O paraíso fica em Portugal: tintos do Douro surpreendem pela qualidade
16/03/2018 21:00
Quando alguns produtores iluminados de Vinho do Porto resolveram, há quase 30 anos, investir em vinho não fortificado, tinham uma certeza: a qualidade extraordinária das uvas provenientes dos vinhedos do vale do rio Douro. Afinal, por séculos geravam um dos melhores, mais nobres e longevos vinhos do mundo, o Porto. Agora, passada a primeira geração dessa grande revolução, o Douro comemora um sucesso estupendo, muito maior do que imaginado quando Dirk Niepoort, João Nicolau de Almeida, Jorge Roquete, Vitor Olazabal, Cristiano Van Zeller, Alves de Souza, os Symingtons e tantos outros começaram a produção, na da década de 1990, em volumes expressivos, continuada e qualificada, de vinhos do Douro.
A nomenclatura também pegou universalmente e tornou-se oficial: Porto quando o vinho é fortificado, o bem conhecido Vinho do Porto; e Douro quando o vinho é dito ͞de mesa, não fortificado, seco, como um Bordeaux ou Borgonha.
Provamos Douros na faixa de preços acessível com alguma distinção, ou seja até R$ 150, e disponíveis no mercado. Foi o melhor resultado de todas as provas que já fizemos. Dos 20 vinhos degustados, 18 foram aprovadíssimos. Nada menos do que 11 deles com 90 ou mais pontos. Tintos muito atraentes, com frutado maduro muito amigável e ao mesmo tempo excelente estrutura, energia, acabamento, nobreza e complexidade.
Temperatura de serviço em torno de 17 graus C. Crescem bem com decantação de meia hora ou alguns minutos em copo, mantendo-se em ótima forma por muitas horas – qualidade de vinhos superiores.
A prova, às cegas, foi realizada no restaurante Durski, com serviço impecável do sommel ier Addison Dupczak e copos tipo Bordeaux. Além deste redator, participaram os grandes conhecedores João Manoel Garcia e Juliano Zanoni, assim como Andrea Torrente, da redação do Bom Gourmet. Após os trabalhos, o chef Junior Durski mandou servir uma paleta de cordeiro uruguaio assada à perfeição por Gabriel Doroch, num novo formo espanhol, muito especial. Estava soberba, rosada e suculenta. Harmonizou-se lindamente com os Douros.
Johnny Graham tem do que se orgulhar. Após a família vender a Graham’s em 1970, decidiu permanecer no negócio e fundou a Churchill’s, um retumbante sucesso. Seus Douros, com uvas da Quinta da Gricha, estão entre os mais aclamados. Em 2013 o corte no͞Estate͟ é de 40% Touriga Nacional, 30% Touriga Franca e 30% Tinta Roriz. Adorável, sedoso e fluído, com intensidade e elegância invulgares. Ótima profundidade, equilíbrio, limpidez e precisão, com longo e saboroso final. Frutas negras e cerejas, especiarias, potente, leve balsâmico, refinado, qualidade inimaginável a este preço.
Nota: 92 Onde: Grand Cru Preço: R$ 109
* * *
Prazo de Roriz 2015
Quinta de Roriz/Symington – Douro – Portugal
A Quinta de Roriz é uma das mais emblemáticas do Douro, produzindo vinhos muito especiais, com frescor e profundidade. Em 2015, dos melhores ͞Prazo͟ já produzidos. Os Symingtons, proprietários da Quinta, conseguiram um belíssimo resultado com o inspirado corte de Touriga Franca, Touriga Nacional, Tinta Barroca, e um tempero final de Tinta Roriz e Tinta Amarela. Fino e elegante, o vinho possui aromas sensuais a lavanda, esteva e fruta madura. Ervas finas aparecem lindamente entremeadas com a fruta madura e refinada. Muito bonito, um vinho encantador, harmonioso, longo e inspirador.
Nota: 92 Onde: Mistral Preço: R$ 137,38
* * *
Alma Grande Reserva 2011
Caves Velhas/Enoport – Douro – Portugal
Um tinto encantador, produzido com as castas Touriga Nacional, Tinta Roriz e Touriga Franca. Belíssimos aromas, intensos e refinados saltam do copo. Muito bem resolvido, com opulenta fruta madura e sobremadura, numa textura sápida e fluída. Algo sedoso e ͞noir͟, com um belo toque a alcatrão, dá uma sensação extra. Foi maturado por nove meses em carvalho francês. Depois de uma hora em copo cai um pouco, mas sem comprometer.
Nota: 91 Onde: Domno Preço: R$ 131
* * *
Quinta das Murças Mina 2014
Quinta das Murças/Esporão – Douro – Portugal
José Roquete resolveu repetir no Douro o fabuloso sucesso da Herdade do Esporão, que implantou no Alentejo. Adquiriu recentemente a prodigiosa Quinta de Murças e seu toque de Midas revelou-se novamente. As castas Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Francisca, Tinta Roriz, Tinto Cão tratadas com o talento dos enólogos David Baverstock e José Luís Moreira da Silva têm feito vinhos muito qualificados. Neste caso, um tinto de cor retinta, mais dramático e ͞noir͟, fumé, fruta madura e sobremadura, cerejas negras, copiosa e intensa. Ponto de encontro e harmonia da potência com o refinamento. Grande vinho.
Nota: 91 Onde: Qualimpor Preço: R$ 150
* * *
douRosa 2015
Quinta de la Rosa- Douro – Portugal
Jorge Moreira é um dos mais talentosos enólogos do Douro. Sua arte faz parte dos charmosos vinhos da Quinta de la Rosa, no Pinhão, num dos mais privilegiados pontos do Douro. Neste vinho metade é Touriga Nacional e o restante ͞field blend͟, uma pletora de castas locais plantadas misturadas. De cor rubi escura, muito sápido e fluído, bom de beber, com notas muito atraentes a lavanda, cerejas, amoras, bem temperado por toques minerais. Taninos finos, elegante, focado e muito bom de beber.
Nota: 91 Onde: Adega Alentejana Preço: R$ 110,22
* * *
Manoella 2015
Wine & Soul – Douro – Portugal
Um tinto dominado pelas duas Tourigas, Nacional e Franca, moldado pelo talento dos grandes enólogos Jorge Serôdio e Sandra Tavares, autores do fabuloso Pintas, dos mais icônicos vinhos do Douro. De cor rubi escura, fruta fresca, de boa intensidade e elegância, lembra algo de um belo Côte Rôtie, mas com personalidade própria. Floral muito atraente, ervas finas delicadamente mescladas com a fruta madura e sedosa. Taninos finos, um sucesso.
Nota: 91 Onde: Adega Presenza Preço: R$
* * *
Quinta do Cotto 2014
Champalimaud – Douro – Portugal
Miguel Champalimaud é um dos precursores dos modernos e triunfantes vinhos do Douro. Já no começo da década de 1980 seus Quinta do Cotto Grande Escolha rivalizavam com o Barca Velha, mostrando uma nova faceta e potencial dos Douros. Este é o vinho de entrada da gama, nem por isso um vinho menor, pelo contrário. A novidade é a uva Sousão no blend com Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz. Aromas muito agradáveis a lavanda e frutas maduras, um toque balsâmico. Muito saboroso, vivaz, com notas de complexidade adicional a minerais e pimenta branca.
Nota: 90 Onde: Mistral Preço: R$ 129,11
* * *
Quinta do Cachão Touriga Nacional 2011
Caves Messias –Douro – Portugal
Da emblemática Quinta do Cachão, um varietal com a nobre Touriga Nacional muito bem resolvido. Num estilo mais para Ribera del Duero, com bom aporte de amadeirado bem integrado na estrutura potente e profunda da Touriga. Frutas escuras, ͞noir͟, lavanda, profundo, leve alcatroado, um suave tostado, força em harmonia.
Nota: 90 Onde: Porto a Porto Preço: R$ 129,90
* * *
Vilalva Reserva 2013
Enoport – Douro – Portugal
Corte bem-sucedido de Tinta Roriz e as duas Tourigas (Nacional e Franca), o vinho é muito bom de beber, agradável e sápido. Frutado maduro atraente a cerejas e framboesas, cobertos por um sutil e delicioso tostado e suavemente terroso (͞earthy͟) por baixo. Ótima presença, saboroso, equilibrado e de boa complexidade.
Nota: 90 Onde: Domno Preço: R$ 62,75
* * *
Aprendiz 2014
Caves Messias- Douro – Portugal
Um belo resultado conseguido pela Messias, com Touriga Nacional, Tinta Barroca, Tinta Roriz, Tinto Cão e Touriga Franca. Notas balsâmicas bem apesentadas se mostram sobre uma textura de boa profundidade, com frutado maduro a sobremaduro. Suave alcatroado enfeita o conjunto, um toque austero com nobreza e classe.
Nota: 90 Onde: Porto a Porto Preço: R$ 73,90
* * *
Maria Mansa 2015
Quinta do Noval – Douro – Portugal
Da emblemática Quinta do Noval, sob a inspirada batuta do enólogo Agrellos, um tinto de cor rubi escura e densa. Muito bem-acabado, lote de Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e Tinto Cão. Encantadoras nuances florais e balsâmicas estimulam os sentidos, com uma textura sedosa e de ótima fluidez, bem-acabado e estimulante.
Um rótulo consagrado e que dispensa apresentações. De cor rubi escura, potente e mais dramático, com frutos negos, um toque de alcatrão, força e vida. Notas de tâmaras secas bem entremeadas, um vinho mais viril, onde a força faz ponto expressivo.
Nota: 89 Onde: Rede Festval Preço: R$ 129
* * *
Morgadio da Calçada 2015
Niepoort – Douro – Portugal
Deliciosas notas balsâmicas embelezam um corpo com bastante energia e vivacidade, bem integrado por cerejas negras e ameixas pretas, bons taninos e estrutura, com um delicioso toque alcatroado. Fruto de um blend incomum e muito bem resolvido, das castas Tinta Amarela, Tinta Barroca e Sousão, de vinhedos de até 70 anos.
Um Douro clássico, bem acabado, limpo, vivo, com adorável frutado maduro, a cerejas e cassis, franco e atraente. Notas adicionais a lavanda, pimenta branca e leve mineralidade. Taninos finos, estrutura elegante. Um vinho muito bom de beber, amigável, com boa classe, interesse e ótimo final de prova.
Textura sedosa, sápida e fluída, com elegância e profundidade. Cerejas e ameixas maduras fazem a festa do frutado, bem equilibrado num apelo vivaz, corpo médio e um instigante toque a ervas finas bem suave. Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinta Barroca e Touriga Nacional.
De cor rubi escura e densa, exibe frutado franco e maduro, com instigantes nuances sobremaduras e tostadas. Sápido, fluído, elegante floral com adoráveis toques a ervas finas, muito bonito, perde um pouco de apoio em boca no final, sem prejuízo do belo apelo.
Um bonito frutado a ameixas e amoras negras exibe-se sobre um corpo com boa profundidade e acidez. Equilibrado, taninos finos, com a presença inspirada de nuances a lavanda e um toque sobremaduro
Elaborado com a maestria de José Maria Soares Franco, um Douro bem atraente e que não dói no bolso.Estilo mais profundo e viril, firme, com boa consistência e estofo a cerejas e ameixas negras.