Guilherme Rodrigues
Notas Báquicas
O vinho é uma festa
Chegou o torvelinho do final de ano, com as inumeráveis festas, almoços e jantares entre amigos, encontros casuais e todo tipo de celebrações. Para coroar e fechar a esfuziante estação, no final virão Natal e Ano Novo.
Como a arrumação das mesas e cardápios, as festividades são as mais variadas possíveis. Seja como for, vale a afirmação de um famoso chef francês ao responder o que achava de uma refeição sem vinhos: “Não sei, nunca experimentei; nem pretendo”.
Aí está, festa sem vinho não é a mesma coisa. E qual vinho usar? São milhares de opções e cada qual saberá escolher o que mais aprecia para este ou aquele momento. Champagne e bons espumantes, brancos e rosés são os principais suspeitos. Mas não só e sobretudo o alto astral dos convivas é o principal ingrediente.
Relacionar muitas das melhores possibilidades encheria centenas de páginas. Então, uma ideia, um princípio geral para nortear as escolhas, qual seria? Escolha bons vinhos, que sejam puros, bem vinificados.
Nesse ponto, a verdade, escrita por famoso autor: “Se o vinho for puro, é a bebida entre as bebidas, porque tomado com moderação conforta e nutre o corpo, restaura a saúde perdida, guarda o calor natural, sara enfermidades, purifica e clarifica o sangue turvo, gera sangue puro, abre a boca das veias e artérias, espanta os miasmas que induzem tristeza, administra vigor”. Poderiam ser palavras atuais da Medicina, que descobriu em pesquisas de ponta dos Estados Unidos que o vinho faz bem à saúde. Nada disso, acabamos de citar uma afirmação de 1.712, escrita por Vicencio Alarte, agricultor em Portugal. A mesma sabedoria encontra-se na Bíblia, em Ovídio e tantos outros sábios que nunca ouviram falar de computador nem viajaram de avião, mas já conheciam e anunciavam essa verdade da existência.
Eis aí o mote, caro leitor. Vinhos, e dos mais puros, melhores e mais sadios. Boa parte das grandes verdades é conhecida desde os tempos de Noé. Portanto, cuidado com certo tipo de sabichões, com os ditadores da moda e com os novidadeiros. Jogando para substituir os vinhos por clones artificiais ou tecnológicos: “Se o vinho for puro...”, sublinhava a sabedoria eterna. Vinho puro estimula os sentidos sem toldar o pensamento, dá prazer e não dor de cabeça. Não obscurece os sentidos nem pesa ao organismo. Como nenhuma outra bebida, traz energia, alegria e estímulo. Que faz bem à saúde e ao espírito, ao corpo e à alma, todos sabem. Por isso, estamos aqui.
Vamos, então, às festas com os bons vinhos. Elaborados com uvas bem cultivadas e de boa qualidade, sem excesso de produção. Esse excesso faz as uvas aguadas e demanda muitos aditivos nas adegas para dar gosto ao insípido. E também que nas adegas, vinificação e estágio, o produtor não tenha mão pesada em leveduras e outros recursos artificiais para dar esse ou aquele gosto, para estabilizar e tentar endireitar vinhos tortos. A onda dos vinhos orgânicos e biodinâmicos vai muito na direção da pureza da bebida, quando bem observada a prática.
Nesse cenário, o produtor é tudo. Escolha rótulos de bons produtores e boas festas!