os tintos também estão divididos pelo mesmo critério: aromáticos e frescos, elegantes de médio corpo e intensos, estruturados, com passagem em madeira. Os rosés mantêm a mesma classificação.

Os preços também estão muito interessantes, com valores ao alcance dos mais diversos bolsos.

Tanto os pratos quanto os vinhos estão com as listas completas no Instagram da casa.

Bons pratos, bons vinhos, bom ambiente, astral lá em cima são fatores, que, somados, dão à Adega Prudente a segurança de ter chegado para ficar. Talvez isso já explique a casa cheia todos os dias, desde que abriu.

O restaurante funciona para almoço, de segunda à sexta, das 11h às 15h. Para jantar, de segunda à sexta, das 17h às 23h. Aos sábados está aberto o dia todo, das 11h às 23h.

Alameda Prudente de Moraes, 1218 - Centro

WhatsApp: (41) 3121-1218

Instagram: @adegaprudentee