Guilherme Rodrigues
Notas Báquicas
Vinho Verde: um vinho para o Brasil
Poucos vinhos adaptam-se tão bem aos ares brasileiros como o famoso Vinho Verde. Aliás, já na carta que escreveu a El-Rei D. Manuel, o escrivão Pero Vaz de Caminha, relatando o descobrimento em 1500, anotou ser “a terra de muito bons ares, assim frios e temperados como os de Entre Douro e Minho”. Foi o clima que encontraram naquela altura e serviu para irmanar, desde a nascença, o Minho, região de procedência do Vinho Verde, com o Brasil.
O Vinho Verde nasceu como um vinho que estava pronto a beber logo a seguir ao final da fermentação dos mostos. Não passava pelo tratamento de amadurecimento nas adegas e destinava-se a ser desfrutado assim mesmo, com o maior frescor e juventude possível. Logo a seguir à colheita. Portanto ainda “verde”, sem ter “amadurecido” na adega. De uma certa maneira como o Beaujolais, francês, nesse conceito também um vinho “verde”.
Daí a célebre “agulha”, o caráter picante e refrescante do sabor do vinho, bem como as leves borbulhas, na origem resíduo de gás carbônico da fermentação que ainda não se dissipara por completo. Com a evolução enológica, boa parte das borbulhas hoje em dia são injetadas no vinho. E muitos deles, especialmente os de maior categoria, passam sim por um período maior de estabilização nas adegas antes de serem lançados ao mercado, além muitas vezes virem “tranquilos”, ou seja, sem as borbulhas.
Um bom Vinho Verde deve ser sempre seco (sem ser duro) e refrescante, muito sápido, de fazer salivar, vivo, jovial, com boa intensidade e cheio de energia. Com ou sem as finas borbulhas. Além do mais tem custo ao alcance de todos, sem perder de vista que os mais complexos e sofisticados, como os grandes Alvarinhos, custam mais. Porém sempre ótima relação custo-benefício comparado a outros vinhos da mesma categoria.
Sem dúvida o Vinho Verde é uma grande pedida, enobrece qualquer mesa, sendo especialmente vocacionado ao Brasil, sobretudo para escoltar os pratos da culinária nacional. A seguir algumas dicas de consumo.
Dicas de Consumo do vinho verde
Tipos
Brancos e tintos, sendo os primeiros mais consumidos. Podem ter finas borbulhas ou não. Há também espumantes e rosés.
Denominações
A maioria chama-se simplesmente Vinho Verde, o que significa ser proveniente de um lote de uvas de castas e de sub-regiões diferentes. Se houver o nome de uma sub-região ou casta específica, a origem deve ser daquele local e também a casta que forma o vinho conforme o designado no rótulo. Cada vez há mais vinho com designação de casta e sub-região.
Castas principais
Todas as castas autóctones típicas portuguesas. Para os brancos, Alvarinho, Arinto (ou Pedernã), Avesso, Azal, Loureiro, Trajadura. Para os tintos, Espadeiro, Padeiro e Vinhão.
Sub-regiões
Todas no Minho: Amarante, Ave, Baião, Basto, Cávado, Lima, Monção e Melgaço (origem dos grandes Alvarinhos), Paiva e Sousa.
Gastronomia e vinho verde
São vinho universais, vão bem quase com quase todos os pratos ou mesmo sem acompanhamento de comida. Especialmente indicados com peixes e frutos do mar, bacalhau, carne de porco. Perfeitos com os pratos típicos da culinária nordestina, mineira e do Norte. Também com a cozinha asiática.
Guarda
Tem o seu melhor quando consumidos o mais jovem possível. Embora resistam bem por alguns poucos anos em garrafa, sem maior prejuízo das qualidades. Os mais elaborados e de maior pedigree, notadamente Alvarinho, podem viver bem acima de 5 anos. Se o rótulo não for safrado, em geral o contra-rótulo indica o ano do engarrafamento.
Temperatura de serviço
Para servir refrescado, não gelado. Brancos entre 7°C e 11°C. Tintos entre 12°C e 15°C. Mais frio para os mais simples, menos frio para os mais complexos.
Copos para o vinho verde
Os mesmos utilizados para vinhos brancos em geral.