Guilherme Rodrigues
Notas Báquicas
O fantástico Almaviva. E o surpreendente EPU 2021
A chave de ouro de 2024 foi uma degustação do tinto chileno Almaviva, com a presença do célebre enólogo Michel Friou. Rreprodução/Facebook
O ano fechou inspirado. A chave de ouro foi uma degustação do tinto chileno Almaviva, com a presença do célebre enólogo Michel Friou. Foram servidas as colheitas 2003, 2018 e 2022, o último em fase de lançamento mundial. De quebra, e não menos sensacional, o surpreendente Epu 2021. Segundo vinho do Alamaviva, podia ser um primeiro de muitas vinícolas. De personalidade distinta e gloriosa, em 2021 o Epu excedeu em qualidade. A prova foi em grande estilo, no restaurante Duq, com um inspiradíssimo menu perfeitamente em harmonia com os vinhos, obra do chef Felipe Miyake e do sommelier Vinicius Chupil.
Nascido da união da Concha y Toro com a casa Baron Philippe de Rotschild (Mouton Rothschild,) o Almaviva estreou em 1996. Tal qual os grandes châteaux de Bordeaux, a propriedade compreende vinha, adega e sede. A uvas são provenientes das parreiras cultivadas pela Almaviva em Puente Alto, cerca de 60 ha de vinhas no melhor local do Chile para a Cabernet Sauvignon, base do vinho. A seleção de uvas é rigorosa, apenas metade da produção vai para o grande vinho; 25% para o Epu, e o restante é descartado. De uns anos para cá, a Carménère passou a vir de uma privilegiada vinha de Peumo, o melhor local do Chile para essa casta.
Desde o nascimento, o Almaviva destacou-se como um dos grandes ícones chilenos, com a marca registrada da voluptuosidade bem torneada. Um vinho de primeira classe que cativa desde o primeiro gole, untuoso, aveludado, cheio e profundo, com um frutado radiante e decadente, sobre uma estrutura poderosa e redonda.
O lote varia em cada colheita, sendo por volta de 70% Cabernet Sauvignon, 20% Carménère e o restante Cabernet Franc, Petit Verdot.
A diferença através dos tempos é que o que parecia impossível tem acontecido. O vinho é cada vez melhor. A sintonia fina e esmero do toque de Michel Friou tornam o Almaviva cada vez mais exuberante e refinado. Com uma personalidade sempre bem marcada, reflete o terroir especial da Cabernet de Puente Alto, com o mágico toque diferencial da Carménère. O sucesso é reconhecido mundialmente, com pontuações da crítica internacional de 95 pontos para cima. Seguem as notas de prova.
ALMAVIVA 2022
Viña Almaviva – Puente Alto – Chile
Cabernet Sauvignon (72%), Carménère (23%), Cabernet Franc (4%), Petit Verdot (1%)
Cabernet Sauvignon (72%), Carménère (23%), Cabernet Franc (4%), Petit Verdot (1%)
Um ano mais quente e seco, porém com verão mais regular, levaram a um frutado maduro e generoso, bem temperado pelo frescor final. O grande vinho confirma as qualidades da colheita, com aromas e sabores voluptuosos, fruta vermelha a cassis, morangos, algo de cerejas, bem refrescado, preciso, elegante, um toque a hortelã. Muito bonito , encantador, sedoso e perfumado, com final longo e delicioso. Mantém a pressão sobre o palato do começo ao final da prova. Algumas décadas de radiosa vida pela frente. Nota 95+
ALMAVIVA 2018
Viña Almaviva – Puente Alto – Chile
Cabernet Sauvignon (72%), Carménère (19%), Cabernet Franc (6%), Petit Verdot (3%)
Cabernet Sauvignon (72%), Carménère (19%), Cabernet Franc (6%), Petit Verdot (3%)
Certamente um dos maiores Almavivas de sempre, grande candidato ao melhor de todos até agora. Nascido de uma colheita perfeita, em que as condições climáticas foram ideais. Perfumado, tem tudo de bom: concentração, estrutura, complexidade, harmonia, frescor, movimento e refinamento. Até um revigorante leve toque a pitanga no fundo. Um vinho que não dá vontade de parar de beber. Um luxo só. Nota 98
ALMAVIVA 2003
Viña Almaviva – Puente Alto – Chile
Cabernet Sauvignon (73%), Carménère (24%), Cabernet Franc (3%)
Cabernet Sauvignon (73%), Carménère (24%), Cabernet Franc (3%)
Um belo vinho, que precisa tempo no copo para arejar e também atenção do degustador para suas grandes qualidades, que emergem aos poucos debaixo de uma superfície de sabor mais redutivo, fechado, e balsâmico. A excelente concentração sublinha um frutado intenso e maduro, muito longo e persistente, com retrogosto invulgar, de grande qualidade. Uma síntese de uma estação mais fresca e úmida (o que é bom no Chile), terminada por um calor muito forte no verão, até a colheita. Nota 93
EPU 2021
Viña Almaviva – Puente Alto – Chile
Cabernet Sauvignon (80%), Carménère (15%), Merlot (5%)
Cabernet Sauvignon (80%), Carménère (15%), Merlot (5%)
As uvas das vinhas Almaviva com menos de 25 anos , selecionadas entre as melhores, fazem o Epu, extraordinário segundo vinho da casa. Em 2021 é um sucesso inacreditável. Vinho “noir”, onde a fruta negra domina, como cerejas pretas e amoras escuras, mais uma leve e bonita nuance de ameixa preta. Reflexos sobremaduros, mas muito refinados, sem peso e refrescantes. Cheio, taninos finos, acidez refrescante e estruturante. Taninos finos, um fundo alcatroado e a alcaçuz de leve. Bela concentração, harmonia e movimento. Sapidez invejável. Encantador e instigante ao primeiro gole. Raros segundos vinhos com tanta qualidade e encanto. Imperdível. Nota 94+